Ufólogos virão a Tatuí­ em busca de ‘óvnis’





A suposta aparição de óvnis (acrônimo de “objetos voadores não identificados”) em Tatuí despertou interesse de ufólogos e pesquisadores do Gepus (Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas de Sorocaba).

A equipe virá à cidade, no final do inverno, para tentar obter imagens de naves alienígenas. A vigília deve acontecer em uma chácara no bairro Guaxingu.

Os pesquisadores também deverão realizar observações nas imediações da Flona (Floresta Nacional de Ipanema), antiga Fazenda Ipanema, no município de Iperó.

De acordo com o ufólogo Hamilton Dias dos Santos, a escolha pelo final do inverno deve-se ao fato de que as noites ficam mais quentes, o que facilita o trabalho durante a madrugada. O local de observação será a residência dele, uma chácara na zona rural da cidade.

Santos disse que a vigília deve acontecer durante a fase minguante da lua, quando há menos luz no céu, o que facilita a visualização.

As observações ufológicas de Santos em Tatuí iniciaram-se em 2012, quando ele se estabeleceu na cidade. Desde então, foram registrados mais de 400 objetos que ele classifica como óvnis. De um ano para cá, os flagrantes no céu aumentaram, garantiu o ufólogo.

“Estão vendo coisas diferentes no céu de Tatuí. Eu já tinha conhecimento das aparições antes de vir morar aqui, que tinha um campo magnético muito forte, até mesmo por ter o Trópico de Capricórnio”, contou.

“Os extraterrestres que estão visitando a cidade vêm em busca de minérios escondidos na região de Tatuí”, segundo o pesquisador. As aparições seriam mais frequentes em um triângulo que une as cidades de Tatuí, Sorocaba e Boituva.

Santos disse que um possível ponto de atração para os seres é a Fazenda Ipanema. A região é conhecida por ter uma mina de ferro desativada. Nas imediações, há uma base da Marinha, a CEA (Centro Experimental Aramar), onde é desenvolvido reator para um futuro submarino com propulsão nuclear.

“Justamente as aparições partem do leste para o oeste. A Fazenda Ipanema está no sentido Sorocaba. Tem, também, a base da Marinha, onde tem atividades com urânio”, declarou.

O pesquisador contou que, como as supostas aeronaves alienígenas seriam muito rápidas, logo após avistar um objeto voador no céu, o ufólogo posiciona a câmera e começa a gravar. A rapidez não permite que o observador fotografe, somente filme.

Depois, a imagem é analisada em um programa de computação, que permite separá-la quadro a quadro. Os flagras de objetos voadores desconhecidos são catalogados pelo pesquisador, que submete as imagens a outros ufólogos de São Paulo e Sorocaba.

“Quando ele está em deslocamento, só vendo no computador ‘frame’ a ‘frame’. Hoje, tem muitos programas que dá para tirar sombras, ver se não é um pássaro, uma ave de rapina. A gente já tem o olhar clínico”, argumentou.

As naves desconhecidas, diz ele, “fazem trajetos que contrariam as leis da física”. Elas podem planar, voar em zigue-zague subir e descer muito rapidamente, de acordo com o ufólogo.

Pesquisadores da área, segundo Santos, avaliam que a velocidade dos objetos ultrapassem os 20 mil km/h. O caça mais rápido dos Estados Unidos tem velocidade máxima de 3.017 km/h, para efeito de comparação.

“Avião nenhum aqui na Terra chega a uma velocidade dessas. Acho que até um supersônico, se atingir, ele se desmancharia inteirinho, pois a pressão é muito grande”, disse.

Sabendo do interesse de Santos pelos óvnis, vizinhos sempre o avisam quando veem objetos estranhos no céu. Dia desses, contou o pesquisador, uma sitiante vizinha telefonou afirmando ter visto luzes estranhas no céu.

“Tinha quatro naves em cima da chácara dela. Elas passaram, ficaram em posição de ‘escada’, parados, e, depois, saíram sentido morro Ipanema”, ilustrou.

O escritor tatuiano Jorge Facury Ferreira afirmou que ter tido contato com extraterrestres por meio de cartas. A troca de correspondências durou 20 anos, sustentou.

“Começou em 1982, quando ainda morava em Tatuí. Qualquer pessoa vê a qualidade, o português impecável da carta, e conclui que é digno de análise. Ninguém ficaria 20 anos brincando de trocar cartas”, ponderou.

Nas correspondências, os extraterrestres teriam contado o modo de vida, a cultura e como fazem para se disfarçar na Terra. O endereço da correspondência era da cidade de São Lourenço (MG).

O escritor, querendo conhecer a identidade do autor das cartas, chegou a ir escondido da família até a cidade mineira. Porém, a moradora da casa remetente afirmou não ter ideia de quem escrevia as correspondências.

“Era uma senhora de idade. Não sei como os extraterrestres souberam que tinha procurado o endereço. Disseram-me que estava procurando algo que não se poderia ver com os ‘olhos físicos’”, disse.

Outra experiência de Facury teria acontecido em Sorocaba, poucos meses depois de ter ido embora de Tatuí. O escritor estava no primeiro ano do ensino médio quando, atrasado para entrar na aula, ficou esperando na quadra da escola até o horário do intervalo.

Foi quando o então estudante avistou, no horizonte, uma luz vermelha. Pensando que se tratava de uma queimada de cana-de-açúcar, correu até o muro da escola e viu algo “impressionante”, lembra.

“Era uma luz vermelha, muito forte. Achei, na hora, que se tratava de um helicóptero. Ela ficou sobre a minha cabeça e, depois, foi embora em uma velocidade fantástica. Em fração de segundos, desapareceu no horizonte”, contou.

De acordo com o escritor, “a fascinação com o céu vem de tempos imemoriais, quando o homem buscava nas estrelas explicações sobre a vida na Terra”.

“Isso vem da nossa ancestralidade. A humanidade, desde os tempos imemoriais, sempre olhou para o céu e tem, na cabeça, um ponto de interrogação. Hoje em dia, buscamos explicar nosso lugar no universo”, explanou.

O aparecimento de objetos estranhos tem uma explicação diferente por parte do presidente do ACT (Aeroclube de Tatuí), César Augustus Mazzoni.

O aviador explica que, recentemente, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) realizou mudanças no espaço aéreo. O órgão estabeleceu, sobre a cidade, seis aerovias – ou seja, caminhos virtuais usados como rotas de aeronaves.

“Podem ser aviões passando, pois eles estão em frequência muito maior do que tempos atrás. Quem observa do chão pode acreditar ser um óvni”, explicou.

Balões meteorológicos e satélites artificiais podem ser motivos de confusão, segundo Mazzoni. Dependendo da estação do ano e do posicionamento do sol na abóbada celeste, os raios solares podem refletir sobre o satélite, fazendo-o ser visível a olho nu.

“Isso é mais comum no final da tarde, quando o sol está baixo e reflete no satélite”, disse. O presidente do ACT negou que algum dos aviadores que utilizam a pista de pouso local tenha visto algum óvni durante os voos.

O Progresso procurou a assessoria de imprensa do Comando do 8º Distrito Naval, responsável pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, que gerencia as atividades do CEA de Iperó, entretanto, até o fechamento desta edição (sexta-feira, 18h), não obteve retorno.