Tatuiana vai expor pesquisa em congresso





Amanda Mageste

Enfermeira Pauliane Jardim vai apresentar pesquisa em Coimbra, Portugal

 

A enfermeira Pauliane de Souza Jardim Pires de Melo apresentará a pesquisa de iniciação científica “Situações das Egressas do Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica da PUC-SP/1998-2008” no “IV Congresso de Investigação em Enfermagem Ibero-Americano e de Países de Língua Oficial Portuguesa”, na Escola Superior de Enfermagem, em Coimbra, Portugal.

A pesquisa foi desenvolvida por Pauliane sob a orientação da professora Valdina Marins Pereira, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, na área de ciência da saúde – enfermagem.

O congresso tem como objetivo o desenvolvimento de rede de centros de excelência de investigação em enfermagens e ciências afins da Ibero-América e da África.

Pauliane contou que a ida a Coimbra vai ser uma grande oportunidade, para ela e para os enfermeiros que atuam na área de pesquisa, de apresentar os trabalhos desenvolvidos. Isto porque, segundo ela, aqui no Brasil, ainda não é comum as enfermeiras atuarem neste campo.

“Adoro a parte assistencial de enfermeira, mas sempre tive vontade de atuar pelo lado acadêmico, é diferente e causa um estranhamento nas pessoas. Mas, fiz e faço isso porque gosto de estudar, simplesmente”.

“E é por isso que quero tentar popularizar a pesquisa, quero que as pessoas entendam que não é só quem é cientista, não é só quem é professor que pode ir para essa área acadêmica”, explicou.

Conforme Pauliane, o trabalho foi enviado para o aceite no congresso por Valdina, que foi quem convidou a enfermeira para fazer os estudos e trabalhos de campo sobre o assunto.

O convite da orientadora veio no primeiro ano de faculdade. De acordo com a enfermeira, Valdina “percebeu” que ela gostava bastante de estudar e apresentou a proposta, a qual, de imediato, foi aceita.

Pauliane disse que é uma área totalmente direcionada ao trabalho de enfermagem de análise de campo. Algo que, segundo ela, é difícil encontrar no Brasil.

A pesquisa tinha como objetivo entender o motivo de várias enfermeiras entrarem para o curso de obstétrica, estudarem até o final e desistirem de atuar ou, até mesmo, de apresentar o TCC (trabalho de conclusão de curso) e, consequentemente, conquistar o certificado.

“Pagavam um ‘dinheirão’, que é supercaro para fazer especialização, é trabalhoso, muito puxado, tinham que dar plantão no Hospital Santa Lucinda de final de semana, tinham que fazer 25 partos normais para conseguir a certificação, e elas não voltavam para pegar”, contou. “Então, para que investir tempo e dinheiro e parar?”

“É complicado, também, porque todos os partos têm que ser feitos na área SUS (Sistema Único de Saúde), porque é somente este o convênio que a faculdade tem com o hospital, e, nessa área, tem os médicos que acabam ‘complicando’, porque eles recebem pelo parto e querem fazer também. É muita dificuldade que passamos para desistir”, ressaltou Pauliane.

Conforme ela, foi preciso procurar 120 enfermeiras que estudaram na PUC-SP, de Sorocaba, para iniciar a pesquisa. “Foi um trabalho difícil, porque dez anos depois eu tive que ir atrás dessas pessoas. Os endereços e telefones, quase todos estavam defasados, não existiam”.

“Até que consegui contato com o Coren (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) para conseguir os dados atualizados das enfermeiras e iniciar a pesquisa. Enviei questionários para elas responderem em que estavam trabalhando e o motivo pelo qual pararam de atuar na obstetrícia”, afirmou.

O trabalho, feito em 14 meses, fez Pauliane chegar ao resultado de que a maioria das profissionais consultadas saiu da área devido ao “enfrentamento” médico, pois, de acordo com ela, eles “demonstram muita resistência com enfermeiras fazendo parto normal”.

“Acontece que elas saíam, iam fazer outra especialização, em outra área. Grande parte delas foi dar aula mesmo e abandonou a obstetrícia”, disse.

O curso de especialização em enfermagem obstétrica consiste em aulas teóricas e práticas, que capacitam as enfermeiras a efetuarem parto normal, desde que, depois de feitos todos os exames, seja constatado que, provavelmente, não vai haver complicações.

“Após a conclusão do curso, a enfermeira está completamente apta a atuar em partos normais, mas, qualquer sinal de problema, o médico deverá ser chamado na hora”, explicou Pauliane.

Sobre a ida

O Congresso em Portugal acontecerá entre os dias 20 e 27 de julho e a enfermeira garantiu que estará presente, pelo menos no dia de apresentar a pesquisa.

“Não sei como vou, mas vou de qualquer jeito, mesmo se for um dia só, para representar a minha classe, pegar meu certificado, porque é muito importante para mim, é muito importante para a enfermagem, para a PUC, para Tatuí. Com certeza, quando estiver lá, faço questão de falar que sou daqui”.

“Conseguir uma bolsa ProUni (Programa Universidade Para Todos) depois de casada, de ser mãe, de estar há nove anos fora da escola e ter esse trabalho premiado, é uma realização muito grande e que não é só minha, é de todo mundo que acompanhou, de todos que torcem pela enfermagem, pela obstetrícia. Então, eu tenho que ir, é obrigação”, concluiu Pauliane.