Uma história de solidariedade





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Aulas acontecem as terças e quartas, na Escola de Ensino Fundamental ‘Tomás Borges’

 

Leonides Bertolaccini Rodrigues, conhecida como Tili, é mãe, avó, dona de casa, professora aposentada de história, professora de Libras, presidente e uma das fundadoras da AST (Associação dos Surdos de Tatuí “Lúcia Arruda Bertolaccini”), além de intérprete.

O nome da instituição não é uma coincidência: é homenagem à mãe dela, Lúcia Arruda Bertolaccini, que era surda e, segundo Tili, uma das principais motivadoras, para iniciar esse trabalho, juntamente com cinco irmãos e sete sobrinhos, também surdos.

Após a aposentadoria em 2000, ela resolveu preencher o tempo dedicando-se a estudar Libras (Língua Brasileira de Sinais). Foi quando cursou graduação e pós-graduação em São Paulo.

Quando voltou para Tatuí, nesse mesmo ano, para aproximar-se da família, ela, juntamente com outros professores do ensino fundamental, perceberam que a maioria dos surdos do município não sabia Libras. Eles comunicavam-se, apenas, através de sinais caseiros. Foi então que esse grupo sentiu a necessidade de ensinar Libras.

Segundo Tili, foi criada, então, uma turma, que tinha aulas uma vez por semana em uma escola municipal, cedida pela Prefeitura. O número de alunos foi crescendo e, assim, “necessário abrir e documentar a AST, pois, através dela, seria mais fácil conseguir recursos necessários para o atendimento aos alunos surdos”, lembra.

A partir de 14 de fevereiro de 2009, quando ocorreu a primeira reunião, em que foram estabelecidas as primeiras providências para que a instituição fosse fundada, Tili divide-se: “Terça e quarta, o trabalho é integral com os surdos, dentro da AST, e o resto da semana é dividido entre vida pessoal e o meu trabalho como intérprete, acompanhamento para entrevistas de trabalho, dentista, médico, casamento, dentre outras coisas”.

Este ano, a AST conta com uma diretoria com nove membros: presidente, vice, primeiro-secretário, segundo-secretário, primeiro-tesoureiro, segundo-tesoureiro e diretor social, além de 39 alunos, dos quais 20 bolsistas.

Atualmente, a entidade funciona na Escola de Ensino Fundamental “Tomás Borges”, onde atende os surdos e seus familiares, todas as terças e quartas, sem nenhum custo. Os ouvintes interessados em aprender a língua têm um custo, matrícula e mensalidade.

Segundo consta no blog, o objetivo da instituição é integrar e prestar serviços como cursos de Libras, informática, manicure, corte e costura, além de serviços médicos, atendimento familiar e cesta básica.

Manutenção

“A AST é mantida através de festas, bingos e jantares, que são organizados sempre com a colaboração de alunos e diretores”, destaca Tili.

Segundo a presidente, há, sempre, troca de conhecimento e experiências. Por exemplo: as pessoas ensinam ou ajudam em troca do curso, aí também, aumentando o número de cursos oferecidos.

“O meu maior desejo é que esta troca se torne cada vez maior, para que, onde o surdo for, tenha alguém para dar o suporte necessário, e eles possam ter a sua independência”, frisa Tili.

Astec

Dentre as atividades da AST, há o time de futsal, conhecido como Astec (Associação dos Surdos de Tatuí Esporte Clube). “Eles treinam na quadra do ‘Tomás Borges’ (antes era na Escola de Ensino Fundamental ‘Eugênio Santos’), e estão tentando espaço no Nebam “Ayrton Senna da Silva”, porque vão participar de campeonatos”, conta a professora.

Gratificação

“Chegar lá e ver os sorrisos, é como se fossem meus filhos. Por exemplo: nós temos o Jessé, que frequenta o curso há cerca de cinco anos, não falta a uma aula, apesar das dificuldades, pois ele mora no sítio”, conta.

“Sempre estamos observando progressos, ele não havia aprendido os sinais, mas, certa vez, em um passeio no zoológico, ele conseguiu expressar o nome de todos os animais. Esta foi a maior gratificação”, destaca Tili.

Dificuldades

Segundo Tili, o maior problema enfrentado pelos surdos é o preconceito da própria família. “A família, muitas vezes, não sabe Libras, e, portanto, não há comunicação entre o surdo e os familiares. É preciso intermediar as conversas entre eles, auxiliar, aconselhar na melhor forma de agir”, explica a professora.

O maior plano da presidente para a AST é construir a sede, pois, ano passado, na gestão anterior, ela recebeu um terreno, mas ainda não houve a possibilidade de construir, para ampliar os trabalhos já realizados.

“Temos o sonho de construir a sede, para que nossos associados surdos possam se desenvolver ou criar um ambiente em que eles possam se reunir e fortalecer a comunidade surda”, finaliza.

Os interessados em contribuir com a instituição podem entrar em contato com Tili pelos telefones: 3305-6328 ou 99850-5050, ou e-mail tilibras@hotmail.com.