Três casas do Jardim Gonzaga estão interditadas há quase uma semana





Defesa Civil

Casa de Maria do Socorro está inclinada em direção ao calçamento

 

Três casas localizadas na rua Roque Bueno de Campos, no Jardim Gonzaga, estão interditadas desde domingo passado, 18, após o aparecimento de grandes rachaduras e trincas.

O comerciante João Maciel, 30, é um dos moradores afetados e conta que não sabe o que vai acontecer com o imóvel. Segundo ele, tudo começou quando, no domingo, dois vizinhos acionaram a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para resolver um problema de falta de água.

“O pessoal da empresa veio, olhou e disse que voltaria com o equipamento necessário para fazer o conserto. Nesse intervalo, uma caminhonete passou pela rua e o asfalto acabou cedendo, fazendo com que o veículo ficasse preso. Ele foi tirado, e aí que os moradores viram que já tinha um vazamento”.

Maciel relata que, à medida que os funcionários da Sabesp iam tirando a terra para conter o vazamento, foram aparecendo rachaduras nas casas próximas ao local. O vazamento foi contido, mas três imóveis tiveram danos nos cômodos da frente.

O comerciante chamou a Defesa Civil por volta das 19h de domingo, para verificar o que tinha acontecido e avaliar se havia risco de ficar no local. Na ocasião, as famílias foram orientadas a passar a noite na casa de parentes ou amigos, até que fosse feita vistoria completa no dia seguinte.

Na tarde de segunda-feira, 19, por volta das 15h, o engenheiro civil Leonardo Spada, perito em fundações e estruturas e membro da equipe técnica da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), esteve no local para avaliações.

No relatório da Comdec, consta que os imóveis sofreram danos nos cômodos frontais, na garagem e no calçamento frontal, os quais foram interditados pela Defesa Civil, já na segunda-feira.

O coordenador adjunto da Defesa Civil, João Batista Alves Floriano, explica que houve infiltração de alguma forma e que o engenheiro achou por bem interditar os cômodos da frente das casas por precaução.

“Nossa missão é a preservação da vida e evitar qualquer risco para as pessoas, por isso os imóveis permanecerão interditados até que os reparos sejam feitos”. Floriano lembra que o risco não é apenas de desabamento: “Um reboco que caiu já pode ferir alguma criança, por exemplo”.

Na manhã de quinta-feira, 22, a equipe da Defesa Civil esteve no bairro para inspecionar as casas e acabou interditando todas elas. Maciel informou que funcionários da Prefeitura estiveram no local para fazerem o escoramento por fora dos imóveis, para que não haja perigo de desabar.

“Agora, não podemos mais entrar e não temos onde ficar. Minha esposa está grávida de 38 semanas e nós estamos ficando de favor na casa do meu sogro, com minhas outras três filhas de 7, 9 e 12 anos”.

Ele comenta que a esposa, Nivalda Maciel, 35, está muito nervosa por conta da situação, até já passou mal e precisou ser levada para o hospital.

O comerciante reclama da situação que os moradores das três residências estão enfrentando. “Alguém tinha que arrumar um lugar melhor para a gente ficar até que essa situação seja resolvida”.

Maciel também relata que mora há 15 anos no mesmo local e que é a primeira vez que algo parecido acontece. “Minha casa está novinha, bonitinha, levei minha vida toda para construir, e só quero que as pessoas respeitem isso”.

Ele também comenta que as rachaduras estão aumentando e que já caiu um pedaço da parede. “Está piorando a cada dia, porque a terra ainda está molhada e fofa por conta do vazamento”.

O comerciante relata que os funcionários da Sabesp disseram que não há risco nenhum em morar lá e que estão esperando o laudo da Defesa Civil para saber o motivo de as casas terem sido interditadas.

“Não sabemos o que vai acontecer daqui para a frente, ninguém fala nada. Eu só sei que minha filha está para nascer e eu não tenho um lugar para ficar”, finaliza Maciel.

Outra moradora que está sofrendo com a situação é a comerciante Maria do Socorro da Silva, vizinha de Maciel. Ela tem um filho de 20 anos e outro de 9, e todos estão ficando na casa da irmã dela.

Ela conta que o imóvel está todo trincado, que a calçada cedeu e a casa inclinou em direção ao calçamento. “Eu moro há 18 anos no mesmo lugar e nunca vi isso acontecer”.

Segundo Maria, desde domingo, nenhum dos três entrou na casa, e estão “se virando” com algumas peças de roupa que pegaram no dia do ocorrido. Ela possui uma mercearia no Jardim Gonzaga, e todas as noites precisa ir até a vila Angélica para dormir na casa da irmã.

“É uma situação muito difícil porque muda toda a nossa rotina, preciso acordar mais cedo para fazer as coisas, tenho que comer marmita no almoço porque não tenho onde cozinhar, durmo numa casa que não é a minha. É duro…”.

O gerente regional da Sabesp, Adriano José Branco, argumenta que não houve obras da empresa na rua Roque Bueno de Campos, e sim “apenas um reparo de vazamento”, que foi realizado após acionamento dos próprios moradores.

“Nossos engenheiros estão avaliando para descobrir qual foi a verdadeira causa das rachaduras e, caso tenha alguma ligação com a intervenção feita pela Sabesp, a empresa vai ressarcir os donos de qualquer prejuízo que eles possam ter tido”, informou Branco.

Por enquanto, os imóveis continuam sendo avaliados e, segundo ele, não há necessidade de desocupação da área. “Não dá para saber se tem ou não o risco de desabamento, mas, por enquanto, não achamos necessária a desocupação das residências”.

O coordenador adjunto da Defesa Civil explica que, quando um imóvel é interditado pelo órgão, somente a DC pode fazer a liberação do local.

“Mesmo depois que os reparos sejam feitos nas casas, nós teremos que ir até lá para vistoriar e dar o aval para que os moradores voltem para o imóvel”, frisa.