Da reportagem
Faleceu aos 77 anos de idade, na quinta-feira, 30 de janeiro, a professora Cimira Figueiredo de Andrade Cameron. A educadora deixa as filhas Maria Luísa e Maria Angélica, além dos netos Victor, André e Deborah.
O corpo foi velado no Velório Municipal de Tatuí no período da noite e levado, na manhã de sexta-feira, 31 de janeiro, para Sorocaba, onde ocorreu a cerimônia de cremação.
Cimira Cameron, como era conhecida, nasceu em Guareí (SP). Formada pela Faculdade de Letras e Filosofia de Sorocaba e pós-graduada na USP (Universidade de São Paulo), teve como professores Antônio Cândido e Paulo Emílio Salles Gomes.
Foi professora de língua portuguesa e literatura brasileira, lecionando na área por 40 anos, nos estados do Mato Grosso e São Paulo. Em Tatuí, atuou nas EEs “Barão de Suruí” e “Chico Pereira”, na Emef “Professor José Tomas Borges”, na Etec “Sales Gomes” e no Colégio Positivo – onde trabalhou com literatura brasileira.
Na área cultural e, principalmente, da literatura, Cimira também somou relevantes participações. Desde 2002, ela participava como jurada do Concurso Paulo Setúbal, sendo homenageada, em 2018, pelo Museu Histórico “Paulo Setúbal”, diante da luta para manter viva a memória do escritor tatuiano.
Ela também foi jurada, por mais de 15 anos, da categoria redação do Concurso Artístico e Literário de Natal promovido pelo jornal O Progresso, por meio do qual analisou milhares de textos produzidos pelos alunos do ensino fundamental da rede municipal e particular de ensino.
Pelos serviços ofertados à comunidade e à rede de ensino, também foi homenageada, em 1º de agosto de 2018, pelo Museu Histórico “Paulo Setúbal”, na exposição “Os Mais Ricos de Minha Terra”, inspirada no título do capítulo VI do livro “Confiteor”, de Paulo Setúbal.
A O Progresso, o diretor do Departamento Municipal de Cultura e gestor do MHPS, Rogério Viana, ressaltou que Cimira “sempre foi uma pessoa aberta a aprender e a passar o conhecimento, gratuitamente, da forma mais carinhosa e feliz possível, principalmente quando o assunto era as obras de Paulo Setúbal”.
“Cimira era tatuiana de coração e me ensinou um pouco mais sobre Paulo Setubal na minha juventude. A forma como falava dele fez com que me apaixonasse pelas obras deste magnífico escritor tatuiano”, declarou Viana.
O diretor ainda salientou que a morte de Cimira representa “uma perda irreparável, não só pela pessoa maravilhosa que era, mas também pela importância dela dentro do concurso literário de Paulo Setúbal”.
Segundo Viana, a professora fazia questão de acompanhar todos os detalhes do certame cultural e, desde o primeiro momento, neste novo modelo do concurso – que inclui a participação de alunos da rede de ensino do município -, buscava valorizar a literatura e salvaguardar a memória de Paulo Setúbal.
“Ela era especialista em Setúbal e amava ensinar e falar sobre ele aos alunos, para que eles pudessem ter mais conhecimento de quem foi este escritor. Então, é perda irreparável para a educação, para a cultura e para a literatura da cidade. Lamentamos muito”, declarou Viana.
Jorge Rizek, amigo de Cimira, produtor de eventos e colunista de O Progresso, também lamentou a morte da professora e destacou que “só guardará lembranças boas dela”.
Ele contou que a amizade começou na década de 70, quando ele estava montando o espetáculo “Revelação 70”, que acabou censurado.
“Em seguida, me mudei para São Paulo e ficamos afastados durante muito tempo. Tínhamos, junto com Luiz Duarte e Deise Juliana (quando residia aqui), encontros semanais, onde almoçávamos e conversávamos sobre assuntos diversos. Cimira estava sempre atualizada e me ajudou em diversos projetos”, comentou o produtor.
“Ela era sempre bem-humorada e sabia ‘prosear’ sobre qualquer assunto. Era leitora de muitos jornais e revistas e, atualmente, também estava afiada nas redes sociais. Perdi uma grande amiga e companheira”, lamentou.
O editor de O Progresso e companheiro de Cimira no julgamento dos textos do Concurso Paulo Setúbal, Ivan Camargo, também lamentou a perda da educadora e colaboradora do jornal.
“Dona Cimira era a antítese de tudo isso de estranho e obscuro que se vivencia em parte das ideias envolvendo educação e cultura na atualidade: ela era, verdadeiramente, culta, esclarecida, despreconceituosa e, acima de tudo, bem-humorada. Por isso tudo, fará tanta falta”, observou Camargo.
O sobrinho de Cimira, Celso Augusto Menezes de Andrade, o Cuco, reforçou que, “certamente, a tia deixou marcas positivas naqueles que puderam conviver de perto com ela”.
“Tia Cimira foi uma pessoa muito especial, sempre com algo para ensinar e ótimo astral em todos os momentos. Recordaremos com carinho e admiração sua trajetória. Sua falta será sentida por todos os familiares, os quais ela amava ter por perto, principalmente nos almoços de domingo, na casa dos meus pais, onde ela era presença constante”, lembrou.
“Meus filhos tinham um afeto muito grande por ela, bem como minha sobrinha (filha da minha irmã). Os três sobrinhos-netos, ‘brigavam’ para ver quem chamava mais a atenção dela. Com ternura, dizemos adeus e agradecemos pelo que nos engrandeceu com a sabedoria que tinha”, finalizou o sobrinho.