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Internos do asilo (à frente) acompanharam apresentações de estudantes de produção da Fatec (ao fundo)
Apresentações musicais ao invés de situações vexatórias têm sido práticas recorrentes da Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”, como rito de passagem para quem ingressa no ensino tecnológico.
Pelo menos, para alunos do primeiro semestre do curso de produção fonográfica. Na tarde de quinta-feira, 19, perto de 40 alunos realizaram evento que beneficiou o Lar São Vicente de Paula e consistiu em aula prática.
Denominada de “Trote Solidário Musical”, a iniciativa acontece desde 2011. Ela também envolve estudantes de todos os cursos oferecidos pela instituição. A unidade tatuiana é adepta de um modelo diferente do trote convencional.
“Antes, nós já fazíamos uma recepção diferente, como as doações de sangue e arrecadação de mantimentos. Depois, com a produção fonográfica, nós começamos a realizar uma ação diferenciada em entidades”, explicou o coordenador do curso, Luis Antonio Galhego Fernandes.
O primeiro trote com música envolveu alunos veteranos, que cursavam o segundo semestre de produção fonográfica. A ação acontece em duas etapas. Na primeira, todos os estudantes calouros – e também veteranos –contribuem com doação de alimentos. Na segunda, os materiais são separados e entregues para instituições do município. Atualmente, duas são beneficiadas.
Para marcar a cessão, a instituição promove show produzido pelos alunos de produção fonográfica. No primeiro semestre do ano, a instituição atende ao asilo; no segundo, beneficia com o mesmo evento o Lar “Donato Flores”.
Na quinta, os estudantes repassaram para a diretoria do São Vicente de Paula 112 latas de óleo, 33 pacotes de café, além de quilos de feijão, macarrão, goiabada, açúcar, farinha e farinha de trigo. “Nós fazemos a entrega e, imediatamente, os alunos realizam apresentação musical”, disse Fernandes.
A arrecadação dos alimentos se deu nos dez primeiros dias de aula. A Fatec iniciou o ano letivo em fevereiro. Depois da coleta, os estudantes realizaram a contagem dos produtos e o contato com a instituição para efetivar a entrega.
“Basicamente, eles arrecadaram óleo e café, mas os alunos fizeram algumas surpresas e trouxeram itens que não estavam previstos, como goiabada e macarrão para ajudar os internos”, comentou o coordenador do curso.
Fernandes disse que essa “modalidade de trote” insere os novatos junto aos veteranos “de maneira mais saudável”. A atividade marca a introdução dos alunos no meio acadêmico e também proporciona a eles contato com o público.
“É uma atividade prática e que começa com um público bastante importante. São pessoas que precisam de atenção e de carinho”, argumentou.
A programação musical (escolha do repertório, dos cantores e ordem e tempo de apresentação) é definida pelos próprios estudantes. O coordenador dividiu os alunos em dois grupos. “Os que tocam, têm aptidão ou habilidade musical se apresentam. Os que não tocam, organizam o evento”, contou.
No entanto, todos dividem as responsabilidades. Elas incluem a contagem dos alimentos e o transporte dos produtos da faculdade até a instituição beneficiada. A colaboração inclui cessão de instrumentos, fotografias e filmagens.
“Alguns dos estudantes ficam encarregados até de dançar com os senhores e senhoras. Então, cada um tem uma atividade a desenvolver”, descreveu Fernandes.
Todo o processo conta como atividade prática. Após o evento, os alunos têm de produzir um relatório com os objetivos propostos e cumpridos. “Eles são avaliados também pela habilidade e pela escrita. Leciono metodologia do trabalho científico. Então, analiso o relatório, como os estudantes incluem uma figura, uma tabela e o resultado final da ação”, comentou.
Entre as avaliadas está Natanie Paula Montori da Rocha. Caloura do curso de produção fonográfica, ela integrou o grupo dos organizadores. “Nós tentamos agradar os internos, o que não deixa de ser uma forma de testar os nossos conhecimentos. Também tira aquele aspecto ruim do trote”, argumentou.
A estudante considera o modelo adotado pela Fatec como um dos mais bem-sucedidos. O principal argumento é que o evento representa melhora de vida para muitas pessoas. “Além de fazer o bem para nós, faz para os outros”, declarou.
Para o presidente do Lar São Vicente de Paula, o fisioterapeuta Ivan Rezende, “modelo musical de trote é fantástico”. “É um exemplo para as outras faculdades. Além do benefício que traz para os nossos assistidos, existe a entrega de alimentos que são arrecadados por meio de campanha”, enfatizou.
Rezende elogiou o comprometimento dos estudantes e a organização da atividade. Disse, ainda, que a instituição “só tem a agradecer” por ter sido contemplada.
Conforme o presidente, a iniciativa já é considerada tradicional pela instituição e motivo de anseio por parte dos internos. “Eles já sabem que, no dia da visita, haverá uma doação e também um show musical”, comentou.
As doações recebidas pela entidade são consideradas significativas pela direção. Rezende afirmou que os alimentos, além de bem-vindos, atendem a uma demanda do cotidiano da instituição. Isso porque há uma preocupação tanto da faculdade como do asilo. O presidente explicou que antes de iniciar a campanha, a direção da instituição de ensino faz contato com o lar.
Desta maneira, a madre superiora Maria Santos Silveira, diretora da entidade, repassa para a instituição a lista de itens que são essenciais. “Isso ajuda em muito a suprirmos a rotina de alimentação dos assistidos”, concluiu Rezende.
