Socorro!





Os pacientes que tentaram acionar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Tatuí, no final de semana, não conseguiram entrar em contato com a central que o coordena pelo número 192. Os telefones ficaram fora de operação por quase 48 horas. O motivo da interrupção das linhas foi um furto de cabos telefônicos ocorrido na região.

O problema começou na manhã de sábado, 23, e persistiu até a madrugada de domingo para segunda-feira, 24 para 25, sendo a maior dificuldade de comunicação já enfrentada pelo serviço de saúde até hoje. Ele atingiu oito cidades atendidas pelo Samu na região de Itapetininga, da qual Tatuí faz parte.

De acordo com a coordenadora regional do Samu, enfermeira Gabriela Brito, o furto dos cabos telefônicos impediu que as cidades que integram a base regional do serviço entrassem em contato com a central de Itapetininga.

O problema foi detectado, inicialmente, pelo Corpo de Bombeiros de Itapetininga, que também teria encontrado dificuldades para acionar o serviço nas primeiras horas da manhã de sábado.

A coordenadora do Samu foi avisada e entrou em contato com a empresa de telefonia Vivo, que informou que a interrupção acontecera em decorrência do furto dos cabos.

Gabriela não soube precisar o local da ocorrência, mas afirmou que não apenas as ligações do Samu foram afetadas. Outros problemas de telefonia teriam sido registrados na região.

Para que a população pudesse entrar em contato com o Samu, a central encaminhou comunicados à imprensa, relatando o problema e orientando as pessoas que ligassem para o Corpo de Bombeiros (193), o qual repassava as informações ao Samu.

Segundo a enfermeira, mesmo com o telefone 192 fora de funcionamento, os atendimentos continuaram a ser realizados.

Conforme informado pelo Samu, esse foi o maior problema de comunicação já enfrentado pela central, que durou quase 48 horas e atingiu os oito municípios da rede regional: Itapetininga, Quadra, Campina do Monte Alegre, Alambari, Sarapuí, Angatuba, Guareí e Tatuí.

Ainda segundo a central do Samu, o problema ocorrido no final de semana foi um caso isolado e não representaria provável fragilidade do serviço, uma vez que interrupções dessa dimensão nunca foram registradas pelo órgão. Além disso, o problema esteve relacionado a um caso de furto de cabos, e não diretamente ao sistema do Samu.

A empresa de telefonia fez a reinstalação dos cabos durante o final de semana e, de acordo com o Samu, às 2h da segunda-feira, 25, os atendimentos estavam normalizados.

Em Tatuí, foi registrada pelo menos uma reclamação quanto ao telefone fora de funcionamento. Segundo a coordenadora da unidade local do Samu, enfermeira Andreia Fonseca, uma nota de esclarecimento foi publicada no site da Prefeitura de Tatuí para informar a população sobre o fato.

Os pacientes também foram orientados a entrar em contato com o Corpo de Bombeiros ou ligar diretamente para o telefone fixo da base do Samu no município. Para que os atendimentos não fossem prejudicados, as ocorrências foram repassadas via rádio para a central em Itapetininga.

O Samu trabalha com 40 profissionais (entre médicos, enfermeiros, atendentes e responsáveis pela conservação e serviços gerais) e cinco ambulâncias. São registradas aproximadamente 700 ocorrências ao mês. Somente aos finais de semana, o Samu recebe, em média, 40 chamados.

A situação enfrentada pelo Samu é exemplo claro de que determinadas ações não se resumem à superficialidade, muitas vezes, causando ondas de novos problemas.

Neste caso, um crime “não fatal” – o roubo de cabos -, em última instância, poderia resultar na morte de uma ou mais pessoas, impedidas de receberem o socorro necessário pela simples falta de comunicação com o serviço competente.

Fossem identificados e detidos os criminosos – cuja prática é antiga e generalizada, causando incontáveis prejuízos não só à empresa de telefonia, mas nas obras em construção nos quatro cantos da cidade -, não seria melhor que fossem acusados de tentativa de homicídio, ao invés de simples furto?

Mas, talvez, a despeito do motivo da condenação, melhor ainda seria punir os punguistas com a pena de algum trabalho tido como “honesto” – seja qual for. Provavelmente, eles iriam sofrer mais que a maioria das pessoas que necessitam do socorro do Samu.