De acordo com a Apas (Associação Paulista de Supermercados), além da alta na venda de chocolate, que deve chegar à média de 10%, outros produtos também podem ser mais comercializados, como pescados, vinhos e azeites, em torno de 5,5%. Vendas de bacalhau poderão crescer mais ainda, na média de 10% em relação ao ano passado.
Na cidade, de acordo com gerentes de supermercados, as vendas de peixes já aumentaram bastante devido à Quaresma, pois muitas pessoas se abstêm de comer determinados alimentos por “promessas”.
Em Tatuí, os preços de pescados já estão, em média, 5% mais caros que em 2013. De acordo com Alexandre Moreira Ferreira, gerente de um supermercado da cidade, o aumento continuará após a Quaresma.
Renato de Lima Vieira, gerente de outro estabelecimento, disse que as vendas de pescados estão bastante em alta do mês passado para este, em torno de 30%.
“Legumes também estão em alta: batata, cenoura, pimentão, cebola, enfim, tudo que as pessoas cozinham com peixe. Acredito que boa parte dos católicos não come carne na Quaresma e fazem um refogado junto com bacalhau e peixes”, afirmou Vieira.
Ele não tem uma média de quanto a venda de carnes caiu, mas garantiu que foi muito perceptível a queda na procura.
De acordo com Vieira, outro alimento que subiu bastante devido à procura na Quaresma e pela falta, devido ao calor de novembro, dezembro e janeiro, foi o ovo de granja. No entanto, disse que o preço está estabilizando e voltando ao “normal”.
Ferreira contou que a queda na venda de carnes no supermercado em que trabalha está por volta de 30% comparada ao mês de fevereiro, antes do período de Quaresma.
A procura por peixe deve ter aumento de até 50% na procura durante a Quaresma e perto da Páscoa, ele acredita. “Tem pessoas que não ligam muito para comer peixe, mas na Quaresma fazem questão de comprar”, argumentou.
Quaresma
O padre da Paróquia-Santuário Nossa Senhora da Conceição, Elcio Roberto de Goes, explicou que a Quaresma é um tempo específico da igreja, de preparação para a Páscoa.
“Onde a gente celebra a Paixão, a morte e ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, ele passa da morte para a vida. Nós fazemos a experiência da morte de Jesus, da Paixão, mas nós vemos que vence a morte e ressuscita, e a gente celebra essa verdade de fé. Então, é a essência de nossa fé”, explicou Goes.
De acordo com ele, a Quaresma traz o “convite” à oração, conversão, solidariedade, penitência e jejum.
O jejum, segundo o pároco, é feito, normalmente, na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa, “mas as pessoas definem o que quiserem fazer”.
Antigamente, os cristãos faziam o jejum toda quarta-feira e sexta-feira. Algumas pessoas ainda conservam o hábito e fazem essa “penitência”.
Conforme Goes, a penitência é uma forma de renovar a fé, “procurando corrigir o coração daquilo que afasta as pessoas de Deus”.
Normalmente, os fiéis se penitenciam tirando comidas específicas das refeições durante toda a Quaresma, como é o caso de trocar a carne pelo peixe.
“Eu acho importante quando a penitência tem o intuito de provocar em nós uma conversão e abrir nosso caminho para a solidariedade”.
“Querendo ou não, privando nossa vida de algo, a gente vai se lembrar de pessoas que sofrem privações de alimentos, de comida. Então, que aquilo que vivo na Quaresma também manifeste minha solidariedade, sobretudo com aqueles que precisam, porque o jejum somente pelo jejum, a penitência somente pela penitência, não tem sentido”, ressaltou Goes.
De acordo com o padre, as promessas para a Quaresma devem ser feitas com a intenção de corrigir as “más inclinações para o pecado e para os vícios”.
Com relação à privação e comer carne, que muitos cristãos fazem, ele acredita que “pode estar relacionado ao sacrifício de Jesus, que derramou o sangue por amor a nós”.