Vigilância Epidemiológica confirma 1º caso de sarampo e pede alerta

Profissionais de saúde recebem treinamento para o atendimento de pacientes com sarampo (foto: AI Prefeitura)

A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Vigilância Epidemiológica, confirmou o primeiro caso de sarampo do município no ano. Uma menina de um ano e três meses de idade, moradora do residencial Astória, contraiu a doença e outras nove notificações aguardam resultado.

De acordo com a coordenadora da VE, enfermeira Rosana Oliveira, a suspeita é de que a menina tenha contraído a doença em Praia Grande, no litoral de São Paulo, onde estava passando as férias na casa de avós.

As equipes de saúde realizaram ações de bloqueio para identificar as pessoas que tiveram contato com a criança no período de transmissão da doença, para acompanhá-las. “Todas já foram vacinadas com a dose de bloqueio”, afirmou a coordenadora.

A doença havia sido erradicada em todo o país e não registrava nenhum caso na cidade desde 2002. A menina apresentou os sintomas em julho, quando realizou o exame para o diagnóstico.

A amostra foi enviada ao IAL (Instituto “Adolfo Lutz”) e o resultado, com a confirmação do caso, saiu na quarta-feira da semana passada, 14. A criança já estava recuperada.

Rosana ressalta que o estado está em alerta e que diversas cidades estão sendo incluídas na lista do Ministério da Saúde – que aponta os municípios com surto da doença. Contudo, ela pondera que não é necessário “alarde”.

“Aqui na cidade, temos um caso confirmado e o MS considera surto acima de seis casos positivos. Estamos em um tempo de alerta, mas nada para se apavorar ou se desesperar”, acrescentou.

O Ministério da Saúde divulgou que 53 cidades estão na lista de surto de sarampo. Dessas, mais de 90% ficam no estado de São Paulo, somando 49. Segundo o mais recente boletim divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde, foram confirmados 1.319 casos da doença até o dia 8 de agosto.

Nesta semana, os municípios de Itu, Capela do Alto e Votorantim foram incluídos pelo MS na lista das cidades com surto da doença. Quando há uma nova suspeita, amostras são enviadas ao IAL, na capital.

O Brasil recebeu a certificação de eliminação do sarampo em 2016. No entanto, após a interrupção da circulação endêmica do vírus, casos esporádicos e surtos limitados – relacionados à importação – ocorreram em diferentes estados.

Rosana ressalta que a única maneira de evitar o sarampo é pela vacina tríplice viral, que protege, também, contra a rubéola e a caxumba. “É importante que todos mantenham a carteira de vacinação atualizada”, enfatizou.

No calendário de vacinação de rotina, a primeira dose deve ser para crianças de 12 meses e uma segunda dose para crianças com 15 meses. Os adolescentes e adultos jovens até 29 anos devem ter duas doses da vacina, e os adultos de 30 até 59 anos, pelo menos uma dose, comprovada na carteira de vacinação.

“Jovens de até 30 anos têm que ter duas doses comprovadas em carteira de saúde, indiferente se ela tomou com 12 meses ou depois de adulto. De 30 a menor de 60 (59 anos, 11 meses e 29 dias), a pessoa tem que ter uma dose na carteira. Na dúvida, a pessoa pode estar procurando orientação médica e tomar a vacina”, orientou a enfermeira.

A vacina só não é recomendada para crianças menores de seis meses, gestantes e pessoas imunodeprimidas (portadores de lúpus, HIV, entre outros). “Como não podem tomar a vacina, essas pessoas têm que ficar mais atentas com a doença e evitar ambientes com aglomerações”, acrescentou.

Conforme Rosana, a criança que contraiu a doença havia recebido a primeira dose da vacina com 12 meses, mas não havia tomado a segunda. “Ela ficou doente na semana em que completou os 15 meses”, contou.

O sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal. É altamente contagiosa e a transmissão pode ocorrer entre quatro dias antes e quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas pelo corpo.

“Quando a pessoa não tem nenhuma dose da vacina, ela é uma doença perigosa e pode ser considerada mortal, podendo levar a pessoa a óbito de forma muito rápida”, reforçou a coordenadora.

Rosana acrescenta ser “preciso cautela”, pois é difícil controlar o vírus depois que ele se instala. Segundo ela, cada pessoa infectada, por exemplo, pode transmitir a doença para até outras 18 pessoas em menos de duas horas.

Os sintomas são: febre, tosse, coriza, olhos avermelhados ou conjuntivite e manchas avermelhadas na pele (exantema maculopapular). O sarampo pode ser acompanhado de complicações sérias, principalmente em crianças menores de cinco anos, adultos maiores de 20 anos ou pessoas com algum grau de imunodepressão.

A transmissão do vírus ocorre de pessoa a pessoa, por via aérea, ao tossir, espirrar, falar ou respirar, e começa antes mesmo que o infectado apresente os sintomas mais agudos da doença.

“Muitas vezes, a pessoa não está nem apresentando os sintomas, mas já está transmitindo o vírus. Aí que entra a importância da vacina. Se você está imunizado, não vai acontecer nada; mas, se você está com sua carteira em déficit, pode contrair a doença”, explicou.

Em caso de suspeita, com dois ou mais sintomas, a coordenadora orienta que se busque auxílio médico na unidade básica de saúde mais próxima e se evite o pronto-socorro, devido à aglomeração de pessoas.

“Como é uma doença altamente contagiosa, é melhor evitar o PS, que tende a ser mais cheio. Toda a equipe da Saúde está preparada para receber este paciente. Mas, então, pedimos, encarecidamente, que a primeira porta de entrada seja a UBS, para evitar a disseminação da doença”, aconselhou.

Os profissionais de saúde do município passaram por treinamento, na quarta-feira da semana passada, 14, para o atendimento à população. As orientações de um protocolo de atendimento unificado foram feitas pelo médico infectologista da Santa Casa de Misericórdia, Marcus Vinícius Landim Stori Milani.

“O tratamento da doença é praticamente sem remédio. É necessário tomar muito líquido, repouso absoluto e isolamento social. A pessoa deve ficar na casa de cinco a sete dias para não disseminar a doença. Também é feito o bloqueio vacinal de todos aqueles que convivem com a pessoa contaminada”, acrescentou a coordenadora.

Ela reforça que a principal orientação, para todas as idades, é atualizar a carteira de vacinação. A imunização contra a doença encontra-se disponível em quase todas as unidades básicas de saúde, de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 16h.

Na UBS Santa Cruz e demais unidades rurais, a vacinação se encerra às 13h. Só não estão recebendo doses as unidades do Enxovia e Americana.  Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (15) 3259-6358 ou nas UBSs.

“Se tiver algum tipo de sintoma, é melhor pecar pelo excesso. Na dúvida, os pais podem levar a criança e a carteirinha de vacinação, a enfermeira vai analisar e fazer a imunização. Se a pessoa não tiver a carteirinha, também pode tomar por precaução, porque não faz mal nenhum”, concluiu.