Da reportagem
Em maio, o município atingiu número recorde de desligamentos no mercado de trabalho formal. Conforme o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), 675 vagas de emprego com carteira assinada foram fechadas no período.
O resultado, decorrente de 349 contratações para 1.024 demissões, é o pior já ocorrido desde 2007, início da série histórica de relatórios do órgão da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia.
O chefe da agência regional do Ministério do Trabalho em Tatuí, Ricardo Augusto Ordonio de Morais, apontou que a baixa nos empregos já era esperada, porém, “não de forma tão devastadora”.
O pior desempenho da série, até então, havia sido apurado em dezembro de 2011, com o fechamento de 499 postos de trabalho – mesmo ano em que o órgão apurou o pior resultado para o mês de maio, com saldo negativo de 164 vagas.
“Entre em 2008 e 2009, tivemos uma crise econômica que abalou o mundo todo, e nem naquele momento a região foi tão afetada quanto agora, em meio a essa pandemia”, comentou o chefe da agência.
O setor tatuiano que mais sofreu com a queda, no quinto mês deste ano, foi o comércio. A atividade econômica fechou 316 postos de trabalho – resultado de 85 contratações para 401 demissões.
Entre os subtores, o comércio atacadista obteve o pior desempenho, com saldo negativo de 241 empregos. Em seguida, aparecem o setor varejista (menos 45 postos) e de comércio de recuperação de veículos e automóveis (menos 30 vagas).
Apesar de o comércio figurar na primeira posição do ranking de desempregos, Morais explicou que os números do setor, geralmente, refletem os impactos das demais atividades econômicas.
“Quando outros setores têm muitas demissões e começam a perder renda de alguma forma, as pessoas passam a comprar somente o essencial, e o comércio é o que mais sente. Neste ano, ainda tem a questão da quarentena, e, com lojas fechadas, o impacto é ainda pior”, argumentou Morais.
O setor industrial obteve o segundo pior desempenho de maio, com a redução de 260 vagas de trabalho, advindas de 140 contratações para 400 demissões. A indústria de transformação influenciou os números do setor, com o fechamento de 267 postos de trabalho.
Outros dois subsetores da atividade econômica obtiveram saldo positivo: eletricidade e gás (mais dois) e indústrias extrativas (mais cinco). No entanto, não foram suficientes para equilibrar o saldo do setor e fechar o mês no “azul”.
As atividades econômicas que envolvem prestação de serviços aparecem com o terceiro pior resultado do quinto mês do ano. O setor fechou 89 postos de trabalho, oriundos de 181 desligamentos para 92 admissões.
Na análise entre os cinco subsetores, o relatório mostra que o pior desempenho ficou para atividades da administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (menos 89 vagas).
Em seguida, aparecem: informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias e profissionais da administração (menos 31); transporte, armazenagem e correios (menos 17); alojamento e alimentação (menos 16); e outros serviços (menos seis).
Com saldo negativo, também aparece o setor da construção civil, que fechou 27 postos de trabalho – resultado de oito contratações para 35 desligamentos. Nas obras de construção de edifícios, 24 vagas foram extintas, enquanto outras três foram no setor de infraestrutura.
Já a agropecuária foi na contramão dos outros setores e fechou o mês com saldo positivo, criando 17 postos de trabalho, vindos de 24 contratações para sete desligamentos.
Esse foi o terceiro mês do ano a fechar com saldo negativo. Em janeiro, 17 postos de trabalho acabaram fechados na cidade, com 936 contratações e 951 desligamentos. Em fevereiro, os números subiram, e 232 novas vagas foram geradas.
A tendência de saldo positivo foi mantida em março, com mais cinco postos de trabalho. Contudo, a queda no número de contratações e a alta das demissões registrada no mês de abril, com o fechamento de 279 vagas, e, na sequência, a de maio, contribuiu para que o saldo fosse negativo também no acumulado dos cinco meses do ano.
Conforme o relatório do Caged, de janeiro a maio, 3.405 trabalhadores foram contratados, enquanto 4.429 acabaram demitidos, o que resultou no fechamento de 1.024 vagas formais de emprego na cidade.
No acumulado dos cinco meses, dois setores fecharam com saldo positivo: serviços, com a geração de 99 novas vagas, e agropecuária, com mais 15 postos. Os outros três setores analisados tiveram baixa: comércio (menos 570), construção (450) e indústria (menos 118).
Ainda segundo o levantamento, comparadas aos primeiros cinco meses de 2019, as admissões caíram 8,81% e as demissões subiram 19,18%. O levantamento não leva em consideração funcionários públicos estatutários e trabalhadores na informalidade.
O estudo do órgão do Ministério da Economia mostra que, assim como em Tatuí, o saldo de empregos com carteira assinada no país também fechou negativo no quinto mês do ano. A retração foi de 331.901 postos de trabalho com 703.921 admissões para 1.035.822 desligamentos.
As cinco regiões do país tiveram saldo negativo em maio. Proporcionalmente, o pior resultado foi registrado no Sul, com redução de 1,10%, percentual equivalente a 78.667 postos de trabalho a menos no quinto mês do ano.
No Sudeste, o resultado ficou em menos 180.466 vagas. Depois, na sequência, vêm Nordeste (menos 50.272), Norte (menos 10.151) e Centro-Oeste (menos 12.580).
Entre os estados com piores resultados, estão São Paulo (menos 103.985), Rio de Janeiro (menos 35.959), Minas Gerais (menos 33.695) e Rio Grande do Sul (menos 32.106). Apenas o Acre teve mais contratações que demissões, com 1.127 novas vagas.
No país, o grupamento de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura também apresentou resultado positivo no mês, com 15.993 novos postos. No acumulado do ano, o setor chegou ao saldo positivo de 25.430 vagas.
As outras atividades econômicas tiveram os seguintes resultados: serviços (menos 143.479), indústria geral (menos 96.912), comércio (menos 88.739) e construção (menos 18.758).
Para Morais, nos próximos meses, a expectativa é de que os empregos com carteira assinada continuem em baixa. Contudo, ele pondera que, “talvez, o resultado negativo não seja tão expressivo” quanto o registrado no quinto mês do ano.
“Acredito que essa situação não vai se restabelecer tão cedo. Assim como em todo o país, vamos precisar de alguns meses para conquistar todos os empregos perdidos e pelo menos chegar a um patamar igual ao que estávamos antes da pandemia”, concluiu o chefe.