Patrulha encerra a 2ª turma e mantém meta de chegar a 200





Arquivo O Progresso

Atividades destacam noções cívicas e incluem execução de hinos

 

“São garotos recebendo alto padrão de disciplina, alto padrão de comportamento, cursos na área de informática e de atendimento ao cliente”.

Criada para suprir a lei 10.097, pela qual são estipuladas cotas de empregos nas empresas brasileiras, a Patrulha Mirim é classificada pelo comandante técnico do projeto, José Benedito dos Santos, como uma ação de resgate da cidadania.

Os 60 meninos com idades entre 12 anos e oito meses e 14 anos atendidos pela Prefeitura participam de trilhas ecológicas e visitas técnicas. A última delas aconteceu no dia 2 de dezembro, quando o grupo acompanhou sessão ordinária da Câmara Municipal para a escolha da mesa diretora para o biênio 2015-2016.

“A Patrulha foi criada em Tatuí porque não se tinha um projeto voltado a meninos”, iniciou Santos. O comandante técnico explicou que o objetivo é preparar os jovens para que eles tenham condições mínimas de assumirem vagas de trabalho nas empresas do município abertas por conta da Lei da Aprendizagem.

Santos destacou que o projeto é uma espécie de “versão masculina” do projeto “Lar Espaço Feliz”, desenvolvido pelo Lar “Donato Flores”. “Nós não tínhamos isso voltado para meninos. Assim, a Prefeitura criou o projeto”, contou.

A patrulha conta com sede própria e atende a duas turmas de meninos. Eles participam de aulas de capacitação e de civilidade em prédio anexo ao Colégio Objetivo. O espaço é o mesmo que havia sido ocupado pela Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Wilson Ribeiro de Camargo” antes da reforma do complexo.

Mais que capacitação, os meninos que frequentam o projeto encontram ocupação. Santos disse que ao oferecer aos alunos instruções, a Prefeitura está colaborando para mantê-los longe das ruas e, por consequência, de problemas.

Como complemento aos cursos de informática e de atendimento ao cliente, os estudantes participam de atividades fora da sede do projeto. “Eles conhecem o mercado de trabalho. Para isso, nós os levamos para empresas, para indústrias e para que desenvolvam atividades sociais e voluntárias”, citou Santos.

Todas as atividades são realizadas no contraturno escolar. Meninos que estudam no período da tarde, frequentam a patrulha pela manhã e vice-versa. Cada turma é composta por 30 estudantes, totalizando 60 meninos atendidos.

Entretanto, o Executivo tem como meta ampliar o número de vagas para 200, com metade dos meninos sendo atendidos pela manhã e metade à tarde. “Ainda não conseguimos aumentar, porque estamos ajustando a documentação e conversando com autoridades”, argumentou o comandante técnico.

As duas turmas encerram as atividades do ano nesta segunda-feira, 15. No decorrer do ano, elas participaram de ações socioculturais e conheceram diversas entidades. Entre elas, o Lar São Vicente de Paulo e a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Também desenvolveram projetos de limpeza ecológica, por meio de retirada de lixos e entulhos de locais públicos.

Às quartas-feiras, os alunos cantam os hinos à Tatuí, à Bandeira e Nacional. O ato é realizado com os meninos fardados, para reforçar a noção de civilidade. “Nosso principal objetivo é esse. É a educação moral e cívica. Nós resgatamos, nos meninos, a noção de liderança”, destacou Santos.

Para ele, a “maior contribuição” da Patrulha Mirim para com relação ao desenvolvimento dos alunos é permitir que eles se tornem independentes. “Queremos que eles caminhem com as próprias pernas, que abracem o mundo e que entendam que só eles são responsáveis pelo futuro deles”, adicionou.

Apesar de atender à segunda turma, a patrulha ainda não encaminhou meninos para o mercado de trabalho. O motivo é que os estudantes que frequentam as atividades ainda não terminaram o curso de preparação. “A ideia é que eles permaneçam até os 15 anos”, afirmou o comandante técnico.

Mesmo não tendo atingido a meta – de inserir jovens do sexo masculino no mercado de trabalho –, Santos citou que a patrulha é bem vista pelos responsáveis pelos garotos. Conforme ele, o projeto ainda é “bem procurado pelos pais”. “Infelizmente, não pudemos atender a todos”, afirmou.

Para ingressar na patrulha, os meninos são submetidos anteriormente a uma prova de conhecimentos gerais. Nesse exame, eles respondem a questões relativas ao município. Entre elas, data de aniversário da cidade e nome do prefeito.

O teste garante classificação e a ordem de chamada, independentemente, da condição social ou física dos atendidos. “Atendemos a todos, sem discriminação. Temos garotos de classe média e baixa e até deficientes”, disse Santos.

Os integrantes das duas turmas já participaram de dois desfiles cívicos (realizados em 11 de agosto) e de eventos relacionados ao Dia da Bandeira. “Também fizemos ações voltadas à arrecadação de alimentos”, destacou o comandante técnico.

Conforme ele, a meta é fazer com que os garotos “entendam a posição deles na sociedade”. A missão é válida tanto para as atividades fora como dentro da sede. O trabalho incluiu, ainda, estágios em departamentos do Executivo.

Em função da extensa agenda, o comando registra “algumas baixas”. Santos explicou que é comum a desistência por parte de alguns adolescentes, por conta da dedicação e do comprometimento exigido pelo projeto.

A reposição é feita com meninos que estão na fila de espera, ou que são levados até o projeto pelos pais. Santos disse que muitos responsáveis procuram a Patrulha Mirim porque querem que os filhos tenham noção de cidadania. “Graças a Deus somos bem aceitos pela sociedade”, complementou.

O grupo de estudantes entra em recesso nesta segunda-feira, 15. Eles, no entanto, retornam aos cursos e ações do projeto a partir de janeiro do ano que vem.

A Patrulha Mirim tem como idealizador Francisco Antonio de Souza Fernandes, o Quincas. Atualmente, ela é vinculada à Secretaria Municipal de Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social e mantém meninos em atividades diárias – de segunda à sexta-feira – por um período de duas horas.