Viaturas usadas em patrulha são monitoradas via software

Sistema da GCM permite verificar trajeto e km em tempo real

As viaturas utilizadas em patrulhamento de rotina pela Guarda Civil Municipal são monitoradas via software. O comando da corporação divulgou, neste mês, que mantém acompanhamento em tempo real da movimentação dos veículos.

Segundo o diretor municipal da Segurança, Francisco Carlos Severino, os dados são disponibilizados pela empresa contratada neste ano para locação de veículos.

Eles são acessados pela Secretaria Municipal de Segurança Pública e Mobilidade Urbana, órgão ao qual a corporação municipal está subordinada.

“Com um aplicativo, eu sei onde está cada uma das viaturas, o trajeto que elas percorreram e o horário de deslocamento”, mencionou o diretor da Segurança.

Ainda que detalhados, os dados recebidos pelo comando são restritos, o que levou a equipe de TI (tecnologia da informação) da GCM a ampliar o uso deles.

Os guardas resolveram transferir as informações para o sistema que está sendo desenvolvido pela própria equipe de Tatuí, que permitirá a criação do chamado “CEP rural”, conforme antecipado por O Progresso no domingo, 23.

Com isso, a GCM conseguiu avançar um pouco mais no quesito gerenciamento. “Fazemos a transposição dos dados por meio do Google Earth, e usamos no sistema de mapeamento próprio. Nele, visualizamos onde estão as viaturas no mapa e 24 horas por dia”, explicou Joaquim Carlos Diniz, GCM formado em engenharia do meio ambiente e um dos responsáveis pelos projetos de inovação da corporação ligados à tecnologia.

Ao tornar o acompanhamento possível, o GCM afirmou que a unificação dos dados dá ao comando um controle maior a respeito da frota. Em conjunto, permite que a corporação saiba quais guardas tripulam as viaturas e em quais áreas estão atuando. “É possível ter um controle maior”, acrescentou.

Os veículos da corporação fazem patrulhamento de rotina por setores. No mapa, eles aparecem delimitados por traços em cores diferentes, entre vermelho, verde e azul.

“Empregamos as cores apenas para fins de identificação, não há nenhuma relação entre elas, o grau de periculosidade ou o tipo de viatura que será empregado no patrulhamento de rotina”, disse Severino.

Segundo o diretor municipal da Segurança, o direcionamento dos veículos está relacionado com o tipo de ação que o comando quer desenvolver e os resultados. O centro, por exemplo, recebe mais viaturas – e de grupamentos especializados – em dias de pagamento, nos quais há grande circulação de pessoas.

Em Tatuí, as viaturas circulam por três diferentes setores: norte, sul e oeste. Há, ainda, patrulhamento na área central e no chamado centro expandido.

A região norte – que é a maior em termos de área – é coberta pelos guardas que trabalham no patrulhamento da zona rural. No entanto, equipes da Romu (Ronda Ostensiva Municipal) e do canil circulam por todas as regiões.

Junto com o aplicativo oferecido pela empresa locatária, o sistema de mapas da GCM deve facilitar o planejamento de ações. Pelo menos esta é a expectativa do diretor municipal da Segurança. Severino afirmou que, a partir da precisão dos dados, a corporação poderá utilizar as informações no serviço de inteligência.

A ideia é identificar os locais com maior incidência de criminalidade, com possibilidade de informar, de maneira mais detalhada, quais tipos de delitos foram praticados em determinadas regiões do município.

Os dados serão acrescentados ao sistema e poderão, conforme a viatura, serem apontadas para os guardas. Desta forma, a equipe pode estar “melhor preparada”.

Este tipo de detalhamento ainda não é feito diretamente pelos guardas que atuam nas viaturas. No momento, a “alimentação” das informações está a cargo da equipe de TI da GCM. São os guardas que inserem os dados de ocorrência registradas em papel pelos colegas e, posteriormente, produzem as estatísticas.

O propósito, em um segundo momento, é a corporação poder compartilhar as informações com a Polícia Militar e a Polícia Civil. Severino antecipou à reportagem que, posteriormente, as informações podem ser cedidas à Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente. “Vamos disponibilizar o que for necessário para cada órgão”, acrescentou.

Para a pasta da Agricultura, a GCM programa o compartilhamento de dados que possam beneficiar os proprietários, os quais, em geral, são agricultores. Já o Corpo de Bombeiros e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) receberão informações que facilitarão o deslocamento nas regiões.

“Estamos concluindo uma ferramenta que vai trazer maior segurança para o morador da cidade e da zona rural. Nós vamos discutir os detalhes de participação e colaboração com cada entidade, buscando ideias, porque sozinhos não fazemos nada. O resultado significativo virá em longo prazo”, apontou.

No caso das viaturas que patrulham a região central, o acompanhamento em tempo real e por GPS (sistema de localização por satélite) começou a vigorar a partir da proposta dos guardas. “Nós já tínhamos uma ferramenta de verificação, mas nunca se pensou em fazer a integração dos dados para prevenção”, disse o diretor.

Severino explicou que, a partir do sistema, a GCM pretende criar uma ferramenta de auxílio aos órgãos de segurança. “A meta é melhorar o atendimento à população e, também, manter a integridade dos guardas”, adicionou.

Depois de consolidado o software, a corporação pretende aperfeiçoá-lo de modo a interagir com os guardas, policiais militares, bombeiros ou socorristas. A intenção é que eles recebam, no momento em que estiverem entrando em determinadas regiões da cidade, alguns avisos ou, até mesmo, alertas.

“Quem estiver no comando pode perguntar para uma viatura se ela está precisando de reforço ou só está no local para patrulha de rotina”, explicou Diniz.

Conforme o GCM, como será possível identificar as áreas de maior incidência de crimes, o comando poderá emitir informações nos dispositivos das viaturas.

“Futuramente, vamos identificar os pontos nos quais já houve prisões, há maior incidência de tráfico. Enfim, teremos uma gama de informações que poderão ser trabalhadas de acordo com as necessidades de cada órgão”, descreveu.

Uma vez registrados os pontos, o diretor municipal da Segurança entende ser possível, para a GCM, realizar um trabalho de inteligência, visando à redução de crimes, por meio de ações preventivas. A principal delas, o patrulhamento.

O projeto deve ser concluído dentro de três ou quatro meses e pode receber contribuições, como as informações do Lupa (Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária).

“Estamos estudando uma parceria para termos acesso aos dados que serão empregados no aperfeiçoamento do sistema de patrulhamento por georreferência usado na zona rural”, ressaltou Severino.

A intermediação será feita pela pasta comandada por Célio José Valdrighi. “Tudo isto vai ajudar no nosso banco de dados para termos mais qualidade”, concluiu.