Raymundo Farias de Oliveira
Minha relação com os bem-te-vis
é antiga. Bem antiga.
Vem da minha infância rural
vivida no Ceará e no interior paulista.
Muitas gerações dessas
criaturinhas de Deus
passaram onde vivi.
Nenhuma delas soube até hoje
dessa relação generosa que me emociona.
Só eu sei. E sinto.
Saí da calmaria da vida rural
para viver no assombro do mundo urbano.
Mas, curiosamente, continuo ouvindo
a cantoria dos bem-te-vis citadinos!
Hoje cedinho fui surpreendido
com a presença de um bem perto
de minha janela. Apenas três notinhas
musicais em três sílabas sonoras,
estridentes enfeitando o silêncio
matinal deste sábado de verão.
Bem-te-vi…, Bem-te-vi…, Bem-te-vi…
Ó que saudade!