Rendimento de alunos diminui em virtude do forte calor predominante





Amanda Mageste

Temperatura alta ‘ muda condição’ do aluno dentro de sala de aula; profissionais recomendam cuidados

 

O forte calor que está predominando na cidade nos últimos dois meses tem prejudicado os alunos do ensino público. O diretor da Escola Estadual “Barão de Suruí”, Marcelo Miranda, acredita que é necessário acostumar-se ao calor, mas concorda que manter os estudantes atentos e concentrados está difícil.

Miranda afirma que “a condição do aluno muda um pouco a rotina, pois ele procura beber mais água e, fazendo isso, precisa ir mais vezes ao banheiro e acaba perdendo conteúdo considerável, até porque é difícil se concentrar novamente”.

Por conta disso, é importante que os alunos levem para a escola garrafas de água, para não precisarem sair da aula toda hora.

De acordo com Miranda, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disponibiliza ventiladores para todas as salas, suavizando o calor, além de água refrigerada.

Quanto à mudança na alimentação, por enquanto, não houve alteração no cardápio, e o diretor acredita que não há essa necessidade no momento.

A disciplina mais prejudicada com a alta temperatura é a educação física, pois é difícil e “perigoso” fazer com que as crianças fiquem focadas no exercício físico.

Segundo o coordenador do núcleo pedagógico de educação física da região, professor José Evandro Oliveira Junior, é importante muito cuidado na hora de colocar os alunos para praticar exercícios. Ele alerta que, se estiver muito quente, é preferível adiar a aula prática.

“Se o calor estiver muito excessivo, a recomendação é que se faça uma atividade moderada, para evitar hipotermia, que é o aumento da temperatura, fadiga, câimbras e desidratação. Portanto, se o professor perceber que o ritmo está puxado, pare a aula, trabalhe em sala com a apostila”, afirmou Oliveira Junior.

Como a secretaria disponibiliza um currículo de educação física, é possível mesclar aulas práticas com teóricas. Assim, se a rotina pede que o aluno faça exercícios, é possível inverter e segurá-lo em sala e, em outro momento, quando estiver uma temperatura adequada, pode-se compensar, exercitando-o.

As professoras de educação física Edilma Xavier Cruz e Sandra Campos Romualdo usam a criatividade para não deixar os alunos parados.

Em aula na quarta-feira, 12, elas desenvolveram uma atividade física que não exige muito do corpo, o “pebolim humano”. A brincadeira aconteceu no local mais arejado da escola, o pátio, e os alunos se divertiram sem precisar correr muito.

Edilma afirma que, quando estão em atividade, precisa sempre ficar pedindo para as crianças tomarem água, mas, com os dias muito quentes, ela tem aproveitado para ensinar os jogos na teoria, para depois saírem para praticá-los.

O rendimento baixo e a agitação, devido ao calor, são perceptíveis para Edilma. Ela percebe que os alunos “cansam mais rápido, toda hora vão sentar. Aliás, pedem para sentar, e nós temos que deixar, porque não dá para exigir”.

Oliveira Junior lembra que, antes e durante as práticas de atividade física, nesse calor, é importante que os professores recomendem aos alunos que lavem os rostos, tomem bastante água, de preferência refrigerada, façam pausas e evitem exposição ao sol.

Ele ainda recomenda aos educadores que escolham horários menos quentes para as aulas de educação física, as primeiras aulas da manhã ou as últimas da tarde, e que fiquem de olho nas crianças, “porque não dá para depender do aluno sozinho ter a consciência de ir lá, descansar e se hidratar”.

O diretor Miranda finaliza apontando que, apesar de o calor ser prejudicial, é um momento importante para mostrar aos estudantes que essa intensidade “é também decorrente do próprio homem, que prejudicou o planeta”.

Os professores foram orientados a conversar e explicar às crianças as causas do aquecimento e a instruir que “todas as atitudes que ferem a Terra, terão consequências no futuro”.