Cristiano Mota
Delegado disse que tem desafios, mas que vai superá-los com apoio
Desde o dia 22 de outubro, a missão de promover a articulação política de governo municipal está a cargo de novo titular. Acumulando 30 anos de experiência como delegado de polícia, Onofre Machado da Silva Junior assumiu a pasta no lugar de Odailson Toth, que voltou para a ouvidoria do município.
Em entrevista a O Progresso, o novo membro do primeiro escalão da Prefeitura antecipou metas, disse que priorizará o relacionamento entre os demais secretários e entre o Executivo e o Legislativo e ponderou que o combate à criminalidade é um trabalho a ser feito diariamente. “Eu sou uma pessoa muito técnica. Então, vou buscar soluções técnicas”, afirmou.
A indicação do delegado era aguardada desde julho, quando ele havia sido apresentado como diretor municipal da Segurança Pública. Entretanto, Onofre recebeu convite oficial após reunião com o delegado-geral da Polícia Civil do Estado, Luiz Maurício Blazeck, dia 20 de outubro.
“Na verdade, como sou comissionado pelo Estado, havia uma incerteza”, explicou. O governo havia cedido o delegado para atuar na Prefeitura por prazo determinado. A expectativa é de que o comissionamento terminasse no dia 31 de dezembro. Passado esse período, Onofre teria de voltar a atuar pelo governo.
Conforme o secretário, a autorização para designação de atuação do servidor estadual em outro órgão é concedida por meio da Casa Civil.
Onofre afirmou que essa é uma prática considerada “muito comum”, inclusive, na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e em prefeituras.
Como regra, os funcionários estaduais, federais – ou mesmo municipais – cedidos no regime de comissionamento recebem os vencimentos relativos a seus cargos de origem.
No caso de Onofre, o ganho é o salário de delegado. Trata-se de uma espécie de “empréstimo” do servidor, em geral, por tempo determinado.
Como não havia prazo estipulado, ou uma sinalização se o comissionamento do delegado seria estendido, o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, agendou reunião com o delegado-geral para discutir o assunto.
“Ele (o prefeito) havia me sondado a esse respeito (a nomeação para o cargo de secretário). Só que nós entendemos que seria necessário contato com o delegado-geral para saber se o comissionamento seria renovado”, disse o secretário.
Onofre explicou que a preocupação do prefeito – e dele – era de ter de haver um desligamento com o fim do período da “cessão”. Também comentou que a reunião foi acompanhada pelo delegado titular do município, Francisco José Ferreira de Castilho.
Como resultado, o delegado teve autorização da ampliação do comissionamento para o “exercício seguinte” (até 2015).
Com o aval, o prefeito formalizou o convite para que o delegado assumisse a pasta. Também recebeu a notícia de que a Polícia Civil do município será contemplada com novas viaturas. São três veículos, a serem entregues nos próximos dias.
O primeiro compromisso do novo secretário aconteceu no dia seguinte, terça-feira, 21, com a apresentação dele e do novo subcomandante da GCM (Guarda Civil Municipal). O tenente reformado da PM Moises José de Oliveira assumiu a função após 25 anos de serviços ao Estado.
“É uma honra trabalhar com os homens da Guarda de Tatuí. Sempre atuei na área de segurança, e poder contribuir com minha cidade é muito gratificante. A Guarda é uma grande família, e estou muito feliz em entrar para essa família. Quero auxiliar essa corporação, que já é boa, a ser ainda melhor”, disse o novo subcomandante, em nota enviada pela assessoria da Prefeitura.
Novo responsável pela administração e organização do trânsito e transporte público da cidade, Onofre disse que assume o cargo como um desafio. “É uma área nova”, afirmou.
Porém, destacou que a carreira na Polícia Civil deve auxiliá-lo na tarefa. “Eu brinco que todo delegado é um pouco gestor. E, de alguma forma, administrador de conflitos. Aqui, não deve ser muito diferente”.
À frente do cargo há pouco mais de uma semana, o secretário priorizará a “linha técnica”. Onofre citou que buscará entendimentos entre a meta pretendida pelo prefeito e seus sucessores – o vice-prefeito Vicente Aparecido Menezes, Vicentão, e Toth.
Ele antecipou que analisará as ações já iniciadas pelos ex-secretários e disse que adotará perfil próprio e “alinhado com a nova dinâmica de governo que está sendo implantada pela nova administração”.
“Aquilo que já estava sendo planejado terá continuidade, sem dúvida, mas o que nós vamos buscar é a reformulação, principalmente, no modo de administração”.
A proposta do novo secretário é o embasamento técnico. Com base nesse argumento, adiantou que iniciará estudo das vias para implantação de novos radares. “Acho o radar interessante do ponto de vista educativo, da segurança. Mas, acho que tem de estar embasado tecnicamente”, disse.
Onofre defende a ampliação do número de radares no município, “com objetivo exclusivo de disciplinar o trânsito e evitar acidentes”. “Acho que o trânsito tem que ser seguro, em primeiro lugar. E o radar tem um cunho educativo, para que se cumpra a velocidade estabelecida para aquela via”, destacou.
Por meio de empresa a ser contratada, o novo secretário disse que a Prefeitura deve definir classificações de velocidade para as vias que possam abrigar os radares.
A definição dependerá de estudo que começou a ser costurado na semana passada. No dia 22, Onofre reuniu-se com técnicos da área para iniciar discussões e verificar de que modo o trabalho pode ser realizado.
Assim, o titular disse que a Prefeitura poderá se amparar numa avaliação técnica e demonstrar, com base em dados, a necessidade de implantação dos radares. “Isso é só um parâmetro, para se ter uma ideia do que eu pretendo desenvolver com, obviamente, o aval do prefeito”.
Onofre sustentou que estudos técnicos podem ser úteis não só como suporte, mas para dissolver eventuais questionamentos a respeito de decisões. A adoção de análise valerá, principalmente, para a questão do trânsito.
Nesse caso, a instalação ou retirada de lombadas e demais modificações no sistema, como lado de estacionamento ou alteração de mão de direção.
“Se for feito, é porque tecnicamente se julgou necessário. Não foi uma conveniência ou uma solicitação. Essa é a minha proposta”, afirmou.
O secretário disse, ainda, que os estudos serão realizados com apoio de profissionais. Ele defende que a ampliação de estudos vai melhorar a imagem da administração.
Disse, também, que a medida é “perfeitamente viável” e destacou que priorizou o critério técnico para definir a recente nomeação do comandante da GCM, Doraci Dias de Miranda.
“A Guarda dá uma imagem daquilo que eu pretendo fazer. Fui buscar uma pessoa que conhece e sabe trabalhar, e que tem histórico dentro da Polícia Militar”, disse. Onofre afirmou que o resultado veio em forma de redução da criminalidade.
Apresentando dados comparativos divulgados pela Prefeitura, o delegado afirmou que a cidade registrou redução “bastante significativa” dos índices de criminalidade. Conforme ele, Tatuí superou as metas estabelecidas pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado na redução de crimes.
“Isso não é mérito da GCM, da PC ou da PM, é um mérito conjunto. Todos focados num objetivo comum. Não se faz segurança pública sozinho. Isso é utópico”, disse.
Onofre afirmou que as ações serão adotadas na base do consenso. Declarou que procurará agregar o secretariado de forma a manter-se na mesma linha de trabalho, obter embasamento e atender às expectativas do prefeito. Também declarou que, apesar das consultas, terá sempre a palavra final.
O secretário citou que a experiência como delegado deve contribuir para que sua gestão seja mais tranquila. Afirmou que a pasta tem papel fundamental na administração, uma vez que trata da imagem da Prefeitura perante a sociedade e entre os demais poderes (Legislativo e Judiciário).
Para ele, a pasta tem peso igual entre o caráter representativo (que trata da imagem) e a ação prática (a respeito de políticas públicas nas áreas da segurança e trânsito).
“Não há um peso mais importante que o outro. Acho que é a junção desses dois aspectos que torna o exercício do cargo mais interessante”.
No aspecto do relacionamento, o novo secretário afirmou que “sai em vantagem”. Onofre citou que tem um bom entendimento com o Legislativo e com os demais titulares de pastas. “Conheço todos e, com alguns, tenho privilégio de ter amizade, muito mais que o relacionamento profissional”, destacou.
Por força da “postura mais técnica”, o titular afirmou que espera ter facilidade no entendimento com os demais secretários e vereadores.
Onofre disse, ainda, que buscará celeridade tanto no encaminhamento dos projetos do Executivo ao Legislativo como na fase de apreciação das propostas pela Câmara.
“Se necessário, vou percorrer gabinetes, respondendo tecnicamente o porquê do projeto e quais as razões que motivaram aquelas postulações”, disse.
“Obviamente, tem um viés político, mas, em havendo exposição bastante técnica, acredito que não vamos ter mais dificuldades”, complementou.
Combate diário
A segurança pública receberá especial atenção por parte do novo secretário. Onofre afirmou que, apesar da redução dos índices estatísticos (conforme a Prefeitura – reportagem nesta edição), a criminalidade oscila e tem de ser combatida diariamente.
“Atingimos níveis reconhecidos pelo governo, mas não podemos sossegar”, declarou. “A criminalidade é combatida todos os dias, e a GCM tem sido muito efetiva na redução. Mas, isso nos dá uma responsabilidade maior”, comentou.
Conforme o secretário, as forças de segurança tentam se aproximar do índice “desejável”. Entretanto, afirmou que não há como garantir que isso aconteça.
“O que é o índice desejável? É zero, mas isso, talvez, aconteça na Finlândia, na Islândia, não no Brasil. São Paulo tem índice de criminalidade muito alto, e Tatuí não foge disso. Mas, estamos buscando uma solução”, disse.
Para se aproximar do ideal, Onofre afirmou que o Executivo continuará a colaborar com as polícias Militar e Civil. Declarou, também, que a GCM vai apertar ainda mais o cerco aos criminosos e apoiar no esclarecimento de crimes. “Eu posso garantir que há um empenho muito grande nisso”, concluiu.
