Volume de chuva é o maior em dez anos





Guarda Civil Municipal, Corpo de Bombeiros e engenheiros e técnicos da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Meio Ambiente e Agricultura, há mais de sete dias, estão de sobreaviso. O motivo é o volume de chuvas registrado pela Defesa Civil no início do mês.

As medições do órgão, atualizadas na tarde de ontem, terça-feira, 7, dão conta de que as precipitações na cidade estão bem acima da média. É o que informou o coordenador do órgão, João Batista Alves Floriano. Nesta semana, ele começou a percorrer regiões consideradas mais vulneráveis.

Floriano informou que todas as equipes que atuam como suporte para a Defesa Civil estão mobilizadas. Os primeiros atendimentos foram registrados nos primeiros dias de junho. Por conta da frequência – e da quantidade de volume das precipitações – o órgão precisou removeu 17 famílias de suas casas.

Desde o dia 1º, o município vem tendo pontos de alagamentos. Os mais conhecidos estão localizados no centro, sendo o principal a região da Rodoviária Municipal “Pedro de Campos Camargo”. Lá, as chuvas represadas chegam a inundar temporariamente o terminal e imóveis mais próximos.

Também há pontos de alagamentos ao longo da margem do ribeirão do Manduca e na periferia. Em especial, nas proximidades da ponte do Marapé, que caiu após uma tempestade no fim da tarde do dia 11 de março.

Em épocas de chuva intensa, a região é a que recebe maior volume de água, vinda das “áreas mais altas da cidade”. Pelo fato de Tatuí não dispor de sistema amplo de bocas de lobo e em função da impermeabilização do solo (com asfalto), a chuva em bairros como o Santa Cruz, por exemplo, deságua lá.

Como o volume superou a média prevista para o mês, o solo das regiões que recebem as águas fica encharcado. Em consequência, elas ganham mais atenção do órgão.

A fim de prevenir riscos, a Defesa Civil tem feito visitas periódicas, nos períodos da manhã e tarde, nos locais mais críticos. Entre eles, o distrito de Americana, o Jardim Thomaz Guedes e o bairro Gaiotto. Este último fica na divisa entre Tatuí e a cidade de Cesário Lange.

Segundo Floriano, os três locais sofrem com inundações. As enchentes são provocadas, principalmente, pelas cheias dos rios Tatuí e Sorocaba.

No distrito de Americana, há um “agravante”: “Lá, o rio Sorocaba se encontra com o Tatuí. Mas, é preciso lembrar que ele já recebeu águas do Sarapuí”, explicou.

Na última medição divulgada pela Defesa e feita no distrito, os dois rios que passam pelo município aumentaram de nível. Na manhã de ontem, os técnicos do órgão constataram que o Sorocaba estava 5,40 metros acima do nível normal.

Já o rio Tatuí atingira 4,50 metros acima do leito. “Como consequência, temos alagamentos nas partes baixas do distrito”, informou o coordenador.

Até ontem, os principais atingidos pelas cheias eram moradores ribeirinhos. Floriano informou que o órgão precisou interditar 15 residências. Cinco delas na estrada vicinal que dá acesso à represa de Santa Adélia. Outros dez imóveis estão na área mais próxima ao encontro dos rios.

Na área urbana, duas famílias precisaram ser removidas. Elas residem em um dos pontos “mais baixos” do Thomaz Guedes. O trecho do bairro é considerado de risco, por conta de ser mais próximo ao rio Tatuí, e suscetível a enchentes.

Floriano disse que os moradores foram retirados das propriedades temporariamente. Eles devem permanecer em casas de parentes ou amigos até que as residências possam voltar a ser ocupadas. Segundo o coordenador, uma avaliação será feita assim que as condições climáticas permitirem.

Por enquanto, a Defesa Civil informou que não há previsão de quando as famílias removidas poderão voltar a seus lares. A explicação é que ainda há indicação de chuva para os próximos dias. “Nós, costumeiramente, não temos precipitações em junho. Não em grande volume”, disse Floriano.

As chuvas que caíram em Tatuí nos últimos sete dias contrariam a última década. Conforme o coordenador, até a tarde de ontem, choveu 180 milímetros na cidade. A média para o período era de 60,8 milímetros. “Isso mostra que nós estamos bem acima do previsto”, enfatizou.

O volume é, também, maior que o dos anos mais atípicos do período analisado. Em 2012, choveu 159 milímetros em Tatuí. No ano seguinte, quando o volume de precipitações também aumentou, a Defesa Civil registrou 242 milímetros.

“Um detalhe é que esses dados comparativos são de 30 dias, e nós estamos falando de 180 milímetros em apenas sete. E ainda estamos no início do mês”, ponderou.

Os boletins para os próximos dias são menos alarmantes. Floriano afirmou que a Defesa Civil recebeu informação de que as chuvas não devem ultrapassar os 8 milímetros diários. Mesmo com a redução do volume, o coordenador ressaltou que a população das áreas de risco deve ficar alerta.

“É bom lembrar aos ribeirinhos, especialmente, que os rios devem continuar subindo”, disse. Isso acontecerá porque, caso as chuvas cessem, o Sorocaba e o Tatuí continuarão a receber águas das cabeceiras que ficam em municípios vizinhos. “Se isso acontecer, teremos, pelo menos, mais três dias de cheia”.

Com isso, o órgão prevê que outros pontos do distrito de Americana e do Jardim Thomaz Guedes sejam atingidos. O mesmo pode ocorrer com o bairro Gaiotto. A localidade recebeu equipes da Defesa Civil na tarde de ontem.

O contingente é formado por funcionários da Secretaria Municipal de Infraestrutura e efetivos da GCM e dos bombeiros. A Prefeitura cede máquinas, caminhões e trabalhadores para atender aos moradores, no caso de remoção.

Eles também prestam orientações e esclarecimentos, como a questão envolvendo um alerta de tornado. Floriano explicou que um comunicado via aplicativo de dispositivo móvel (WhatsApp) gerou pânico entre moradores de Tatuí.

“Isso viralizou na rede. Daí, nós fomos descobrir a origem”, contou o coordenador. Floriano explicou que precisou consultar o coordenador geral da Defesa Civil para verificar a autenticidade da mensagem.

Em conversa com o major Miguel Ângelo de Campos, ele descobriu que o texto havia sido enviado por um bombeiro da cidade de Leme, o qual repassou um comunicado.

Ainda segundo Floriano, a Defesa Civil do Estado de São Paulo orientou a corporação daquele município a alertar os munícipes. Para agilizar a divulgação, a corporação de Leme optou por enviar mensagens por aplicativos.

O coordenador disse que o alerta fazia menção a um risco de ventania forte entre a sexta-feira, o sábado e o domingo, dias 3, 4 e 5, acompanhada de chuva e granizos. Este fenômeno ocorreu em Campinas, atingida por um tornado.

“Criou-se um pânico, inclusive, entre moradores de Tatuí, a ponto de as pessoas ligarem para o prefeito (José Manoel Correa Coelho, Manu) e para a Defesa”, contou.

Floriano afirmou que o órgão não recebeu nenhum comunicado oficial sobre esse tipo de risco. Acrescentou, ainda, que a população deve procurar a Defesa Civil sempre que tiver dúvida. “Se houvesse um alerta na região, nós seríamos o primeiro setor avisado e, consequentemente, faríamos divulgação”.

Por enquanto, os alertas emitidos pela Defesa Civil do Estado são de chuva com ventos fortes. Em função disso, o órgão local decretou estado de “alerta pontual”.

A condição vale para os pontos mais atingidos pelas chuvas, como os bairros com enchente. Ela também é decretada para que os habitantes das regiões tenham conhecimento de que há riscos. “No distrito de Americana, nós temos até moradores que nos ajudam, monitorando os rios”.

Em caso de dúvida, deve-se ligar para o 199. O telefone fica na base da GCM e funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano. Conforme Floriano, o serviço dará atenção especial aos moradores ribeirinhos. O coordenador afirmou que essa parte da população deve ficar atenta a comunicados.

Também recomendou aos habitantes das regiões afetadas que mantenham documentação sempre em mãos. “Nós orientamos que as pessoas coloquem os principais documentos em sacos plásticos para pegar num momento de urgência, mas, em primeiro lugar, deve-se salvar a vida”, concluiu.