Santa Casa adiou 35 cirurgias em dois dias em razão de insegurança





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Mudanças aconteceram por mio de doações e trabalho voluntário

 

A Santa Casa de Misericórdia de Tatuí não realizou as cirurgias eletivas (agendadas) dos dias 22 e 23 de agosto, quinta e sexta. O motivo seria um problema com a autoclave (máquina de esterilização) com a qual não se tinha a certeza de que havia ocorrido a desinfecção de roupas e utensílios de cirurgia.

O funcionamento voltou normalmente no dia 26, segunda-feira. Ao todo, 35 cirurgias foram adiadas e serão remarcadas a partir da disponibilidade de médicos e pacientes.

O adiamento das cirurgias eletivas foi decidido em reunião entre os médicos e a provedora da instituição. O argumento seria a não segurança de ter havido a esterilização pela autoclave.

“Deu um problema na máquina que não acendia. Então, não se tinha certeza se estava esterilizado, e ninguém ia se arriscar a fazer uma cirurgia sem segurança. Por isso, foram adiadas algumas cirurgias”, contou a provedora Nanete Walti de Lima.

No caso de não ter havido a desinfecção, poderia ocorrer contaminação do paciente durante a cirurgia, por meio das roupas e demais utensílios.

“Tudo o que a gente pensou foi para a segurança de quem precisa do serviço, porque nós lidamos com vidas. Temos que estar sempre muito cientes do que estamos fazendo”, enfatizou Nanete.

Ainda segundo a provedora, um técnico foi chamado para consertar a máquina na sexta-feira, 23, o qual teria “trocado uma fita interna”. Tendo resolvido o problema, o funcionamento do centro cirúrgico voltou ao normal no início da semana.

Durante o período em que as eletivas não foram realizadas, as cirurgias de urgência e emergência foram atendidas normalmente, inclusive, no final de semana. Na quinta-feira, 14 cirurgias de emergência foram realizadas, e na sexta-feira, oito.

Normalmente, para o agendamento de cirurgias, há encaminhamento dos casos ao hospital pela central de vagas da Secretaria Municipal da Saúde. Posteriormente, um funcionário do ambulatório entra em contato com paciente.

Durante o mês, o setor chega a realizar 500 cirurgias, sendo que o hospital atende às de complexidade média. As eletivas são feitas de segunda a sexta-feira.

Na segunda-feira, 26, já em funcionamento normal, o setor realizou todas as 22 cirurgias agendadas e, na terça, mais 24 eletivas.

As especulações acerca do adiamento das cirurgias na Santa Casa foram negadas pela provedora. “Não teve nada de greve dos médicos e não era falta de material para a cirurgia. Não teve nada disso. Cresceu muito, falaram-se muitas coisas”, afirmou Nanete.

Sobre a máquina, o hospital possui duas autoclaves, sendo que a que causou o adiamento das cirurgias é a mais nova. A máquina foi recebida no ano passado, por emenda parlamentar do deputado estadual Hamilton Pereira (PT). A garantia da máquina venceu há dois meses.

“Temos duas autoclaves. Só uma não dá conta, porque a demanda aqui é muito grande e tudo passa por ela: caixas instrumentais, roupas”, contou Nanete.

Outro assunto abordado na reunião com os médicos teria sido uma “recauchutada” no centro cirúrgico. Recentemente, a UTI (unidade de tratamento intensivo) recebeu modificações e pintura, por conta de doações e voluntariado.

A ação no centro cirúrgico seguiria a mesma linha, sendo viabilizada por doações, devendo ocorrer em breve. No entanto, por decisão na reunião, foi adiada para novembro.

“Vai ser igual à UTI. Fizemos um levantamento das coisas que temos que melhorar dentro do centro cirúrgico, e nós já estamos correndo atrás para que, no dia em que tiver que parar, nós já tenhamos tudo”, falou Nanete.

Devido à estrutura do centro cirúrgico ser antiga, um engenheiro também foi consultado, a fim de que realizasse visita para verificar quais as necessidades do espaço. Porém, com o adiamento, a visita também acontecerá futuramente.

Dentre as necessidades de material levantadas pelo setor de manutenção do hospital, estão tintas semibrilho sem cheiro e peças menores, como espelhos de interruptores e fiação.

A troca de armários antigos e de dois aparelhos de ar-condicionado pequenos por um grande, em uma das salas, também está prevista, além dos balcões de madeira – mais suscetíveis à proliferação de bactérias – a serem trocados por mármore.

“Estamos pedindo já. Inclusive, recebemos um telefonema de que conseguimos algumas coisas. Faremos o quanto nós pudermos para melhorar o atendimento, para que os funcionários possam trabalhar com mais segurança e conforto”, disse Nanete.

Uma das questões a serem definidas é a forma de como se realizar a intervenção. Até então, duas hipóteses foram sugeridas, mas nenhuma definida.

A primeira delas seria fechar por 15 dias o centro cirúrgico. O problema seria que, de acordo com a estimativa da administração e equipe médica, este tempo seria muito curto.

Outra maneira seria fazer por etapas, já que o setor tem porte maior que a UTI, sendo composto por seis salas para cirurgia e uma sala de esterilização do material.

“Estamos resolvendo se vamos parar o centro cirúrgico por inteiro ou por etapa, pois é muito grande. Talvez, tenhamos que ir por sala, e, se for em 15 dias, terá que ser uma equipe tão grande que dê conta de tudo e já tenhamos todo material necessário”, esclareceu Nanete.

Para as cirurgias de emergência, a previsão da provedora é de que, como na UTI, os equipamentos do setor sejam transferidos para alguma outra sala, para que as cirurgias de urgência e emergência não deixem de ser atendidas.

As modificações para este ano devem acabar no centro cirúrgico. Porém, a intenção é melhorar a estrutura de mais setores da instituição.

“Nós, depois, também vamos entrar na cozinha, na pediatria. Estamos pensando em melhorar o atendimento,em tudo, a estrutura que temos”, concluiu.