A ABC (Associação Brasil Cultural), criada em 2009, em Tatuí, pelo músico e pesquisador Paulo Flores, foi contemplada no processo de seleção 2018 e está entre os projetos culturais classificados da premiação “Pontos de Cultura”.
O programa, que atende à Política Nacional Cultura Viva, do Ministério da Cultura, oferece incentivo financeiro e kits de audiovisual e música a grupos, coletivos e entidades de natureza ou finalidade cultural.
Foram premiadas 544 iniciativas de teatro, música, capoeira, audiovisual, literatura, artesanato, dança e diversas manifestações culturais de todo o estado. Do total, 144 (cem entidades culturais sem fins lucrativos de constituição jurídica e 44 coletivos culturais sem constituição jurídica) receberam a premiação no valor de R$ 60 mil e 400 receberam a premiação por meio dos chamados “Kit Cultura de Audiovisual” ou “Kit Cultura Musical”.
A ONG tatuiana ABC tornou-se “Ponto de Cultura” e colocou Tatuí no mapa cultural nacional do programa Cultura Viva, com o projeto “Músicos sem Fronteiras”, fazendo 84 pontos dos cem possíveis na premiação, figurando entre os 400 premiados com kits culturais.
De acordo com Flores, o “Projeto Músicos sem Fronteiras” foi idealizado “através de experiências como líder e criador do Jazz Combo do Conservatório de Tatuí, com apresentações constantes em escolas públicas, asilos e Apaes de Tatuí e região, com o objetivo de levar a música para públicos maiores, e, depois, ganhou uma nova formatação”.
“É um conceito que comecei a desenvolver aqui em Tatuí para criar público para as apresentações de música. É uma forma que encontramos de levar para as crianças e para outros públicos um tipo de música que se ouve apenas dentro de teatros como o Conservatório”, comentou.
A partir da concepção, as ações do projeto foram se ampliando e somando-se a outros programas até criar-se a nova versão que recebeu a premiação como “Ponto de Cultura”.
A formatação atual é uma plataforma nomeada de “Músicos sem Fronteiras Online”, a qual, segundo Flores, busca estruturar, acrescentar e gerir “o anseio popular ao acesso às mais variadas formas de manifestações musicais, tanto na esfera instrumental quanto vocal, nos universos amplos dos estilos, popular, erudito, folclórico, étnico, entre outros”.
O objetivo é cadastrar profissionais da música para treinamento e capacitação por meio de oficinas presenciais que podem ser levadas em escolas e em outros municípios que manifestarem interesse.
“As atividades serão democratizadas com o interesse na formação, bem como na informação, num apresentar lúdico da música, onde tocar também se aplica ao lazer possível que deverá ser implantado em bairros e áreas rurais, atendendo crianças, adolescentes, adultos e o público da terceira idade de uma forma geral”, ressaltou.
Ainda conforme Flores, uma equipe de músicos renomados, coordenados por ele, trabalhará com formações de grupos de professores e alunos inscritos na plataforma, podendo estar em qualquer nível técnico para o desenvolvimento do aprendizado e da prática musical.
“Assim, de maneira prática e criativa, será introduzida e demonstrada a forma de utilização da plataforma EAD musical, que poderá suprir a carência criada pela lacuna da educação musical presencial, que, nesses dez anos de aprovação da lei, não conseguiu ser implantada”, salientou o profissional, referindo à lei 11.769.
A lei que alterou a Lei de Diretrizes e Bases Orçamentárias (LDB) em agosto de 2008 e estabelece a obrigatoriedade de incluir o ensino de música na grade curricular das escolas completou dez anos em 2018, mas ainda não saiu do papel.
“A Funarte (Fundação Nacional das Artes) está há muito tempo tentando resolver o problema da educação musical nas escolas, e, mesmo com a lei, nunca se conseguiu uma solução. Esta é uma das formas que eu apresentei, que é cadastrar professor, profissionais da música, ou mesmo alunos, para a implantação de uma espécie de escola de música on-line”, conta.
Flores ressalta que a plataforma apoia as manifestações locais e investe no desenvolvimento da mão de obra local, respeitando as realidades de cada município.
“Para cada localidade, será desenvolvido um projeto de utilização da plataforma, de acordo com suas características socioculturais e técnicas”, explica.
O plano é implantá-lo em Tatuí neste ano de 2019 como piloto que deverá servir de exemplo para o país. Segundo o idealizador e presidente da ABC, o projeto também foi apresentado à Funarte (Fundação Nacional das Artes).
“Já estou buscando alguns apoios. Ainda estamos no começo das conversas. É uma coisa nova, que tem tudo para dar certo”, afirma.
Associação Brasil Cultural
A ABC foi criada com base nas ações de seus sócios desde 2000, com a idealização de projetos como o Festival Brasil Instrumental, Mostra Brasil Instrumental, Festival Espaço Cooperativa, Projeto Benê, o Flautista, Oficina Documentário Benê, Exposição Temática Benê, Projeto Pixinga, o Arranjador, Banda Brasil Instrumental e Oficinas de Resgate de Bandas no Interior, entre outros projetos.
De acordo com Flores, a criação visa à ampliação e captação de recursos para projetos e ações culturais no âmbito da promoção da cultura brasileira por meio de incentivo às manifestações artísticas, especialmente do gênero musical instrumental, assim como a promoção da educação artística e musical, a pesquisa, o levantamento e o desenvolvimento de material pedagógico musical.
Constituída como pessoa jurídica, propõe-se à execução direta de projetos, programas ou planos de ações, convênios, contratos ou outros instrumentos jurídicos, doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou prestação de serviços a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.
Desde 2009, mantém, dentro e fora de sua sede, em Tatuí, Chalé das Artes, ações culturais e filantrópicas por toda a região.