PC e GCM garantem que não houve registros de sequestros de crianças

Delegado da DDM alerta e pede cautela com disseminação de mensagens (foto: Diléa Silva)

Nas semanas recentes, relatos sobre supostos casos de sequestros de crianças em bairros de Tatuí se multiplicaram nas redes sociais, causando alarde na população. Contudo, autoridades responsáveis pela segurança pública local informaram não existir nenhum registro de boletim de ocorrência sobre casos do gênero.

As denúncias descrevem, em detalhes, os criminosos, modelos de carros usados nos supostos crimes e, em alguns casos, chegam a citar placas de veículos, em mensagens que são repassadas por meio de áudios em aplicativos e pelo Facebook.

Uma das “denúncias”, que chegou até a reportagem de O Progresso, pede alerta com crianças na rua e informa que uma tentativa de sequestro teria acontecido no Jardim Perdizes.

“Quase acabam de sequestrar uma criança. Só não sequestraram porque o tio viu a tempo e tirou ela de dentro do carro. Fiquem em alerta, é um casal que está em um Corolla cinza, com vidro fumê”, diz o áudio.

O mesmo caso também teria acontecido na rua Benedito Faustino da Rosa, segundo outra “denúncia”, com menos detalhes, repassada por meio das redes sociais. Os relatos não citam datas dos acontecimentos.

O delegado Silvan Renosto, responsável pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), que atende casos envolvendo crianças, afirma que a Polícia Civil não recebeu nenhuma denúncia oficial de sequestro ou de tentativa e ressalta ser preciso cautela com as falsas notícias.

Silvan destaca que, ao receber este tipo de mensagem, é importante verificar a veracidade das informações para não causar alarme ou preocupações desnecessárias e infundadas na população.

“Antes de divulgar ou propagar este tipo de mensagem, pegue informações com órgãos oficiais da cidade. A gente está lá para informar, até para tranquilizar a população”, orienta o delegado.

O profissional ainda salienta que as “fake news” podem acarretar diversos problemas para a cidade, como a sensação de insegurança e a possível reação com relação a pessoas que tenham as mesmas características descritas pelas mensagens como possíveis criminosos.

“Já houve casos no Brasil em que chegaram a agredir uma pessoa na rua, só porque ela tinha as características de uma mulher denunciada por sequestro de crianças, e ela era inocente. A população pode ter uma reação ao encontrar com um casal de Corola, por exemplo, e pode haver morte, ferimento, ou constrangimento de pessoas inocentes. Isso é muito perigoso”, alerta.

Silvan também acentua ser necessário denunciar qualquer situação suspeita. “A primeira coisa que a pessoa tem que fazer, ao ver algo do tipo, é acionar a polícia pelo 190 ou 199. A PM e a GCM vão fazer o acompanhamento, pegar as características do veículo, cor, placas, modelo, para que possa ser abordado”, ressalta.

Apesar de não ter registrado nenhum caso de sequestro, Silvan acrescenta ser necessário ter cuidado com as crianças. “Isso não é só na rua, é em um parque, é em uma piscina, é na praia, em casa. Crianças são mais suscetíveis a conversar com estranhos. Aí, você pode ter crianças que possam ser abusadas ou ser vítimas de pessoas mal-intencionados”.

“É sempre bom tomar cuidado, não deixar criança sozinha, orientar a criança a não conversar com pessoas estranhas, não aceitar nenhum tipo de alimento de estranho, essas coisas que são padrão. Este tipo de preocupação sempre tem que ter”, completa.

O comandante da Guarda Civil Municipal, Fábio Luciano Leme, também afirma não ter recebido nenhuma denúncia sobre casos de sequestro. Ele informa não ter informações concretas sobre o assunto, mas que, mesmo assim, orientou os GCMs a realizarem um patrulhamento com atenção especial.

“Ainda não podemos afirmar, com certeza, se é mentira ou se são casos que não foram registrados oficialmente. Acho difícil ocorrer uma situação desta e não avisar ninguém, mas, até então, apenas ficamos com atenção redobrada”, declarou o comandante, nesta sexta-feira, 18.

A reportagem ainda entrou em contato com a capitã Bruna Carolina dos Santos Martins, comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar, que, no final da tarde de sexta-feira, também ressaltou não ter conhecimento de nenhum sequestro de criança em Tatuí.

“Acho que é ‘fake news’. Inclusive, não validei nenhum BO neste sentido, não tem nenhuma ocorrência”, assegurou.