Nos últimos dez anos, o número de veículos em circulação em Tatuí mais que dobrou, de acordo com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). O órgão realiza acompanhamento mensal dos dados da frota de todas as cidades do país.
Entre os meses de junho de 2006 a junho de 2016, a frota local passou de 37.786 para 77.179, um incremento de 104,25%. Apesar do aumento significativo, o crescimento local foi menor se comparado aos 111,76% registrados no mesmo período no Brasil.
Nos 12 meses compreendidos entre junho do ano passado e deste ano, a cidade ganhou 2.160 veículos. Do total, 1.061 são automóveis e o restante se divide entre motocicletas, caminhões e ônibus.
O aumento anual da frota ficou em 2,88% entre um ano e outro. O número é menor que os 4,74% registrados entre os meses de junho de 2014 e de 2015. Os dados mostram arrefecimento no crescimento da frota local.
De acordo com o diretor do Demutt (Departamento Municipal de Trânsito e Transporte), Adriano Henrique Moreira, o crescimento do número de veículos nos últimos anos foi “sentido” na cidade no que se refere à mobilidade.
“O crescimento do número de veículos, por um lado, é positivo, pois mostra que a cidade está crescendo e o poder aquisitivo da população está melhorando; por outro lado, precisamos correr atrás de soluções para melhorar a fluidez do trânsito”, analisou.
Segundo o diretor, a recessão atravessada pelo país foi sentida na cidade com o fechamento de vagas e o aumento do desemprego. Esses fatores frearam diminuir o índice de crescimento da frota local.
A crise econômica refletiu na quantidade de “carros do ano” em circulação por Tatuí. No mês de junho do ano passado, a proporção de veículos novos fabricados no mesmo ano era de 1,09%, enquanto que, no mesmo mês deste ano, essa fatia reduziu para 0,66%.
Por outro lado, a proporção de veículos com idade superior a dez anos e inferior a 20 anos aumentou entre 2015 e 2016. Em junho do ano passado, 25,31% da frota tinham essa idade, enquanto que, neste ano, a fração passou para 28,78%. Em números absolutos, passou de 18.984 para 19.898 em um ano.
Na contramão, o número de veículos com idade inferior a dez anos caiu de 37.853 para 37.614. Em termos percentuais, passou de 50,46% para 48,74% neste ano.
Entre um ano e outro, a cidade ganhou 1.061 automóveis, 493 motocicletas, 260 motonetas e 30 caminhões e cavalos mecânicos. Por outro lado, o número de ônibus e micro-ônibus reduziu entre junho de 2015 e junho de 2016. A cidade “perdeu” 58 veículos do tipo no período.
Apesar de o aumento da frota ter caído no ano, o tatuiano sente os problemas causados pelo excesso de veículos nas ruas, principalmente na região central e nas vias de ligações aos bairros.
Pontos de maior fluxo de veículos, como as ruas 11 de Agosto, Teófilo de Andrade Gama e avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali, estão com problemas de tráfego mais frequentes, principalmente nos horários de pico, segundo Moreira.
De acordo com o Demutt, a Prefeitura tem realizado obras para melhorar o fluxo de veículos nas principais vias. Para dinamizar o trânsito na rua Teófilo de Andrade Gama, a municipalidade inaugurou, em 2013, um viaduto que liga os bairros Jardim Rosa Garcia 1 e 2. Recentemente, a rua Teófilo também foi beneficiada com a construção de uma rotatória na ligação com a vila São Lázaro.
“Foram construídos vários condomínios naquela região. Houve a necessidade de adequar o local, e construímos a rotatória. A obra está concluída, e estamos realizando testes para ver a necessidade de algum tipo de melhoria”, afirmou.
A ligação da rua Teófilo com a vila São Lázaro e o San Raphael era motivo de preocupação do Demutt. Eram frequentes as ocorrências de atropelamentos e colisões. “Por ora, o que a gente sabe é que não ocorreu nenhum tipo de acidente após a obra”.
O diretor afirmou que o departamento verificou que o fluxo da avenida Vice-Prefeito Pompeu Reali melhorou após a inauguração do anel viário. A proibição do fluxo de caminhões na via colaborou com o avanço.
Quanto à rua 11 de Agosto, a principal do centro da cidade, Moreira declarou que a “melhoria” que pode ser feita é a conscientização dos motoristas. Segundo o diretor, o costume de formar “fila indiana” na via atrapalha o fluxo, pois a rua teria espaço para fila dupla em grande parte do trecho central.
“Outros não respeitam os cruzamentos e acabam fechando a esquina quando o semáforo fica amarelo ou fecha. Essa atitude de ficar parado no meio do caminho prejudica duas ruas de uma só vez”, reclamou.
Com o número maior de veículos circulando, a probabilidade de ocorrência de acidentes e atropelamentos é maior. Nos horários de pico, o Demutt, em parceria com a Guarda Civil Municipal, realiza intervenções em regiões de escolas e creches. Os agentes e os guardas regulam o trânsito nas esquinas e auxiliam a travessia pela faixa de pedestre.
O departamento está realizando estudos para instalação de novas “lombofaixas”, que são faixas de pedestres elevadas. O dispositivo auxilia na travessia da rua e força os condutores de veículos a reduzirem a velocidade. Os locais a receberem as lombofaixas são os de grande movimentação de pessoas a pé.
“Estamos em constante fiscalização e orientação ao motorista sobre as faixas de pedestres, pois eles ainda têm em mente que a preferência é deles próprios, sendo que é dos pedestres. Percebemos que isso está melhorando, estão ficando mais conscientes”, disse.
Novas obras
De acordo com Moreira, o departamento e a Prefeitura projetam intervenções viárias em diversas regiões da cidade. São objetos de estudos a reestruturação da ligação da rodovia Mário Batista Mori (SP-141) à avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali e à rodovia Antonio Romano Schincariol (SP-127).
A obra poderia beneficiar moradores da vila Angélica que precisam atravessar o trecho para chegar à região central da cidade. O diretor afirmou que a intervenção está em estudo, mas esbarra na disponibilidade de recursos públicos. “A obra eliminaria o engarrafamento daquela região em horário de pico”.
O Demutt também estuda a abertura de uma avenida ligando a avenida Donato Flores à rua Teófilo de Andrade Gama. O objetivo é desafogar a Teófilo e criar uma ligação entre o Jardim Santa Rita de Cássia, o bairro Valinho e a entrada da SP-127.
“Esse projeto demanda alto custo e, para concretizar, precisamos fazer convênios com o governo estadual e federal. No momento, a gente sabe que a situação está difícil, estamos saindo de uma recessão e a economia tende a melhorar”, declarou.