Virada Inclusiva

Tatuí está tendo um real privilégio nesta semana, o de integrar o evento estadual intitulado “Virada Inclusiva”. Na cidade, a abertura oficial aconteceu na manhã de terça-feira, 27 de novembro, por meio da “I Mostra Arte & Inclusão”, no Museu Histórico “Paulo Setúbal”.

A programação, que oferece atividades acessíveis e gratuitas voltadas à cultura e lazer entre pessoas com e sem deficiência, segue até este sábado, 2.

A “Virada” agrega atividades em comemoração ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência – celebrado anualmente em 3 de dezembro. Em Tatuí, além das exposições de arte no “Paulo Setúbal”, soma dinâmicas e orientações na Praça da Matriz.

Conforme a diretora do Departamento Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Rita de Cássia Leme Ramos, a Virada não se resume a uma ação restrita a um público em particular, mas a “um evento aberto, para que pessoas com e sem deficiência possam participar”.

A “Virada Inclusiva – Participação Plena” é organizada pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e faz parte do calendário oficial de eventos de São Paulo desde 2014, conforme a lei 15.424.

Segundo a secretaria estadual, o evento foi idealizado para dar maior visibilidade à presença da pessoa com deficiência na sociedade, por meio de manifestações de arte, cultura, esporte e lazer, além de comemorar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1992.

A ação estadual já está na nona edição, contudo, esta é a primeira vez que Tatuí adere a ela. “Este evento, na verdade, unifica ações da capital e dos municípios e, a cada ano que passa, está se tornando mais forte. No ano passado, foram mais de 140 cidades participantes”, comentou Rita.

No município, a organização é do Departamento da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, da Secretaria Municipal de Saúde, contando com parceria da Prefeitura e das secretarias municipais do Trabalho e Desenvolvimento Social, da Educação, da Segurança Pública e Mobilidade Urbana e do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude.

A “I Mostra Arte & Inclusão” inclui exposições com obras de alunos do Sesi, da Apae e do AEE (Atendimento Educacional Especializado), da Secretaria Municipal de Educação. As mostras estão abertas ao público até este dia 2, das 9h às 17h, com entrada franca.

A Apae exibe a mostra intitulada “Pela Lente dos Meus Olhos”, que apresenta autorretratos e objetos “preferidos” dos atendidos pelo centro de convivência da instituição.

Conforme a descrição do projeto, a participação dos atendidos na exposição busca promover, com eles, “um olhar que vai além da deficiência, dando maior visibilidade ao processo de inclusão na sociedade”.

A Secretaria Municipal de Educação apresenta os “Trabalhos Manuais e Artísticos Desenvolvidos pelo AEE”, produzidos pelos estudantes do ensino fundamental I e II das escolas municipais “Professora Lígia Vieira de Camargo Del Fiol”, “Professor Firmo Antônio de Camargo Del Fiol” e “Professor José Galvão Sobrinho”.

Já o Sesi expõe os diversos tipos de dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência, por meio da mostra “Aprendendo a Romper as Barreiras”, apresentando os obstáculos que a PCD enfrenta nos transportes e nas comunicações, além das urbanísticas, arquitetônicas, programáticas, tecnológicas, metodológicas, instrumentais e atitudinais.

O diretor do Departamento Municipal de Cultura, Rogério Vianna, observa que “as exposições revelam a importância da inclusão na vida de cada um, pois, como cidadãos, temos que ter respeito ao outro”.  “Às vezes, parece que somos perfeitos, mas sempre temos uma deficiência a ser notada”, completa.

A Virada Inclusiva tem programado para este sábado, das 8h às 12h, na Praça da Matriz, evento aberto somando cinco estandes sobre variados temas.

No estande 1, o Sesi faz a dinâmica “Desafio dos Sentidos”, com uma abordagem de inclusão da pessoa com deficiência em atividades de rotina. O outro estande é sobre saúde bucal, com a Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”.

No terceiro “box”, a Comissão da Pessoa com Deficiência, da Ordem dos Advogados do Brasil, promove a distribuição de material informativo e orientação junto à comunidade. Já o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Apae realiza oficina sensorial no estande 4.

Por sua vez, no estande 5, a Secretaria Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Social promove campanha de orientação sobre a importância da atualização do Cadastro Único (CadÚnico) e BPC (Benefício de Prestação Continuada).

No mesmo evento, o Departamento de Mobilidade Urbana, da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Mobilidade Urbana, segue com a campanha “É Só um Minutinho”, ação de conscientização sobre a importância de se respeitar as vagas reservadas para pessoas com deficiência e idosos.

Todos os lugares que recebem o evento contam com acessibilidade física e de comunicação. “Preparamos materiais em braile, e ainda contamos com a parceria do Sesi, com um intérprete de libras. Estamos buscando conscientizar a população sobre esta questão de ter espaços acessíveis”, apontou Rita.

“A gente só consegue construir alguma coisa positiva através do diálogo. Por isso, o foco desta ação é juntar toda a sociedade, para poder falar sobre a pessoa com deficiência e sobre os direitos delas”, ressaltou.

O privilégio de sediar o evento, portanto, é verdadeiramente muito grande, em especial pelo que muito bem observou Rita: a urgente necessidade de diálogo.

Infelizmente, porém, o imprescindível diálogo não deve ser buscado apenas para construir algo positivo entre deficientes e não deficientes, mas para a própria reconstrução de um Brasil combalido por extremismos.

O diálogo se tornou vital para o resgate do respeito, da harmonia e, sobremaneira, da solidariedade entre todos os “diferentes” deste país, com suas mais variadas cores, convicções, idades, raças, “gêneros” sexuais, religiões e classes sociais…

Em meio a este iminente desafio, só existe um verdadeiro deficiente: aquele que, sofrendo gravemente de intransigência, ignorância e fetiche pela truculência, não consegue mais enxergar as diversidades como um imenso patrimônio e, assim, guardar-lhes o devido respeito.