PAT tem 3ª mudança e foco em indicador





AC Prefeitura

Em funcionamento no prédio da Secretaria Municipal de Indústria, PAT deverá passar por terceira mudança visando ‘melhor atendimento’

 

O PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) de Tatuí passará por terceira mudança de endereço. O serviço, que funciona junto à Secretaria Municipal da Indústria e Desenvolvimento Econômico e Social, deve ser transferido para local ainda a ser definido. É o que adiantou, nesta semana, o titular da pasta, Ronaldo José da Mota.

De acordo com ele, o Executivo deverá receber R$ 300 mil por conta de ação indenizatória para investimentos em melhoria voltados ao trabalhador. Com o valor, a pasta pensa em adquirir um prédio próprio para instalar o PAT local.

Mota explicou que a secretaria começou a estudar a ideia de mudar o PAT por uma terceira vez depois de o MPT (Ministério Público do Trabalho) e a Yazaki do Brasil, multinacional japonesa que fabrica cabos elétricos automotivos, celebraram acordo judicial em setembro do ano passado.

No documento, a empresa compromete-se a “encerrar práticas discriminatórias na contratação de funcionários e a doar um imóvel ao município, como forma de reparação a danos morais coletivos”.

Conforme o MPT, o prédio terá a finalidade de abrigar um centro de capacitação de trabalhadores, inclusive, deficientes.

A Yazaki havia sido processada pelo MPT em agosto de 2011 pela colocação de anúncios considerados discriminatórios na porta do PAT. Segundo o ministério, as ofertas de vagas proibiriam “a inscrição de homens e ex-funcionários da empresa em entrevistas de emprego oferecidas”.

O MPT pediu, em ação civil pública, a abstenção desse tipo de prática por parte da empresa, de modo a eliminar anúncios de empregos que façam referência a sexo, idade e cor, entre outros. Também solicitou que o município fizesse o mesmo, determinando suspensão de divulgação de vagas. Por essa razão, o PAT ficou sem divulgá-las por um período de dez meses.

“Isso (o acordo) abriu uma porta para nós. Ao transferirmos o PAT, vamos ganhar um espaço maior na secretaria”, comentou Mota.

Os planos são de ampliar o espaço que será destinado à “Sala do Empreendedor”. Ela funciona, atualmente, junto ao Centro Cultural Municipal.

Em prédio próprio, o PAT deve ter sistema de atendimento aperfeiçoado. A secretaria pretende, com a transferência, agilizar os serviços de emissão de CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social), pedidos de seguro-desemprego e a central de vagas, pelas quais são captadas oportunidades de trabalho.

A expectativa é de que o posto seja transferido em março. Mota disse, no entanto, que a equipe da pasta municipal está buscando um imóvel (no valor de R$ 300 mil) desde o mês de dezembro. No entanto, vem tendo dificuldade em encontrar um prédio na região periférica da cidade.

Em função disso, as pesquisas por casas ou prédios se concentram nas proximidades do Mercado Municipal “Nilzo Vanni”, da Rodoviária Municipal “Pedro de Campos Camargo” e do Museu Histórico “Paulo Setúbal”. “É o que estamos querendo encaixar. Na região central, não dá”, comentou.

Mota informou que a multa fixada pela Justiça contra a empresa seria de R$ 500 mil, sendo que R$ 300 mil serão aplicados em ações que beneficiem trabalhadores e os R$ 200 mil restantes, destinados a uma entidade assistencial.

Com a adequação, o secretário disse que vai “encerrar de vez” a fase de mudanças da secretaria. A meta seguinte é um desafio: “Melhorar os sete indicadores” do PAT. Em especial, o “retorno do empregador” com relação às vagas oferecidas.

Dos 3.340 encaminhamentos de pessoas feitos pelo posto a empresas no ano passado, houve retorno de apenas 56, conforme o estudo realizado pelo diretor da Indústria e Desenvolvimento Econômico, Marcos Bueno.

“Nosso maior desafio neste ano é esse, porque o PAT encaminha, mas o empregador não retorna. Quando ele não retorna, não entra no sistema”, explicou.

O estudo desenvolvido pela secretaria não leva em conta dados de todo o ano passado. Ele começou a ser realizado a partir do mês de julho, sendo concluído em novembro, perfazendo cinco meses. Os dados de dezembro ainda não haviam sido contabilizados pela pasta municipal até a quinta-feira, 16.

Nesse período, o PAT somou 9.420 atendimentos, sendo 728 vagas captadas, 3.071 trabalhadores inscritos, 141 colocações e 3.067 pedidos de seguro-desemprego.

Bueno informou que os dados mesclam números obtidos antes e depois da criação da segunda unidade do PAT no município e que funciona no Poupatempo. Até julho, o posto não havia descentralizado o atendimento.

O secretário afirmou que a reestruturação do sistema organizacional da pasta era necessária para “melhorar o serviço de atendimento”.

De acordo com ele, o objetivo era “identificar se existiam falhas, quais eram elas e onde elas estavam ocorrendo”. Motivo pelo qual houve a criação de uma segunda unidade do PAT. Até então, o volume de atendimento provocava reclamações.

Segundo o secretário, a descentralização fez com que o serviço fluísse mais rápido. No novo prédio, a ideia é que, mais estruturado, o posto possa “fazer os indicadores subirem”.

Para isso, a secretaria está planejando um “trabalho corpo a corpo” com o empresariado da cidade e região. Mota quer que as empresas melhorem o canal de comunicação com o posto, no sentido de informarem se fizeram ou não a contratação de pessoas indicadas para entrevista ou processo seletivo.

Com esse trabalho, Mota quer evitar a mesma situação registrada em agosto do ano passado. “Tivemos, aqui (na cidade), a contratação do Habib’s de quase cem pessoas. Não foi contabilizado isso porque não foi dada entrada pelo PAT, apesar de nós termos colaborado com o processo de seleção”, contou.

Para que as vagas das empresas fiquem disponíveis no PAT, é preciso que elas façam uma inscrição no posto. O procedimento prevê que toda vaga disponível no quadro do departamento de recursos humanos das empresas seja cadastrada.

Ao receber a demanda, o posto, por sua vez, faz a triagem de acordo com o perfil exigido e efetiva o encaminhamento dos pré-selecionados para as empresas.

“O problema com a não comunicação dos encaminhamentos é que nós temos mais oferta de mão de obra que vagas. Precisamos equilibrar isso”, disse.

Conforme o secretário, a meta do posto não é a de concorrer com as agências que prestam auxílio para os RHs para terceirização do processo de seleção.

Segundo ele, a secretaria também não quer competir com as agências de emprego. Por essa razão, planeja criar um sistema de apoio mútuo.

Mota também disse que a secretaria deverá concentrar esforços para melhorar o sistema de cadastramento de vagas. O atual não funcionaria “a contento”.

Como consequência, os trabalhadores poderão ter reduzidos o tempo de espera entre a candidatura a uma vaga, o chamado para entrevista e posterior registro.

“Hoje, o PAT está perto de alcançar o imóvel que nós queríamos. A partir dele, vamos focar somente no trabalhador, no sentido de colocação no mercado de trabalho. Porém, ainda está difícil essa conjugação e, nesse primeiro semestre, nossa meta é mudar todos os indicadores”, comprometeu-se.

O secretário quer fazer com que todos os indicadores “sejam reais” e multiplicar por cinco os números do estudo relativo aos atendimentos do PAT.

Efeito colateral

Outra vantagem com a saída do PAT da sede da secretaria é que a “Sala do Empreendedor” deverá ser “melhor estruturada”.

O titular da pasta da Indústria disse que a meta é reduzir a informalidade, com apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

Estando formalizado, o secretário disse que o microempresário poderá ter aumentado o lucro e os direitos, como o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

Nesse sentido, a secretaria deverá estabelecer trabalho juntamente ao Fundo Social de Solidariedade. A pedido da primeira-dama e presidente da entidade, Ana Paula Cury Fiúza Coelho, Mota vai criar um trabalho voltado ao incentivo da formação de negócios a formandos dos cursos de capacitação.