
Raul Vallerine
O caminho da sabedoria é não ter medo de errar! (Paulo Coelho)
Mude seus hábitos, transforme sua vida. Cuidar do corpo é importante, mas cuidar da mente e dos sentidos é decisivo para a vida que desejamos viver.
Sem perceber, repetimos padrões, pensamos igual, sentimos igual, reagimos igual, e a rotina vira um piloto automático que nos mantém ocupados, porém estagnados, de modo que um ano sem mudanças reais é um ano que não nos ensinou o suficiente.
A transformação verdadeira não nasce de promessas grandiosas, mas de pequenas decisões fiéis repetidas com gentileza e constância.
Um parágrafo lido por dia, um curso iniciado sem pressa, dez minutos de silêncio para respirar e orar, uma caminhada curta para cuidar do corpo, um caderno aberto para anotar ideias e gratidões.
Gestos simples que, somados, reeducam nossos sentidos, olhos mais atentos, ouvidos mais disponíveis, mente mais lúcida, coração mais manso.
Transformar-se é aprender a perceber, o que nos distrai, o que nos alimenta, o que nos rouba paz; o que dizemos sem pensar, o que sentimos sem nomear, o que repetimos sem avaliar.
A pergunta honesta “o que posso melhorar hoje?” devolve-nos responsabilidade e liberdade, porque ninguém fará isso por nós; é um “enter” nas ações que converte intenção em prática.
Esse processo é de dentro para fora, à medida que educamos a atenção, o mundo ganha nuances, a pressa cede à presença, o ruído abre espaço para a escuta e o julgamento transforma-se em curiosidade.
Quando disciplinamos hábitos com ternura, e não com culpa, os resultados chegam com consistência e paz. Não buscamos performar, buscamos crescer; não corremos para mostrar, caminhamos para amadurecer.
Sábio é aquele que, em silêncio, desenvolve um estado mental que o ensina a ser prudente e coerente com o que vai dizer. Neste silêncio, pode parecer óbvio, mas quanto mais pensamos, menos vamos falar. Falar mais é pensar sempre menos.
Certamente, você já se viu em algumas situações que falou o que não deveria ou falou mais que deveria. Em momentos de crise, por exemplo, somos sempre convidados a emitir nossa opinião.
Como este momento nos obriga a avaliar, nos sentimos prontos para falar sempre mais. E é aí que precisamos ter cuidado!
Da mesma forma como não se pode apressar o amadurecimento de uma fruta sem afetar seu sabor, o silêncio também precisa de um estágio de amadurecimento. Imagine um cenário onde você é testado a dizer o que não te interessa.
Mesmo sendo difícil ficar calado quando por algum motivo algo não te agrada, se você for apressado em sua fala, haverá uma grande chance de você ser afetado pelas circunstâncias externas.
Ou seja, você ainda precisa exercitar o silêncio para evitar a pressa de falar, quase sempre, o que outro quer ouvir. Sendo assim, quando o sábio é testado a dizer aquilo que o tolo quer ouvir, basta o silêncio para distorcer seu modo habitual de se impor.
Por isso, quando se diz por meio do silêncio, se cala diante da arrogância. O silêncio é uma virtude que revela o olhar dos sábios.
Em um diálogo, é no silêncio dos intervalos que nos completamos nas falas. Se você tentar se impor, na tentativa do convencimento, bloqueará todos os sentidos de quem te escuta.
Falar e silenciar, é como o sol e lua: quando um está presente, o outro não está. Exercitar o diálogo é tão necessário quanto praticar o silêncio.
Eu te convido a uma reflexão! Que o seu silêncio interior seja abastecido com palavras de bondade e de amor, pois o silêncio sem essas palavras seria um vazio absoluto. Que o seu silêncio não seja a recusa da palavra, mas a possibilidade de dizer de forma honesta, sempre considerando quem vai te ouvir, não importando quem seja. E não se preocupe com o barulho, só por meio dele é que se revela o silêncio.