Projeto prevê encontros, exposição e embrião de versão caipira do MIS





Fábio Cabrera

Prédio da Emef ‘João Florêncio’ é considerado mais adequado para a implantação do projeto que vislumbra preservar memória

 

Na falta de um espaço próprio, um “empréstimo por improviso” pode suprir necessidades. Pelo menos, no começo. A linha de pensamento é do tatuiano Pedro Henrique de Campos, que cogita, em parceria com o artista plástico Domingos Jacob Filho, o Mingo Jacob, começar pequeno para expandir.

Os dois discutem a concretização de um projeto que prevê exposição não permanente e que pode se tornar um embrião da versão caipira do MIS (Museu da Imagem e do Som). “Nós nos encontramos e acertamos que vamos fazer uma reunião com a classe artística para lançar a proposta”, contou Campos.

O supervisor de ensino aposentado é um dos defensores da criação de um museu voltado para a preservação da memória de conteúdo audiovisual produzido em Tatuí. Em dezembro do ano passado, ele entregou para o Conselho Municipal de Políticas Culturais uma cópia do projeto de criação de um museu.

Entretanto, a primeira proposta é considerada mais ambiciosa. Ela sugere a construção de um polo cultural, de um espaço para trabalhos visando o resgate de tradições culturais da região, a criação de um “arquivo de memória” do município, e a promoção de eventos envolvendo todas as artes e artistas.

A ideia é que o espaço possa ser utilizado para realização de oficinas culturais, produção de documentários e divulgação de ações por meio de sinais de rádio e TV pública aberta e de webTV (com acesso gratuito pela internet). Esses recursos seriam utilizados pelas unidades de ensino “como meio de incentivo e de descoberta de novos talentos, unindo educação e cultura”.

Como forma de não gerar custos para o município, Campos projetou que o “polo cultural” fosse implantado na “João Florêncio”. Conforme ele, a unidade restaurada em 2012 atende a alunos de diversos bairros periféricos, como São Conrado, Jardim América, vila Santa Luzia e Jardim Thomáz Guedes.

Como o projeto se enquadra no campo “ação” e não nas diretrizes que serão estabelecidas em lei pelo poder público, o supervisor resolveu adaptá-lo. Pretende começar com uma exposição pequena e que pode ser sediada no ateliê de Mingo. “A ideia é lançar uma campanha de divulgação. Depois, mensuramos a repercussão e as adesões para, depois, ver onde isso vai dar”, disse.

A mudança de estratégia do supervisor surgiu por conta da “amplitude” da proposta original. Ela previa a implantação de todos os setores do Museu da Imagem e do Som de Tatuí de uma só vez. Para torná-lo mais concreto, Campos decidiu dividi-lo “por partes” e envolver a classe artística na efetivação.

“O projeto ainda envolve tudo o que foi apresentado para o conselho, mas a intenção é ir, gradativamente, avançando, até fecharmos tudo que prevíamos”, disse.

De modo a instigar tanto os artistas como a população no engajamento para a implantação do MIS – ainda que em etapas –, o supervisor pretende organizar uma exposição. A mostra incluirá cartazes e equipamentos de filmagem antigos.

“Tenho um projetor que poderá ser apresentado, mas a ideia é incluir aparelhos de som mais antigos, alguns rádios”, comentou Campos. Os objetos deverão ficar dispostos em um expositor, um móvel antigo pertencente ao supervisor. Ele quer, ainda, incluir “frases de efeitos”. “O objetivo é chamar a atenção de quem ver os objetos sobre a proposta”, comentou.

Caso vingue, a mostra deverá ter visitação aberta por “prazo indeterminado”. Além desse trabalho, Campos estuda a possibilidade de estabelecer parcerias com, pelo menos, duas entidades locais: a Amart (Associação dos Artistas Plásticos de Tatuí e Região) e a Associação Cultural Pró-Arte.

“Nós poderíamos, a partir dos trabalhos delas, conseguirmos mais apoio”, projetou Campos. Segundo Campos, embora nenhuma das instituições possuam sede própria, elas podem contribuir por meio de sugestões e divulgação.

Além de equipamentos antigos de projeção de vídeo e de aparelhos radiofônicos, Campos e Mingo pretendem agregar um painel à lista de objetos abertos à visitação. Nele, deverão ser inseridos nomes e as áreas de atuação do “maior número possível” de artistas que desenvolvem trabalhos em Tatuí.

“Primeiro, vamos fazer uma espécie de levantamento. Depois, deixar disponível para quem for ao espaço, uma lista para que as pessoas tenham referências”, falou.

A partir dessas ações, Campos pretende estimular novos encontros, agregar sugestões e chegar ao modelo ideal de um novo museu. “Nossa proposta está lançada. O que nós queremos é chamar atenção para que saia alguma coisa”, encerrou.