Seminário aborda sexualidade na 3ª idade





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Palestrantes falaram sobre saúde e bem-estar e cuidadores; evento também ofereceu informações e orientações aos idosos

 

Foi realizada nesta semana um ciclo de palestras para idosos com o objetivo de contribuir para o “envelhecimento ativo” no município. Entre segunda, 1º, e sexta, 5, palestrantes de diversas áreas de atuação falaram sobre temas de interesse do público da terceira idade, indo desde os benefícios da atividade física até os cuidados com a sexualidade entre pessoas com mais de 60 anos.

Na segunda-feira, foi realizada a palestra “Os Benefícios da Atividade Física para Idosos”, na qual as professoras de educação física do Projeto Melhor Idade, Rosa Maria e Ana Carolina, discutiram a importância dos exercícios físicos para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos mais velhos.

Na terça-feira, foi a vez da discussão da importância da tomada correta dos medicamentos para hipertensos e diabéticos, assunto debatido por cardiologista do Projeto Melhor Idade.

Para Paola de Campos, gerontóloga responsável pelo projeto Melhor Idade, o assunto é fundamental para esclarecer a importância dos medicamentos na manutenção de uma vida saudável e produtiva.

“A gente trabalhou a importância da tomada de remédios e medicamentos para diabéticos e hipertensos. A gente observa que os idosos aferem a pressão. Se a pressão está boa, acabam não tomando a medicação. Ou conferem a glicemia, se o destro está bom, acabam não tomando a medicação para diabetes”, comentou.

“Eles têm acesso ao teste e acabam fazendo na sua residência. Não se atentam que isso acontece, muitas vezes, porque eles tomaram a medicação recentemente”, defende Paola.

Nos dois dias seguintes, o assunto em pauta foi a higiene. Na quarta-feira, uma dentista da rede municipal falou sobre a importância da saúde bucal na velhice.

Na quinta-feira, o assunto foi a higiene de forma mais ampla, indo da pessoal até os cuidados com as residências e pertences pessoais dos idosos.

Na sexta-feira, encerrando o seminário, o assunto tratado foi o sexo na terceira idade. Tabu entre os mais maduros e mesmo entre os mais jovens, a sexualidade entre idosos vem sofrendo alterações significativas nos últimos anos.

Avanços da medicina, com medicamentos como o Viagra, garantem aos homens a ereção mesmo com a idade avançada. Para tratar desse assunto, a palestrante convidada foi Elisabeth Aparecida de Almeida, enfermeira da rede.

“Existe um mito de que os idosos não têm sexualidade. Como eu já disse, isso é um mito”, garante Paola. Segundo ela, o natural é que o sexo seja praticado por homens e mulheres, normalmente, até a morte.

“O normal é que o idoso consiga fazer o ato sexual até o final da vida. Se for um envelhecimento patológico, aí o idoso pode ter problemas de ereção. Mas o que todo mundo acha? Que o idoso não tem ereção. Isso é um mito, é uma tremenda mentira. Mas, a gente colhe o que a gente planta quando é mais jovem”.

Hábitos saudáveis na juventude e idade adulta podem contribuir para que o idoso tenha uma vida mais saudável na terceira idade. Com a saúde em dia, a sexualidade pode ser um hábito natural e saudável, ajudando na autoestima e dando mais confiança aos mais velhos.

“M.E.”, por exemplo, tem 73 anos e vive o segundo relacionamento. Depois que o marido morreu, ela ficou oito anos sem ter atividade sexual. Mas, depois, acabou conhecendo outra pessoa e o interesse comum levou-a a outra relação.

”Eu não sabia que despertava interesse. Quando descobri, fiquei toda, toda. E é maravilhoso”, garante.

Quando perguntada sobre como a atividade sexual interfere em sua vida, a idosa é acertiva: “Você se acha uma pessoa importante, porque você tem ao seu lado alguém que te ama bastante!”. E o idoso sente prazer nas relações? Ela garante: “Sim, é ótimo!”

Um casal presente ao evento, Antônio Francisco de Souza, 66, e Luizete Pereira Barbosa, 63, vive há 32 anos junto. Para ela, a atividade sexual é extremamente importante para o casamento.

“Não é tudo, mas é importante. Com o tempo, vai diminuindo, mas tem que ter. No casamento, é muito importante. Ajuda bastante”, diz Luizete.

Para Antônio, a atividade sexual muda no decorrer dos anos, mas para melhor. “Quando a gente é mais jovem, tem aquele critério de quantidade. Mas a qualidade, às vezes, não é boa. Agora, a gente estando um pouco mais velho, vai para a qualidade sexual. É uma coisa mais completa”.

“A atividade sexual exige também alguns fatores, a começar com o carinho da esposa, da família, do bem-estar geral de toda a família. É um complemento”, garante.

Paola também alerta que a sexualidade não é só o sexo em si, mas que há outras formas de demonstração de carinho e prazer. “Há o carinho, o beijo, o abraço, o companheirismo, o ato sexual é apenas mais uma coisa do que é a sexualidade. Eles podem exercer a sua sexualidade se arrumando para ir ao baile, dançando com o parceiro, demonstrando afeto através de beijo. A sexualidade do idoso é muito mais do que o ato sexual”, garante.

Outro assunto tratado no seminário foi o aumento do número de infectados com doenças sexualmente transmissíveis entre maiores de 60 anos. Segundo a gerontóloga, as razões para o aumento do número de infectados pelo HIV entre os mais velhos são muitas.

Após entrar na menopausa, a mulher passa a ter relações sexuais sem se prevenir, porque não pode mais engravidar. Outro motivo são os recentes avanços da medicina, com medicamentos como o Viagra, pelos quais homens que até então não podiam mais ter relações, atualmente conseguem.

Somado a esses avanços, há o aumento da expectativa de vida e da qualidade de vida dos idosos. Com isso, muitos deles têm saído mais, se relacionado e buscado novos parceiros.

”Existe ainda esse preconceito de que quem tem HIV são os jovens e homossexuais. Isso é uma inverdade. Hoje, a gente tem muitos idosos HIV positivos, e esse número vem crescendo”, garante a gerontóloga.

Outro fator que tem contribuído para o aumento dos casos de HIV na terceira idade é o envelhecimento dos portadores do vírus. No final da década de 1980 e início da década de 1990, descobrir-se portador do HIV era uma sentença de morte.

Com os avanços no tratamento, com a criação dos coquetéis, atualmente é possível conviver com a doença durante muitos anos e envelhecer com ela.

A resistência entre os mais velhos para o uso de preservativos também contribui para que o vírus se espalhe com maior facilidade. “Os idosos não querem usar camisinha porque acham que vão perder a ereção”, diz Paola.

Para combater o avanço da Aids entre a terceira idade, a equipe de prevenção epidemiológica da Prefeitura também esteve presente no seminário e distribuiu preservativos. Também na sexta-feira, foram realizados testes rápidos de HIV, intitulados “Fique Sabendo”.

Segundo dados do Censo do IBGE de 2010, o município conta com uma população de quase 13 mil habitantes com mais de 60 anos.