Tatuí­ ‘perde’ 902 postos no ano passado

 

O mercado de trabalho em Tatuí teve o pior desempenho da série histórica em 2016. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTPS (Ministério do Trabalho e Previdência Social), foram fechados 902 postos de trabalho no ano passado.

O número de 2016 foi 25,45% maior do que o registrado em 2015. Naquele ano, foram fechadas 719 vagas de emprego em Tatuí. Em 2014, o Caged contabilizou 881 postos de trabalhos encerrados.

No período entre janeiro de 2014 a dezembro de 2016, foram fechadas 2.502 vagas de trabalho em Tatuí. É a primeira vez, desde o início da série histórica do Caged, que a cidade tem desempenho negativo por três anos consecutivos.

O Ministério do Trabalho contabilizou 8.074 admissões e 8.976 desligamentos no ano passado. Das contratações, 570 constaram como o primeiro emprego do funcionário, 7.220 reempregos e 2 reintegrações. Entre as demissões, 6.021 foram sem justa causa e 103, motivadas por faltas graves de empregados.

Apesar do recorde no saldo negativo no mercado de trabalho, o Caged registrou menor movimentação de baixas e admissões desde 2011. Como exemplo, o número de jovens que assinaram a carteira pela primeira vez caiu quase que pela metade. Em 2015, foram 1.031 casos de primeiro emprego, enquanto que no ano passado, 570.

A quantidade de pessoas que solicitaram a demissão também foi menor. Caiu de 2.795, em 2015, para 1.692, em 2016. O número “bruto” de desligamentos caiu de 12.158, em 2015, para 8.976, em 2016.

Segundo o chefe da Agência Regional do Ministério do Trabalho em Tatuí, Antonio Carlos de Morais, o fechamento das vagas de emprego na cidade foi impulsionado pelos setores industriais, de construção civil e comércio.

O setor que mais fechou vagas de trabalho no ano passado foi o da indústria de transformação. No total, as empresas do ramo em Tatuí encerraram 454 postos.

As ocupações com maior número de demissões foram as de montador de equipamentos elétricos (-54 vagas), assistente administrativo (-52), mecânico de manutenção de máquinas, em geral (-34), forneiro de materiais para construção (-24) e inspetor de qualidade (-23).

“Uma questão que pesou bastante no ano passado foi a da Rontan, que está parada. Outras empresas que prestavam serviços a ela também demitiram funcionários. Quando uma empresa grande está com dificuldades, toda a cadeia produtiva sai prejudicada”, explicou Morais.

A suspensão de construção e o término das obras do residencial Vida Nova Tatuí, do programa federal Minha Casa Minha Vida, podem ter impulsionado as demissões de trabalhadores da construção civil, conforme Morais. O ramo foi o segundo em número de desligamentos.

No setor da construção, Tatuí perdeu 81 vagas de pedreiro, 51 de servente de obras, 11 de pintor de obras, 9 de pintor a pincel e rolo e 9 de pedreiro de edificações. Ao todo, dentre todas as ocupações disponíveis no site do Ministério do Trabalho, foram encerrados 212 postos de trabalho.

O comércio teve o terceiro pior desempenho dentre os setores analisados pelo Caged. Ao todo, foram demitidos 129 empregados, dentre eles, 45 operadores de caixa e 36 vendedores varejistas, 17 auxiliares de escritórios, 15 frentistas e 14 açougueiros. O setor também perdeu 14 postos de gerentes de lojas e supermercados.

“Creio que o comércio tinha uma previsão de vendas que não se concretizou. Acho que muitas empresas seguraram funcionários somente pelas vendas de fim de ano e que depois demitiram”, argumentou.

No setor de serviços, as áreas de comércio e administração de imóveis (-55) e de educação (-41) foram as mais atingidas pelo fechamento de vagas de trabalho. No geral, o setor teve menos 18 postos.

“As empresas de serviços sempre procuravam segurar os funcionários, esperando uma retomada no crescimento. Isso ocorria pela perspectiva de melhoria na economia, mas como veio a frustração, eles precisaram demitir”, justificou Morais.

Segundo o chefe da agência local do ministério, algumas empresas que necessitam de trabalhadores especializados acabam aceitando pagar um “preço mais alto” ao manter o funcionário trabalhando.

“Tem a questão do trabalhador especializado, pois é mais difícil contratar. A empresa corre o risco de demitir e depois precisar de um funcionário. Daí tem a implicação da seleção, da contratação e de o novo trabalhador não se adaptar à filosofia de trabalho”, disse.

O único ramo que registrou aumento de número de vagas em Tatuí foi o extrativista mineral, com apenas dois novos postos. Os outros setores tiveram redução do número de empregados, como o da agropecuária, caça e pesca (-38 vagas), administração pública (-49) e serviços de utilidade pública (-4).

Começo de ano ruim

O chefe da agência local do ministério afirmou que considera que 2017 começou de forma pouco animadora e contrariou as expectativas que ele próprio tinha com a virada do ano. Em janeiro, o órgão homologou 109 demissões. Até o dia 1o deste mês, 77 homologações estavam agendadas.

“Creio que as homologações em fevereiro devem ficar em torno de 110. É um número alto, considerando o fato de o mês ser mais curto e ter o feriado de Carnaval”, ponderou.

Morais afirmou que acreditava que as demissões atingiriam o “fundo do poço” no ano passado. Para ele, os números de homologações estabilizariam neste início de ano.

“As homologações, ao invés de diminuírem, como eu acreditava, estão aumentando. Teve um crescimento considerável”, opinou.

O responsável pelo Ministério do Trabalho em Tatuí explicou que a maior parte das homologações de demissões é realizada em subsedes de sindicatos instaladas na cidade. “Quando o sindicato não tem base em Tatuí, os empregados vêm para a agência para realizarem a homologações”.