Secretaria implanta modelo visando criar ví­nculo entre paciente e UBSs

 

Atendimentos antes oferecidos em até quatro endereços passam a ser concentrados em apenas um. Este é o procedimento colocado em prática pela Secretaria Municipal da Saúde e que tem mais de uma finalidade. O modelo implantado no início do ano visa, inicialmente, desafogar o Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”.

Como segundo efeito, representa menos “dor de cabeça” para os usuários do SUS (Sistema Único de Saúde). Isso porque os pacientes atendidos pela rede municipal passaram a ter as UBSs (unidades básicas de saúde) como principal referência.

“O que temos feito é um plano diferente do que acontecia antigamente”, iniciou o secretário municipal da Saúde, Jerônimo Fernando Dias Simão.

Anteriormente, os pacientes atendidos por clínicos gerais e que precisavam da opinião de especialista deixavam os consultórios dos postos com uma guia de referência. De lá, tinham de se dirigir até o balcão do Cemem (Centro Municipal de Especialidades Médicas) “Dr. Jamil Sallum”, no centro.

De acordo com o secretário, essa “mecânica” nem sempre funcionava. Em especial, porque muitos pacientes não eram avisados a respeito das datas corretas para agendamentos (cada especialidade tem um dia específico para marcação).

O resultado é que os pacientes precisavam voltar ao centro por mais de uma vez e em horários diversificados. “Muitos chegavam à porta do Cemem três horas antes, para guardar lugar. E isso não era justo com os pacientes”, argumentou Simão.

Quando finalmente conseguiam os agendamentos, alguns dos pacientes precisavam solicitar transporte. A secretaria oferece deslocamento para as pessoas que farão exames, consultas ou cirurgias não oferecidos no município. Em outros casos, ainda, os usuários precisavam ir até a Central de Vagas.

Buscando melhorar o atendimento à população, Simão afirmou que a secretaria colocou em prática um modelo “mais simplificado” para o usuário. Atualmente, os pacientes que se consultam em postos de saúde e precisam de atendimentos com especialistas fazem todos os pedidos no mesmo local.

Os médicos dão os encaminhamentos com base na prioridade (um, dois ou três – veja reportagem). Eles repassam as guias para os próprios pacientes, que as entregam nas UBS em que estão cadastrados. As unidades ficam responsáveis por enviar ao Cemem ou à Central de Vagas os encaminhamentos.

Uma vez feitos os agendamentos, as guias são devolvidas às unidades de saúde, que, por sua vez, informam aos pacientes as datas, horários e locais de atendimento.

As guias são encaminhadas aos setores competentes por malotes, devolvidas pelo mesmo mecanismo para os postos e entregues aos pacientes.

“Nestas situações, estamos pegando várias pessoas que já não precisam mais das consultas com especialistas. Daí, descartamos as guias e informamos que a vaga pode ser aberta para atender outros pacientes”, explicou Simão.

Para o secretário, além de facilitar a vida dos usuários do SUS, o novo protocolo de atendimento possibilita a criação de vínculo entre os pacientes e as UBSs.

“A pessoa vai se familiarizando com os postos, não precisa ficar andando de unidade em unidade e tem 100% de acolhimento no próprio bairro”, apontou.

Em longo prazo, Simão afirmou que o modelo terá reflexos no ambulatório. Com os pacientes buscando cada vez mais os postos, o pronto-socorro deverá ser menos “visado”.

Conforme ele, os postos são a base de todos os atendimentos de saúde. Eles dão suporte à atenção hospitalar e às urgências e emergências.

Medida paliativa

Em Tatuí, na avaliação do secretário, os postos não estão sendo utilizados como deveriam. Pelos números de faltas nas consultas e de atendimentos no pronto-socorro, Simão disse que a população tem preferido mais o ambulatório.

Entretanto, o secretário afirmou que o PS representa uma “medida paliativa”. Segundo ele, embora a população tenha atendimento considerado mais rápido no ambulatório que nos postos, não há uma “resolução”.

“O pronto-socorro não oferece tratamento. Vai resolver na hora, mas a pessoa vai precisar voltar várias vezes, aumentando a espera no local”, argumentou.

De modo a “reajustar” o ambulatório à função original (de atendimento de urgência e emergência), o secretário contou que a equipe está emitindo guias para encaminhar os pacientes de casos clínicos a atendimento nos postos do município.

“Muitos que estão passando por consulta no PS estão saindo de lá com uma guia de referência para as unidades básicas de saúde”, informou.