Sta. Casa inaugura sala para ‘salvar vidas’

Espaço acolherá familiares de pacientes com morte encefálica e que possam doar órgãos (foto: Diléa Silva)

A Santa Casa de Misericórdia de Tatuí, por meio da Comissão Intra-Hospitalar de Transplante, inaugurou na manhã de sábado, 27 de abril, uma sala de acolhimento familiar para captação e doação de órgãos.

Conforme anunciado, o espaço é voltado aos parentes de pacientes diagnosticados com morte encefálica, que são potenciais doadores de órgãos. A sala foi mobiliada e equipada com apoio do Rotary Club de Tatuí, Rotary Club de Tatuí – Cidade Ternura e Fundação Rotária.

A cerimônia, que aconteceu dentro do hospital, contou com a presença da prefeita Maria José Vieira de Camargo; do ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo, representando o deputado federal Samuel Moreira (PSDB); da interventora da Santa Casa, Márcia Giriboni de Souza; e da enfermeira Márcia Regina Ricciolli, responsável técnica de enfermagem da Santa Casa.

Também estiveram presentes secretários, vereadores e integrantes de clubes do Rotary, assim como o presidente do Rotary Club de Tatuí, José Eduardo Cantieri Costa; o governador do Distrito Rotário 4.620, Valdir Paezani; e o presidente do Rotary Club Tatuí – Cidade Ternura, Carlos Orlando Mendes Filho.

A enfermeira coordenadora da comissão e responsável técnica da enfermagem da Santa Casa, Márcia Regina Ricioli, salientou que a inauguração do espaço era uma necessidade do hospital – que até então, não tinha uma sala reservada para acolher e orientar os familiares de possíveis doadores.

Conforme a coordenadora, todos os hospitais públicos, privados e filantrópicos com mais de 80 leitos devem ter uma comissão intra-hospitalar de transplante.  As comissões são responsáveis por organizar o hospital para que seja possível detectar possíveis doadores de órgãos e tecidos no hospital.

Márcia – que começou a trabalhar na Santa Casa em 2017 – contou que, desde então, é coordenadora da comissão e vem buscando “fortalecer a conscientização sobre a doação de órgãos”.

Junto à amiga Rita Corradi – também voluntária em campanhas de doação de sangue e medula óssea -, ela procurou o Rotary em busca de parceria para conquistar os equipamentos necessários.

Ela explicou que, até então, a entrevista com os familiares do paciente com morte encefálica acontecia na porta da UTI (unidade de terapia intensiva), enquanto que o ideal seria fazê-la em um ambiente “aconchegante e acolhedor”.

“Ninguém quer falar da morte de um ente querido na porta da UTI. Então, tínhamos o sonho de fazer esta sala para receber as pessoas e orientá-las, principalmente, por ser um momento difícil, no qual é necessário comunicar a morte de um ente querido”, declarou.

Uma sala já existia na Santa Casa, porém, estava em outro uso. Ela recebeu nova pintura, sofás, armário, mesa de centro e decoração. Além disso, por meio da parceria com os Rotarys, o hospital conseguiu adquirir mantas térmicas e um aquecedor.

Segundo Márcia, os equipamentos adquiridos em parceria com os Rotarys Clubs poderão ajudar a viabilizar a captação de órgãos. Ela explica que pacientes com morte encefálica têm hipotermias graves e um dos critérios para a doação de órgãos é manter a temperatura corporal do doador acima de 35 graus.

“Com o recurso que a gente tinha anteriormente, muitas vezes, não conseguíamos aquecer o corpo do doador. Usávamos cobertores e até mesmo um aquecedor emprestado da pediatria, mas, às vezes, não era suficiente. Precisávamos dessas mantas térmicas específicas”, informou.

Márcia acrescentou que a sala e os aparelhos são requisitos que o hospital precisava ter para pleitear recursos que governo do estado fornece para as CIHTs. “A doação de órgãos pode salvar vidas, e, por isso, queremos continuar com nossa comissão. Vamos ver se conseguimos estes recursos”, comentou.

A enfermeira ainda informou que o novo espaço e os equipamentos já possibilitaram o atendimento de uma família e a captação de órgãos de um paciente que teve morte encefálica, na semana passada (reportagem nesta edição).

(foto: Diléa Silva)

“Foram doados fígado, rins, córneas e ossos, que poderão salvar outras vidas. Tudo isso só foi possível porque o Rotary nos ajudou e a gente tinha a manta térmica para manter a temperatura do paciente doador”, completou.

O presidente do Rotary Club de Tatuí, José Eduardo Cantieri Costa revelou que a doação veio por meio do projeto “Vida Salvando Vidas”, realizada pelo Rotary Club em incentivo à doação de órgãos.

Ele contou que as comunidades rotárias se mobilizaram em eventos como a primeira Noite Rotary Gaúcha e doações voluntárias para conquistar recursos. “Essas ações foram fundamentais para que atingíssemos os nossos objetivos”, afirmou.

A O Progresso, o presidente informou que o projeto para ajudar a Comissão Intra-Hospitalar de Transplante teve início em 2017 em diversas frentes, envolvendo todos os Rotarys Clubs, patrocinadores e prefeitura.

Ainda revelou que o Rotary Club de Tatuí deve continuar com a campanha “Vida Salvando Vidas”, agora no sentido de conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos.

“Conseguimos entregar a sala e os aparelhos, mas este projeto não se finaliza hoje. Ele é apenas o início, porque agora temos a missão de falar da importância da doação de órgãos e o quanto ela pode ser útil para salvar vidas”, acrescentou.

Costa contou que, em breve, a prefeitura e os Rotarys devem entregar os equipamentos da UTI, conquistados por meio de uma verba de US$ 45 mil do projeto de subsídio global “Tecnologia Salvando Vidas”, da Fundação Rotária, do Rotary Internacional.

“Este projeto também teve início em 2017 e só agora a gente conseguiu a conclusão. É um projeto do Rotary Club de Tatuí – Cidade Ternura, em parceria com o Rotary Club de Tatuí e mais cinco Rotarys Clubs, inclusive, parceiros internacionais. O recurso já foi depositado e está em fase de aquisição dos equipamentos. Em breve, vamos entregar”, afirmou.

Valdir Paezani, governador do Distrito 4.620 – que abrange a cidade de Tatuí – destacou que o acolhimento à família é uma das “coisas mais importantes em um momento de dor” e parabenizou o trabalho dos Rotarys tatuianos em conjunto com a Santa Casa e a prefeitura.

“A cidade, que tem um grupo maravilhoso e está fazendo belos trabalhos como este, não precisa ter dúvida de que tudo caminhará e dará certo. Com este exemplo que vocês estão dando, acredito que todos sejam doadores”, ressaltou.

De acordo com a prefeita Maria José, o espaço inaugurado poderá trazer mais “carinho, amor, conforto e solidariedade” às famílias enlutadas. Ela ressaltou que, desde 2017, quando iniciou a gestão no Executivo e a intervenção na Santa Casa, a prefeitura vem buscando melhorias para o hospital.

“Lutamos. Pagamos os funcionários, reabrimos a UTI, reabrimos o Banco de Sangue, mas não era o suficiente; começamos o projeto ‘Abrace a Santa Casa’, reconstruímos 33 apartamentos e 111 leitos, e, hoje, muitos hospitais da região têm como base e como referência a Santa Casa de Tatuí”, afirmou.

A prefeita também lembrou que outros investimentos devem ser inaugurados ainda no mês de maio, como a pediatria e o novo centro cirúrgico, além de um novo plano de saúde, a Coopus, que deve iniciar as atividades dentro da instituição no segundo semestre.

“Tenho certeza de que, com essas melhorias e com a parceria dos voluntários e dos Rotarys Clubs de Tatuí, até o final do ano, teremos um hospital inteiro novo, graças à solidariedade e ao carinho dos tatuianos com a nossa Santa Casa”, concluiu.