Representantes de sindicatos com base em Tatuí estão articulando adesão à greve geral marcada para a sexta-feira, 28. De acordo com as associações ouvidas por O Progresso, categorias como as dos bancários, motoristas, trabalhadores da Saúde e metalúrgicos são as mais propensas a cruzarem os braços em manifestação contra as reformas propostas pelo governo Michel Temer.
Na semana passada, líderes de sindicatos realizaram reuniões para articularem a paralisação, marcada para ser iniciada à 0h de sexta-feira e encerrada à 0h de sábado, 29.
De acordo com o presidente do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região), Ronaldo José da Mota, cerca de 4.000 trabalhadores do ramo e funcionários de empresas terceirizadas devem aderir ao movimento.
Somente na Ford e em prestadoras de serviços à multinacional, podem parar entre 600 e 700 empregados.
“É um manifesto contra a reforma trabalhista, previdenciária e também contra a terceirização que foi aprovada. Todas as centrais sindicais estão unidas e aderiram ao movimento”, explicou.
Funcionários que não aderirem à greve podem ficar sem transporte para os locais de trabalho. O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Sorocaba e Região confirmou que motoristas de empresas de ônibus urbanos, interurbanos e rodoviários, além de fretamentos, irão parar por 24 horas.
Conforme a assessoria do sindicato, a ideia é que trabalhadores do ramo de transporte de cargas, também abrangidos pela associação, parem os trabalhos na sexta-feira. Assembleias serão realizadas no início da semana para “acertar os detalhes da mobilização”.
Agências bancárias da cidade também podem permanecer fechadas durante o dia de paralisação, de acordo com o Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região.
A diretora Maria Aparecida Cassetani informou que membros da associação estão entrando em contato com as superintendências regionais dos bancos da RMS (Região Metropolitana de Sorocaba) para aconselharem as agências a permanecerem fechadas na sexta-feira.
O temor da direção é de que empregados de outras categorias “fechem na marra” as agências e que haja perigo de tumulto entre os grevistas.
“É um movimento pacifista, mas não sabemos o que pode ocorrer. O pessoal anda com muita raiva. Então, é delicado dizer que será tudo muito tranquilo. O que estamos falando (para os superintendentes) é que não abram, não deixem os funcionários em risco nas agências”, frisou.
Outras categorias estão mais reticentes em relação à adesão. A dos comerciários, por exemplo, deve aguardar definições da regional de Sorocaba. Na principal cidade da região, 10 mil trabalhadores do ramo estarão passando nos comércios para mobilizar os empregados.
O vice-presidente do Sincomerciários (Sindicato dos Empregados do Comércio de Itapetininga, Tatuí e Região), Reinaldo José Custódio, afirmou “ser complicado” conseguir mobilização na cidade.
Somente em Tatuí, são 5.000 associados. Ele espera que a regional de Sorocaba mande manifestantes para a cidade, para que ajude na mobilização local. Entretanto, não garante que a categoria entre em greve.
O presidente do Sinsaúde (Sindicato Único dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Sorocaba e Região), Milton Sanches, acredita que a categoria deve focar esforços na mobilização em Sorocaba. Em Tatuí, a possibilidade de trabalhadores da Santa Casa aderirem ao movimento é pequena.
Uma das categorias com maior poder de mobilização, a dos professores estaduais, espera definições da sede de São Paulo para aderir à greve.
A ideia é montar uma caravana com educadores de Tatuí para juntar-se à manifestação na avenida Paulista, marcada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).
Curiosamente, a mobilização dos professores para a passeata paulistana esbarra na própria greve geral. Os educadores não encontram empresas dispostas a oferecer fretamento, por conta da mobilização dos motoristas.
“Na segunda-feira, teremos como saber da mobilização. As empresas estão com medo de oferecer ônibus”, disse a representante da Apeoesp, Raquel Vivi Convento.
Os servidores públicos municipais farão assembleia no início da próxima semana para decidirem se participam. A presidente do Sindserv Tatuí (Sindicato dos Servidores Públicos de Tatuí e Região), Maria Cláudia Adum, afirmou entender o caráter da mobilização, entretanto, deve “consultar a base” para definir.
A tendência, caso a categoria se junte à greve geral, é que trabalhadores da Saúde fiquem de fora da mobilização, que pode atingir servidores como os da Educação. A Prefeitura emprega mais de 3.500 pessoas.