Vereador registra BO e pede análise de quebra de decoro





Uma fotografia publicada em rede social, no início do mês, motivou registro de boletim de ocorrência e pedido de análise de quebra de decoro parlamentar.

Postada no “Facebook”, a imagem mostra o vereador Carlos Rubens Avallone Junior (PMDB) com a cabeça voltada para o alto e os olhos fechados, seguida de um texto crítico, no qual se aponta que ele estaria dormindo.

Publicada no dia 5, a foto gerou “embaraço” ao peemedebista, que decidiu procurar a Polícia Civil e recorreu à mesa diretora do Legislativo para tomar providências.

Avallone tornou o caso público na sessão ordinária da Câmara Municipal, na noite de terça-feira, 10. Na ocasião, alegou ter sofrido constrangimento por conta do episódio e chamou o autor da imagem de “Judas”.

No uso da palavra livre, na tribuna, o parlamentar destacou a importância do papel dos vereadores. Afirmou que os 17 eleitos são “iluminados” e que têm como função “representar a população”.

Ele mencionou, ainda, que a Câmara está em sua 15ª Legislatura e que ele participou da 12ª, 13ª e da atual. Disse que os vereadores eleitos são pessoas de diferentes culturas, profissões e credos, argumentando que “todos são iguais”.

Também declarou que, “em momento algum, perdeu a oportunidade de aprender com os parlamentares”. Entretanto, chamou um dos outros 16 vereadores de Judas. “Depois de 2000 anos, ele está aqui, de novo, nessa Casa”, declarou.

O parlamentar destacou que a Câmara consome 6% do Orçamento do município. “São R$ 20 milhões por ano para isso funcionar”, afirmou. Por esse motivo, Avallone pediu “mais seriedade” aos companheiros de legislatura.

No dia 9, alegando que houve quebra de decoro parlamentar, Avallone procurou a Central de Flagrantes da PC para registrar a ocorrência.

O vereador afirmou que a publicação foi feita por um funcionário público, de 29 anos. Conforme Avallone, o servidor teria recebido a fotografia enviada por um vereador. No entanto, não revelou os nomes.

O parlamentar alegou que o funcionário público publicou uma foto na qual ele aparecia com os olhos fechados. Na legenda, constava o nome do vereador e um comentário a respeito do momento. De acordo com Avallone, o responsável pela postagem teria afirmado que o edil, apesar de ganhar “um alto salário” na função, teria dormido “bem na hora da sessão ordinária”.

Avallone acredita que a foto tenha sido tirada de dentro do plenário da Câmara. A área é restrita a funcionários, assessores parlamentares e vereadores.

No BO, ele afirmou que a publicação causou constrangimento, por ter tido a imagem exposta de forma “vexatória” e pela “exposição” da Câmara. Enfatizou que fez o registro para “fins de medidas criminais cabíveis e para que medidas regimentais internas da Casa sejam providenciadas”.

Avallone afirmou que espera que a mesa diretora “faça justiça” e citou o artigo 315 do regimento interno como argumento para as reclamações. Ele trata da política interna da Casa de Leis, estabelecendo que, “no recinto do plenário e em outras dependências, reservadas a critério da mesa, só serão admitidos vereadores e funcionários da secretaria, estes, quando em serviço”.

A captura da fotografia supostamente feita por outro vereador teria sido registrada em vídeo. Durante o pronunciamento, o parlamentar exibiu um “pen drive”, no qual afirmou conter imagens do momento em que a foto foi tirada.

O vereador acredita que a captura ocorreu no momento em que Márcio Antonio de Camargo (PSDB) teria pedido para que câmeras de assessores, da imprensa e equipes de comunicação ajustassem seus focos enquanto falava.

“Pois isso, vai servir para mostrar o movimento de quem é que cometeu a falta de decoro e que vai perder o mandato”, argumentou.

Avallone afirmou, também, ter sido vítima de constrangimento quando registrava a ocorrência na delegacia. Alegou que, como vereador eleito, quer “fazer justiça”, e apelou para o presidente da Casa de Leis, Wladmir Faustino Saporito (Prós), no sentido de que adote as “providências cabíveis”.

Ele acrescentou que levou a cópia da foto para um amigo, membro da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Conforme o vereador, a pessoa colocou à disposição, se necessário, “alguns departamentos da instituição para que ele possa provar que a foto foi tirada do canto onde sentam vereadores e por alguém que vai perder o mandato por falta de decoro”.

Em aparte, Camargo enfatizou que não teve relação com o episódio e afirmou, que apesar de respeitar os colegas de Câmara, alguns deles não “apresentam postura”.

“Infelizmente, que seja apurado (o caso da foto), mas nós temos que sentar na cadeira e nos posicionar como homens públicos e representantes da sociedade”, disse.

Camargo afirmou, ainda, ter visto “várias vezes” Avallone com a cabeça para cima e os olhos fechados. “Quando o senhor fazia parte da mesa, vi, com toda clareza, a posição do senhor. O vereador tem que olhar, analisar, ver a população. Não, simplesmente, fechar os olhos, ou fazer de conta que não está ouvindo”.

Respondendo ao colega, Avallone afirmou que costuma fechar os olhos “para falar com o pai e a mãe falecidos”. O peemedebista disse que, às vezes, fecha os olhos para refletir, mas que não cometeu falta de decoro parlamentar.