Paulo Vagalume falece aos 87 anos e deixa ‘legado’ para os familiares





Arquivo pessoal

Paulo Vagalume é responsável por manter parte da tradição tatuiana

 

Considerado o maior entusiasta do Carnaval de Tatuí, Paulo Vagalume morreu na tarde de segunda-feira, 13. Nascido Paulo Pedro Silva, o carnavalesco faleceu vítima de infarto, aos 87 anos. Na tarde de terça-feira, 14, a despedida aconteceu no velório municipal, com presença dos filhos, demais familiares e amigos.

O sepultamento ocorreu às 16h, no cemitério Cristo Rei, com cortejo percorrendo parte do bairro onde Vagalume cresceu e viveu. De acordo com a família, o carnavalesco passou mal na tarde da segunda e não resistiu ao infarto.

Pai de nove filhos, deixou viúva, netos e bisnetos. Vagalume teve seis filhas (sendo uma já falecida) e três filhos. “Meu pai representa muito para nós. Na verdade, ele é tudo. Símbolo do Carnaval e um dos precursores”, descreveu a segunda filha do carnavalesco, Lourdes Elizabeth Silva, a Beth Vagalume.

Conforme ela, o pai tomou gosto pela folia logo criança, aos nove anos. “Ele amava o Carnaval e nós, também. Ele passou esse amor para a família inteira, queria os filhos reunidos. Depois, os netos se juntaram”, destacou.

Para a família, o Carnaval representa união. Beth contou que os preparativos para os dias de festa incluem estoque de comida e que, por desejo do pai, os membros da família não viajam na época das comemorações.

Vagalume nasceu no dia 5 de julho de 1927 e ajudou a fortalecer a fama do bairro 400 como um dos mais carnavalescos do município. “Nós nascemos e fomos criados nele, e amamos o bairro. Ele era muito agitado e abrigava pessoas de peso, que faziam carros alegóricos belíssimos, com som, luz”, comentou a filha.

Ao lado de Hélio Vieira e Dionísio de Abreu, entre outros, o carnavalesco preservou parte da tradição da folia tatuiana. Trabalho que a família considera um legado também para o município. “Eu espero que ele esteja sorrindo. Nesse momento, ele deve estar participando de uma grande festa”, falou Beth.

Vagalume e a família são ícones da folia não apenas na cidade, mas na região. No ano passado, em entrevista a O Progresso (publicada em “O Progresso em Revista”), ele contou que começou a frequentar bailes juntamente com os irmãos de criação. Na época, fugia à regra: não frequentava matinês como as outras crianças, divertindo-se em bailes com adultos.

A partir daí, passou a fazer parte de cordões (grupos de 40 a 50 pessoas). Por volta de 1962, começou a acompanhar as escolas de samba, chegando a receber convite de Luís André de Campos para formar uma equipe e tomar a frente da escola de samba “Princesa Isabel”, oriunda de um clube de mesmo nome.

Em 1976, a escola encerrou as atividades. No entanto, pouco tempo depois, Vagalume reuniu algumas crianças do bairro 400 e formou a “Escolinha Unida”. Depois, criou o “Bloco das Piranhas”, que trazia fantasias e adereços e reunia mais familiares e amigos.

Atendendo convite do atual diretor do Departamento Municipal de Cultura e Desenvolvimento Turístico, Jorge Rizek, Vagalume fundou o bloco “Vai Quem Quer”. Recentemente, familiares dele criaram o “Bloco do Vagalume”.

Problemas de saúde afastaram o carnavalesco dos desfiles. Desde 2009, ele deixou de participar das apresentações dos blocos, delegando a missão a filhos, netos e bisnetos. No ano passado, recebeu homenagem do “Bloco do Waguinho”, que apresentou samba-enredo baseado na vida do carnavalesco.