Patrulha Mirim começa com 30% da capacidade e pretende chegar a 200





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Uniformizados, patrulheiros mirins cumprem rotina de estudos e práticas esportivas desde o dia 11

 

Noções de civilidade, respeito e patriotismo. Temas comuns em disciplinas “extintas” como OSPB (organização social e política brasileira) voltam à cena em Tatuí em projeto que une cidadania e capacitação. Denominada “Patrulha Mirim”, a ação é promovida pela Prefeitura a custo “quase zero”.

 

O projeto está vinculado à Secretaria Municipal da Indústria e Desenvolvimento Econômico e teve início oficialmente em 11 de agosto. Na data, 60 meninos selecionados a partir de uma prova de conhecimentos gerais participaram do desfile cívico em comemoração aos 187 anos do município.

 

A primeira aparição pública dos patrulheiros mirins marcou o pontapé inicial dos trabalhos que visam à “formação do caráter” e oferecer oportunidade de ingresso no mercado de trabalho.

 

Atualmente, o projeto opera com 30% “da capacidade de vagas”. Os planos são de aumentar o número para 200 crianças (somente do sexo feminino) em dois anos.

 

O primeiro grupo de alunos fez inscrição no mês de julho, quando a coordenação do projeto deu início aos chamados “preparativos”.

 

“Nós não demos muita sorte porque, uma semana depois da abertura das inscrições, começou a chover. Então, praticamente, perdemos a semana”, relatou o idealizador da iniciativa, Francisco Antônio de Souza Fernandes, o Quincas.

Segundo ele, a estimativa da secretaria era de que os alunos já estivessem em sala de aula antes do aniversário do município. Como houve a prorrogação da inscrição, o “Patrulha Mirim” começou, efetivamente, após as celebrações.

 

Apesar das chuvas, Quincas afirmou que o projeto registrou procura considerável. Em função da formatação dos cursos a serem oferecidos na segunda etapa – o projeto é dividido em duas fases –, a coordenação decidiu atender aos primeiros 60 meninos. Entretanto, ainda mantém inscrições abertas.

 

Todos estão no primeiro estágio, recebendo noções de cidadania e ética. Até fevereiro do ano que vem – no mais tardar, em março –, os adolescentes serão preparados para frequentar cursos de formação. O foco é atender às expectativas de mão de obra das indústrias e do comércio de Tatuí.

 

Quem participa do projeto recebe instruções e um uniforme (semelhante à roupa de escoteiro). A Prefeitura também oferece lanche para os meninos nas duas turmas, sendo 30 no período da manhã e 30 à tarde.

 

“Conseguimos os uniformes por meio de uma parceria entre a municipalidade e o Sindimetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região)”, informou Quincas.

 

Com um segundo parceiro, a pasta municipal obteve o local para montar a sede e oferecer as noções de civilidade e de qualificação.

 

As aulas são realizadas em prédio cedido pelo Colégio Objetivo, na rua Professor Oracy Gomes, vila Primavera. O Patrulha Mirim utiliza salas que haviam sido ocupadas pela Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo” na época da construção da unidade atual, que está na rodovia Mário Batista Mori, 971, no Jardim Aeroporto.

 

“Estamos em um espaço fantástico”, elogiou Quincas, sobre o prédio. Conforme ele, as dependências comportam até 200 meninos – número que deve ser atingido em 2015. Metade da meta deve ser cumprida este ano. “Queremos chegar a cem até o final deste ano”, comentou.

 

“A estrutura do prédio é mais que suficiente para atendermos quatro turmas de 25 alunos nos dois períodos. Mas, a gente quer dar um passo de cada vez”, adicionou. A cautela encontra explicação no fato de que a coordenadoria ainda está costurando parcerias com as indústrias e o comércio.

 

Os responsáveis querem viabilizar cursos nos quais a demanda por mão de obra seja maior. Também procura criar vínculos para que – na segunda etapa – possa inserir os participantes no trabalho por meio do programa Menor Aprendiz.

 

Até que isso aconteça, os adolescentes alternam o período passado no projeto com atividades educativas e esportivas, sob supervisão de um técnico desportivo. “Eles estão recebendo formação em todas as áreas que se possa imaginar: moralidade, meio ambiente, valores, etc.”, detalhou.

 

De modo a estruturar a formação dos meninos, o projeto oferece conteúdo em duas etapas. Estas serão oferecidas de acordo com a idade dos participantes.

 

Os alunos têm noções de cidadania e cursos de qualificação até os 14 anos. Desta idade em diante, passam a atuar como menores aprendizes. Ficam nessa condição – e no programa – até completarem 16 anos.

 

A idade mínima para entrar na patrulha é 12 anos, por conta de definições jurídicas. Quincas explicou que, até deixarem o projeto, os menores são acompanhados pela coordenação. Passam por avaliação durante os cursos e depois, quando começam as atividades como menores aprendizes.

 

“Temos uma funcionária que tem vínculo com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) que vai fazer isso. Vai acompanhar a assiduidade, o comportamento, e avaliar como anda o desempenho do aluno”.

 

O coordenador destacou que o acompanhamento termina quando o participante completa 16 anos. Com essa idade, ele sai do projeto e do Menor Aprendiz.

 

No entanto, Quincas afirmou que o aluno tem a chance de ser efetivado. “Aí, vai do potencial, do desempenho de quem se interessou pela oportunidade. Mas, nós não teremos mais ingerência sobre isso”, argumentou.

 

Para estimular os meninos a permanecerem no projeto, a coordenação optou por oferecer os cursos no período de duas horas. Eles são realizados no “contraturno” do aluno. “Nós não queremos sobrecarregar os participantes. Para isso preparamos uma carga horária bem condizente”.

 

As turmas iniciais passam duas horas por dia no projeto, frequentando o espaço em horário inverso ao da escola. “Eles aprendem e são alimentados. Recebem um lanche simples, mas que é oferecido gratuitamente”, destacou o coordenador.

 

Água e vinho

 

O nome é semelhante, mas o objetivo é completamente diferente. Em função disso, a coordenação destaca que o “Patrulha Mirim” não pode ser confundido com o antigo “Guarda Mirim” – no qual os menores saíam às ruas da cidade para trabalhar.

 

“Não existe a menor possibilidade de os nossos participantes desempenharem o mesmo papel de anos atrás”, declarou Quincas.

 

Até para evitar desencontros, o coordenador buscou ajuda do Poder Judiciário. Consultou os juízes Walmir Idalêncio dos Santos, da Vara da Infância e da Juventude, e Marcelo Nalesso Salmaso, do Juizado Especial Cível e Criminal e membro da Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

 

Ambos atuam na comarca do município. “Estamos, desde o primeiro passo, conversando com eles. Uma das coisas que nos foi colocada é que as nossas crianças não iriam atuar em determinados serviços, como, por exemplo, no rotativo”.

 

Quincas disse que esse modelo de ação era comum há muitos anos, mas que teve de ser revisto, em função do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

 

O projeto atual prevê que os frequentadores prestem serviços no mercado formal, sendo, inclusive, registrados e com todos os direitos trabalhistas.

 

Por meio desses benefícios, o programa aposta na ampliação do número de participantes. As inscrições para as 40 vagas prosseguem até completar o total de cem neste ano.

 

Os inscritos passarão por um período de adaptação para, depois, serem encaixados em cursos que serão oferecidos nos próximos meses.

 

Mais informações sobre os documentos necessários são obtidas pelo fone 3305-3375.