‘Paulo Setúbal’ abrigou oficinas e recebeu o Cordão dos Bichos





Amanda Mageste

Crianças, jovens e adultos participaram de oficinas sobre instrumentos e papietagem

 

Na sexta-feira, 28 de fevereiro, e sábado, 1o de março, o Museu Histórico “Paulo Setúbal” ofereceu à população “dois presentes”. O espaço cultural abrigou duas oficinas gratuitas e contou com a presença do Cordão dos Bichos. As atividades integraram programação especial organizada pela Prefeitura.

A primeira oficina, denominada “papietagem e reciclando batuques”, apresentou ao público a técnica para fazer trabalhos artesanais a partir de jornal e cola.

Neiva Aparecida Rodrigues Telles, artista plástica que ministrou a oficina, disse que a papietagem se difere do conhecido papel machê. No processo, é feita uma base com papelão ou com outro material que seja consistente e, a partir disso, faz-se o corpo do objeto colando tiras de jornais. Para realizar a colagem, a artista explicou que é necessário produzir um “mingau” com água e cola.

No dia 28, a oficina contou com a participação de crianças do Cosc (Centro de Orientação e Serviços à Comunidade), sendo, também, aberta ao público em geral.

Os participantes montaram tatus – o animal é o símbolo da cidade e será mascote do museu. Como demoram a secar, os bichos confeccionados na sexta-feira à tarde, foram pintados somente no sábado.

Neiva explicou que, no primeiro dia, os participantes montaram a base dos “bichinhos”, fizeram olhos, orelhas e cobriram com fita crepe (para dar o formato), jornal e cola. Ela disse que os deixou usar a criatividade para fazer no formato que quiserem.

Para fazer as cabeças dos tatus, foram utilizados sacos plásticos, “a gente preencheu sacolas com jornal e deixamos nos formatos que quisemos e depois fomos cobrindo com papel e cola”, acrescentou.

Depois de secar os produtos confeccionados, no dia seguinte, a oficina continuou e as pessoas puderam fazer a pintura dos tatus. Como base, foi utilizado látex branco e, depois, cada participante pintou os tatus da forma que quis.

A oficina, segundo Neiva, veio por um convite feito por Raquel Fayad, coordenadora do museu, para “comemorar” o Carnaval. Conforme Neiva, os tatus feitos no final de semana vão permanecer no museu para visitações. A artista plástica também faz trabalhos para o Cordão dos Bichos.

Na segunda oficina, Samuel Belém Gomes, Samuca Brasil, uniu música e materiais recicláveis. Ele é licenciado em música pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

No primeiro momento, Gomes explicou como funciona a parte de reciclagem dos produtos, ensinou aos alunos como são coletados os materiais reciclados e quanto tempo cada objeto demora a se recompor.

Antes de iniciar a oficina, ele apresentou aos participantes um vídeo sobre preservação ambiental com o objetivo de conscientização. Gomes também ensinou sobre as cores relacionadas ao lixo reciclável.

Depois de apresentar a parte ambiental, ele falou sobre a música, ritmo, melodia, harmonia e timbres. Também demonstrou alguns sons que o próprio corpo humano é capaz de produzir – utilizou como exemplo, batidas no peito.

A oficina trabalhou a parte de construção das ferramentas, com apresentação de sons graves, agudos e médios, além dos três tipos de instrumentos utilizados: industrializado, pré-prontos e os construídos artesanalmente.

Gomes utilizou o ganzá (percussão) para mostrar uma maneira de construção. O instrumento é construído com dois fundos de garrafas PET com pedras. Conforme ele, o som emitido é “muito semelhante ao do industrializado”.

Um chocalho “inusitado”, feito com unhas de lhama, também surpreendeu os participantes pela forma e som emitido. No dia 1º, eles aprenderam a fabricar um pandeiro usando pratos para vaso de flores, tampinhas de garrafa e fio de náilon.

Após fabricar os materiais, Gomes ensinou os alunos a tocar os ritmos com os instrumentos reciclados (latas, baquetas, barris, panelas, ganzás e chocalhos).

“Construir um instrumento com o lixo, e fazer uma criança ou adulto tocá-lo, é muito mais que reciclar instrumentos. Antes de mais nada, é reciclar pessoas”, ressaltou Gomes.

A coordenadora do museu afirmou que a ideia é reunir as pessoas na oficina o ano todo, não só no Carnaval. Conforme ela, a oficina especial serviu para apresentar a proposta ao público. Num segundo momento, a intenção é dar continuidade para que “um movimento alusivo à música” aconteça.

Também dentro da programação carnavalesca, o museu sediou apresentação do “Cordão dos Bichos”. De acordo com o presidente Pedro da Silva, o grupo apresentou-se pela primeira vez na praça Manoel Guedes, que abriga o “Paulo Setúbal”.

Parte das 35 figuras animou o público que passou pelo local. A apresentação serviu como preparação, “um esquenta”, para as festas carnavalescas.

A coordenação do museu informou que a ideia da apresentação partiu de outro projeto: o de reservar um espaço para contar a história do Cordão dos Bichos no museu. A iniciativa visou, ainda, atrair mais atenção para o “Paulo Setúbal”.

“As pessoas que passam a pé, de carro, param. Eles (os bichos) sempre chamam muita atenção, e isso pode fazer com que a população olhe para o museu como um lugar animado”, declarou a coordenadora e idealizadora do projeto.

“Para eles (integrantes do Cordão), também é uma interação diferente. Não é um lugar que já tem um público esperando para prestigiá-los. É um local que eles precisarão atrair as pessoas”, comentou Raquel.

A apresentação contou com um carro de som tocando “marchinhas” e animação da população, principalmente das crianças, que dançaram com os “bichos”.