Sem salários e 13º, funcionários da Santa Casa ‘anunciam’ paralisação

 

Sem receber os pagamentos referentes ao mês de novembro e o 13º salário, os trabalhadores da Santa Casa de Misericórdia de Tatuí ameaçam entrar em greve na manhã desta quinta-feira, 22, caso os vencimentos não sejam pagos.

A decisão foi tomada na tarde de segunda-feira, 19, durante assembleia geral com a presença de representantes do Sinsaúde (Sindicato Único dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Sorocaba e Região).

Os funcionários deram prazo de 72 horas, contadas a partir da decisão em assembleia, para que o hospital pague os salários. Caso isso não ocorra, a maior parte dos 380 funcionários representados pelo Sinsaúde deverá cruzar os braços.

De acordo com o presidente do sindicato, Milton Sanches, cerca de 30% dos funcionários deverão trabalhar, em cumprimento às regras estabelecidas pela lei de greve.

O Sinsaúde abrange trabalhadores como técnicos e auxiliares de enfermagem, técnicos de segurança de trabalho, médicos e funcionários dos setores de limpeza, manutenção e escritório.

“Nós apresentamos a nossa demanda à provedoria da Santa Casa. Na realidade, vínhamos conversando com eles desde a semana passada, por conta do atraso dos pagamentos dos funcionários, mas eles não cumpriram o combinado”, afirmou o sindicalista.

Segundo Sanches, Fernanda Laranjeira, integrante da junta administrativa do hospital, teria se comprometido a pagar o 13o salário na segunda-feira, 19.

“Ela também comentou a possibilidade de ter um repasse da Câmara Municipal, das sobras do exercício deste ano. Mas, isso só se concretizaria na véspera do Ano-Novo”, declarou.

“Dois dias depois da reunião, nos disseram que estava tudo certinho para os salários serem depositados. Hoje (segunda-feira), tivemos essa surpresa, de não ter caído nada nas contas dos funcionários”, afirmou.

O salário do mês de novembro, de acordo com o sindicalista, deveria ter sido pago no dia 6 deste mês. Caso o hospital decidisse pagar o 13o salário integral, deveria tê-lo feito até o dia 30 de novembro.

“Pelo jeito, os funcionários ficarão o Natal sem a bonificação, assim como ocorreu no ano passado, quando precisaram entrar em greve para receberem o 13o salário. Pelo menos, naquela ocasião, eles tinham previsão para receber, um acordo, o que não temos hoje”, declarou.

Em um ano, seria a terceira paralisação dos funcionários do hospital. Na véspera de Natal do ano passado, os trabalhadores cruzaram os braços contra a falta de pagamento da bonificação natalina. A greve durou cinco dias.

No mês de janeiro, houve nova paralisação, também devido ao 13o salário. A direção da Santa Casa descumpriu acordo no qual havia se comprometido a pagar 60% da bonificação. A Prefeitura interveio e “requisitou” a instituição hospitalar.

Com o atraso deste ano, o sindicato exigirá o pagamento de multa de 0,5% sobre o valor dos salários não pagos. O montante deverá ser quitado pelo hospital diretamente aos funcionários. O Sinsaúde entrará com ação na Justiça do Trabalho de Tatuí pedindo o pagamento de multa administrativa.

“O valor da multa a ser paga aos funcionários parece pequeno, mas, somando de todo mundo, é uma quantia grande para o hospital. Já a multa administrativa deve ser pesada. O mais interessante é que a provedoria resolvesse logo essa situação com os trabalhadores”, disse Sanches.

Segundo o sindicalista, os funcionários estão passando por dificuldades financeiras por não terem recebido o salário e a bonificação. “Espero que a nova administração municipal, que entra no ano que vem, seja mais sensível e colabore mais com a Santa Casa”.

Além dos funcionários da Santa Casa local, as cidades de São Roque e Palmital também enfrentam greves de trabalhadores de hospitais filantrópicos. Em Palmital, a paralisação completa 51 dias na quarta-feira, 21.

Outras pendências

Além dos salários atrasados, os trabalhadores da Santa Casa enfrentam problemas com a falta de pagamento de crédito consignado. Segundo o Sinsaúde, a administração do hospital desconta as parcelas de financiamentos da folha de pagamento de funcionários, mas não repassa os valores às instituições financeiras.

O mesmo caso estaria ocorrendo com os pagamentos das contribuições do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Durante a assembleia de funcionários, o presidente do Sinsaúde informou que o sindicato já acionara a Justiça do Trabalho, que ainda não havia se manifestado.

“Tentamos saber o valor devido aos bancos, mas nem a Santa Casa sabe. Os funcionários estão com o ‘nome sujo na praça’ por conta disso”, lamentou.

Os repasses do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) também não estariam em dia, de acordo com o sindicalista. A alíquota é de 8% sobre o salário dos funcionários.

“Tem funcionário que foi demitido e não conseguiu sacar o FGTS porque não tinha dinheiro na conta. Em um dos casos, o trabalhador está há um mês sem receber o acerto”, declarou.