Primeira Semana do Teste do Pezinho teve iní­cio no dia 30





Desde o final de 2013, Tatuí conseguiu levar a cobertura do “teste do pezinho” a 100% dos recém-nascidos na maternidade do município. Antes dessa data, as mães precisavam levar os bebês, após a alta, até uma unidade de saúde para realizar o exame.

De acordo com a provedora da Santa Casa, Nanete de Lima, isso dificultava o diagnóstico precoce de algumas doenças, pois várias mães demoravam a levar os bebês até o posto de saúde.

“Até o final do ano passado, a gente não conseguia atingir 100% dos recém-nascidos, mas hoje isso já acontece”.

Desde novembro de 2013, foi implantado o projeto “Maternidade em Foco”, o qual garante que todos os recém-nascidos realizem o teste do pezinho na maternidade. Antes da implantação desse projeto, segundo a Prefeitura, dados estatísticos mostram que, de cada cem crianças, quatro ficavam sem a avaliação.

Atualmente, o teste do pezinho é coletado na própria maternidade antes que o recém-nascido receba alta. “O exame é feito após 48 depois do nascimento da criança”, informa a coordenadora do teste na maternidade, Maria do Carmo de Campos.

Aproveitando a comemoração do Dia Mundial do Teste do Pezinho, em 6 de junho, a Secretaria Municipal de Saúde e a Maternidade “Maria Odete Azevedo” organizaram a primeira edição da “Semana do Teste do Pezinho”. O evento de abertura aconteceu na sexta-feira, 30, na Câmara Municipal.

Durante os primeiros dias de junho, haverá a divulgação de folders nas unidades básicas de saúde (UBSs) para orientar e conscientizar as mães sobre a importância do exame para a saúde do bebê.

Além disso, profissionais da área de saúde puderam participar de duas palestras gratuitas sobre o assunto e tiveram a oportunidade de tirar dúvidas com médicos especialistas em teste do pezinho.

O médico João de Oliveira Filho, da maternidade de Tatuí, reforça que o público principal da 1a Semana são os funcionários da área de saúde. “Esse é um evento importante para enfatizarmos a importância de se realizar o exame de maneira correta e precoce”.

A médica e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Tânia Bachega explica que o teste do pezinho existe em todo o mundo e que o objetivo dele é fazer o diagnóstico precoce de doenças graves que são frequentes em bebês e podem ter complicações sérias.

“Normalmente, enquanto dá tempo para tratar e prevenir essas doenças, o bebê é assintomático, ou seja, ao examiná-lo, não dá para saber se possui essas patologias mais sérias”.

A pesquisadora, que há 20 anos estuda o assunto, informa que está se vivendo uma fase importante em relação ao exame, pois o Ministério da Saúde acabou de incluir mais duas doenças no teste básico.

“Uma delas é a hiperplasia adrenal congênita, que é a área que eu estudo. Essa é uma doença em que o bebê tem deficiência do cortisol, também conhecido como hormônio cortisona. Por isso, com 15 a 20 dias de vida, o recém-nascido desidrata, entra em choque e pode até morrer”.

Tânia alerta que, de forma geral, as patologias diagnosticadas com o teste do pezinho podem causar retardo mental nas crianças. “Por isso, é importante diagnosticar cedo para poder tratar”.

A farmacêutica e bioquímica Gisele Yuri Hayashi é responsável pelo Laboratório de Triagem Neonatal da Apae de São Paulo – onde são analisados os exames dos bebês de Tatuí – e informa que o pacote básico da rede pública inclui o diagnóstico de seis patologias.

Entre elas, estão: anemia falciforme, fibrose cística, hipotireoidismo e a hiperplasia adrenal congênita. Outros pacotes do laboratório podem identificar até 48 doenças graves que afetam os recém-nascidos.

Gisele reforça que nem sempre é possível curar a patologia, mesmo com o diagnostico precoce, mas pode-se, sim, melhorar a qualidade de vida da criança.

“Para aquelas doenças que não têm cura, o tratamento precoce ajuda a melhorar a qualidade de vida, seja por meio de vitaminas ou medicamentos”.

Ela ainda informa que a incidência dessas doenças, de modo geral, é a seguinte: na fibrose cística, de um para cada 15 mil bebês; na hiperplasia adrenal congênita, de um para cada 10 mil; e no hipotireoidismo, de um para cada 3.000.

“Considero a incidência da hiperplasia alta, porque, a partir da segunda semana de vida, pode ser fatal para o recém-nascido. Por isso, é tão importante o diagnóstico precoce por meio do teste do pezinho”, finaliza.