‘Vamos perseguir a redução dos gastos’

EM última entrevista do ano, Maria José divulgou metas para 2018 (foto: AI Prefeitura)

“Vamos perseguir a redução dos gastos, dando transparência a tudo”. Com previsão de arrecadação menor, ao final do exercício fiscal deste ano – algo perto de R$ 280 milhões, dos R$ 340 milhões programados pela gestão anterior –, a administração municipal planeja adotar, em 2018, programas de redução de contas.

A prefeita Maria José Vieira de Camargo antecipou a O Progresso que o Executivo criará mecanismos para reduzir gastos em despesas como água, luz e telefone. A meta será um complemento à política de redução iniciada em janeiro deste ano, quando a Prefeitura aprovou a reforma administrativa.

Sob aval da Câmara Municipal, o Executivo reduziu valores pagos aos cargos comissionados. A administração estima economizar, por ano, R$ 2 milhões somente com as mudanças. Serão R$ 8 milhões ao final do mandato da prefeita, que se encerrará em 2020. “Gestão é um exercício diário”, declarou.

Maria José falou à reportagem na tarde de quarta-feira, 20. Em balanço do primeiro ano de governo, reafirmou compromissos de demolir o canteiro central da avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali (a “Churrasqueira”), já em janeiro, e de concluir três creches municipais e implantar escola de ensino médio no Jardim Santa Rita de Cássia, ao longo do ano.

A prefeita também anunciou investimentos na infraestrutura e as metas de retomar a construção da UBS (unidade básica de saúde) do Jardins de Tatuí e da UPA (unidade de pronto atendimento), projeto que já tem seis anos de existência.

Na área da Saúde, Maria José falou sobre a intervenção da Santa Casa, a intenção de o Executivo viabilizar – com recursos do governo do Estado – reforma do centro cirúrgico do hospital e a conclusão de uma clínica para tratamento de hemodiálise. De acordo com ela, o investimento é particular.

Sobre a segurança pública, a prefeita antecipou que a equipe de governo está estudando uma nova situação de monitoramento por cerca eletrônica. Ela anunciou estudos para um projeto de monitoramento das escolas municipais e a pretensão de reabrir as bases comunitárias da Guarda Civil Municipal localizadas nos bairros Enxovia, Mirandas e distrito de Americana.

A prefeita mencionou projetos de turismo cultural e informou que, em 2018, o Executivo atuará mais intensamente junto ao Investe São Paulo para reforçar as características de Tatuí como cidade com potencial de receber novas empresas.

Maria José comentou a respeito de candidaturas políticas em 2018. “Torço para que Tatuí esteja bem representada, isso é o mais importante”, argumentou. A prefeita ainda revelou quem deverá apoiar nas eleições gerais do ano que vem.

Próximo de completar um ano de gestão, Maria José atesta que o Executivo conseguiu resolver boa parte dos problemas administrativos – uma parcela significativa deles ligada à infraestrutura. “Entregamos, neste ano, três pontes: Jardim Colina Verde, Jardim Junqueira e a do Marapé”, enumerou.

Para 2018, uma quarta ponte deve ser liberada. O Executivo programa, para o primeiro trimestre, entregar a do Jardim Paulista.

A obra será acompanhada do segundo trecho de duplicação da marginal do ribeirão do Manduca. O primeiro foi inaugurado no dia 16 deste mês, com a liberação da avenida Maria Aparecida Santi, após a conclusão de drenagem na avenida Vice-Prefeito Nelson Fiuza, do Morro Grande até o Marapé.

Maria José ressaltou que o Executivo iniciara, em 2017, a obra do canteiro central da Pompeo Reali. No primeiro trecho, implantou sistema de galerias pluviais para drenagem de água da avenida até o ribeirão.

“Agora, no início de 2018, com as pontes já concluídas e os acessos livres para o trânsito de veículos, vamos retomar e concluir as obras da Pompeo Reali”.

Em paralelo, a prefeita informou que a equipe perseguirá “outro desafio”: continuar a duplicação da avenida marginal do ribeirão do Manduca, no sentido até a rua Chiquinha Rodrigues. “Queremos realizar um novo trecho em 2018”.

Apesar de concluir projetos de melhoria da malha viária, Maria José ponderou que o Executivo tem novas ações para realizar na área da infraestrutura. Uma delas diz respeito à continuidade das operações de tapa-buracos.

“Embora a nossa administração tenha tapado mais de 12 mil buracos em 2017 e realizado quase 11 quilômetros de recapeamentos, ainda temos vários bairros para atender”, reconheceu.

De acordo com a prefeita, o Executivo pretende atender mais localidades que as já contempladas neste ano. Na zona rural, realizou trabalhos em mais de 15 quilômetros de estradas, por meio do Patrulha Rural e do “Melhor Caminho”.

Novas áreas deverão ser contempladas em 2018 por meio do Plano Municipal de Mobilidade Urbana. Com participação da sociedade, a Prefeitura fará audiências públicas. Depois, enviará o projeto de lei à Câmara. Os vereadores devem recebê-lo ainda no primeiro semestre.

Bem antes disso, Maria José antecipou que a Prefeitura anunciará novo pacote de obras de infraestrutura. Ela explicou que a administração conseguira recurso junto ao governo do Estado para ser aplicado em 2018. “São R$ 11,6 milhões para recapeamento de vias, drenagem e tapa-buracos, entre outras obras”, contou.

Já na Educação, a prefeita projeta a inauguração de mais duas unidades de ensino. A primeira, uma creche no Congonhal; a segunda, uma pré-escola no Tanquinho.

No bairro Santa Cruz, a Prefeitura tem planos de concluir e inaugurar, até o primeiro semestre do ano que vem, uma nova creche, já em construção. “Queremos, ainda em 2018, iniciar novas obras, como a creche do Jardim Santa Emília”.

Também para o ano que vem, o Executivo quer concluir os trâmites para viabilizar a construção de uma nova escola de ensino médio no Santa Rita. A Prefeitura já reservou uma área a ser cedida ao Estado para abrigar a unidade.

As demais metas são dar sequência às parcerias iniciadas em 2017 com a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), para o projeto Jovem Cientista; com o IAS (Instituto Ayrton Senna), o Ceeteps (Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”); e o Conservatório Dramático e Musical.

Na Saúde, Maria José programa a conclusão de uma obra e, pelo menos em princípio, a retomada de outra. A expectativa é de que, nos primeiros meses, a administração consiga reiniciar a construção da UBS do Jardins de Tatuí. No mesmo período, deve atuar para retomar as obras da UPA.

O Executivo conseguiu prorrogar o prazo de validade do convênio com o Ministério da Saúde para a unidade. “Fizemos uma proposta para retomar a construção e estamos acertando os detalhes disso”, informou.

“Estou com o pensamento positivo que nossas tratativas irão ser positivas. Espero ainda nas primeiras semanas de 2018 dar uma boa notícia a todos”, adicionou.

Ainda com relação à Saúde, Maria José sustentou que a Prefeitura vai manter, a princípio, a intervenção na Santa Casa. O hospital está sob o comando do Executivo desde 31 de maio de 2017. Até fevereiro, a equipe deverá concluir a reforma da ala “Orlando Bolzan”, que compreende mais de 90 leitos.

Para 2018, os planos envolvem a ampliação dos leitos da UTI (unidade de terapia intensiva) – de oito para dez – e a reforma do centro cirúrgico. O projeto de revitalização e ampliação do espaço está orçado em R$ 950 mil.

Questionada sobre a construção de uma clínica voltada ao tratamento de hemodiálise, a prefeita enfatizou que o empreendimento é particular e não recebe recursos do Executivo. Maria José afirmou que recebera o empresário responsável pela obra, no paço municipal, para uma conversa.

Ela sustentou que todo empresário interessado em investir na cidade será “sempre bem-vindo e terá um tratamento respeitoso e prioritário de toda a equipe da administração”.

A clínica chegou a ser anunciada em 2016 como parceria público-privada. De acordo com Maria José, ela poderá até oferecer tratamento a pacientes do município, desde que concluída pelo empresário e credenciada junto ao DRS (Departamento Regional de Saúde) para receber pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).

Para a segurança pública, a Prefeitura pretende retomar a proposta de implantar uma cerca eletrônica na cidade. Entretanto, em outro modelo que o adotado pela gestão anterior e que deixou de funcionar por falta de pagamento.

“A administração passada deu um calote nas empresas que operavam o funcionamento da cerca eletrônica (uma para as ruas e outra para escolas) e o serviço parou de ser realizado mesmo antes da minha posse como prefeita”, declarou Maria José.

De acordo com ela, a equipe de governo está analisando uma nova situação para a implantação. Porém, com “preços bem menores do que eram praticados no passado”, ressaltou.

Já para o monitoramento das escolas, a Prefeitura estuda uma licitação em separado. A prefeita contou que a equipe deve priorizar modelo no qual o serviço seja feito por uma empresa terceirizada, mas que todo o equipamento passe a pertencer ao Executivo após um determinado período de contrato.

Outra preocupação de Maria José, com relação ao monitoramento dos prédios da Educação, diz respeito aos valores do contrato. No entanto, o andamento desse processo dependerá de resultados de investigações. A prefeita informou que o contrato firmado pela gestão passada está sendo averiguado.

Ponte do Marapé completa primeiro ciclo de obras de infraestrutura (foto: Cristiano Mota)

O motivo é que a empresa contratada teria recebido, ainda em dezembro de 2016, todo o valor do contrato existente. O pagamento teria sido feito de forma antecipada, “mesmo antes da conclusão da prestação do serviço em andamento”. O custo era de R$ 420 mil por mês – mais de R$ 5 milhões ao ano.

Em complemento às ações, a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Mobilidade Urbana manterá os planos de reativação das bases comunitárias da GCM. A Prefeitura reabriu a primeira em março deste ano, no Jardim Santa Rita.

“Nosso projeto é, ainda nesse mandato, reativarmos as demais unidades, assim como inaugurarmos outras bases, se o planejamento de segurança indicar”.

No âmbito da cultura, a Prefeitura pretende desenvolver o turismo cultural, amparado no “maior cartão de visitas” da cidade: o Conservatório. Para receber os turistas, a prefeita mencionou que Tatuí precisa “estar bem cuidada”.

“O MIT (Município de Interesse Turístico) nos garante um recurso para aplicarmos exclusivamente no turismo. Assinamos convênio de R$ 371 mil para a reforma da praça Martinho Guedes. Nos próximos anos, os recursos que virão serão aplicados em outras situações, que ainda vamos avaliar”, asseverou.

De modo a preparar a cidade para o turismo, a prefeita informou que o governo está investindo em capacitação de mão de obra. Os cursos oferecidos pelo município em parceria com instituições também atendem às indústrias.

Conforme Maria José, parte delas voltou a contratar. A prefeita aponta a recuperação do número de empregos formais – os com carteira assinada – a partir do segundo semestre deste ano. Foram 271 novos postos no período.

Segundo ela, a retomada aconteceu “graças a novos investimentos comerciais e à expansão de algumas empresas”. Entre elas, a Marquespan Alimentos.

De forma a manter os índices de geração de emprego como positivos, a prefeita disse que o Executivo vai intensificar os contatos com a Investe São Paulo. A meta é viabilizar a candidatura de Tatuí para receber novos investimentos.

A chefe do Executivo afirmou que o município já deu o primeiro passo, com a reconstrução das pontes e a recuperação da malha viária.

“Agora, pergunto: quem iria investir numa cidade onde não existia acesso? A falta de infraestrutura prejudicou Tatuí. A cidade, por um período no passado, ficou sem comando, e isso trouxe consequências econômicas. É fato”, argumentou.

Com o trabalho de melhorias, a prefeita sustenta que a cidade “voltou a estar habilitada a receber novos investimentos”. Maria José confirmou que o município foi sondado por empresários estrangeiros. Entretanto, explicou que não pode antecipar quem seriam por conta de cláusula de confidencialidade.

Segundo ela, como a maioria das grandes empresas tem ações sendo negociadas na Bolsa de Valores, o anúncio de possíveis investimentos poderia interferir economicamente junto aos sócios e investidores. “O que posso adiantar é que, desde 2017, o investidor que procura Tatuí é tratado com respeito e prioridade”.

Como projeção para 2018, ano das eleições gerais, a prefeita declarou que o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) terá candidato próprio a deputado estadual. Ela considera que o indicado possui condições de se eleger.

Para federal, Maria José já tem compromisso. Ela apoiará o atual secretário-chefe da Casa Civil, Samuel Moreira. “Ele tem compromisso com Tatuí, e eu sou uma pessoa que preza muito essa questão de fidelidade e de valores”, assegurou.

“Eu apoio os candidatos do PSDB, o meu partido. Faço agora parte, como membro, do diretório nacional tucano. O governador Geraldo Alckmin deverá ser apontado, em 2018, como candidato a presidente pelo PSDB, e reúne todas as condições para ser bastante competitivo para o cargo – e vencer -, porque realizou um grande trabalho em São Paulo e é um homem de diálogo. Basta comparar com outros Estados brasileiros, muito deles estão falidos”, alegou.

Já para governador e senadores, a prefeita disse ser ainda muito cedo para se manifestar. Ela argumentou que os eventuais candidatos ainda não estão posicionados.

Marginal do Manduca -ponte Junqueira terá continuidade com segunda etapa (foto: Cristiano Mota)