‘Não há outro modo de fazer Operar’, desabafa provedora





“Não tem outra maneira de fazer o hospital continuar funcionando. Eu entendo o descontentamento dos funcionários, porque também sou assalariada. Mas, nós estamos numa época muito difícil. Conseguimos cumprir com o salário, mas não arcar com os demais direitos dos trabalhadores”.

A frase é um desabafo feito a O Progresso pela provedora da Santa Casa, Nanete Walti de Lima. Principal responsável jurídica pelo único hospital filantrópico do município, ela admitiu que a entidade está deixando de cumprir com “algumas obrigações trabalhistas”, mas justificou que esse é o único jeito de a diretoria garantir atendimento à população e evitar o colapso.

Nanete afirmou que o hospital evitou a interrupção do atendimento ao realizar o depósito. Entretanto, a data do repasse já teria sido anunciada pela provedoria ao sindicato.

“Eles (os diretores do Sinsaúde) fizeram uma assembleia na sexta-feira. Na ocasião, eu apresentei o papel do valor que ia ser pago. Desde a quarta-feira, dia 8, estava definido o dia do pagamento”, relatou.

Segundo a provedora, a Prefeitura recebeu repasse do Ministério da Saúde no dia 8. Entretanto, por conta do feriado do dia 9, o valor foi compensado na sexta-feira, 10.

“A Prefeitura disponibilizou uma funcionária para trabalhar na sexta e repassar o dinheiro para o hospital. Ocorre que o repasse foi realizado quase que às 17h, e não caiu antes desta terça”, explicou.

Nanete informou que o prazo de compensação do banco atrasou o pagamento em um dia. A expectativa da provedoria era de pagar os trabalhadores na segunda-feira, quando o dinheiro foi transferido. Como a agência só reconheceu a compensação na terça, o salário foi liberado no mesmo dia.

Desde junho, Nanete afirmou que tem apresentado a data prevista para o pagamento. “O sindicato vinha me cobrando muito, afirmando que eu não dava um prazo. Então, no mês passado, nós passamos a informar a entidade”, disse.

Com relação ao não repasse dos valores descontados em folhas de empréstimos e compras de medicamentos feitos por funcionários do hospital a bancos e farmácias, a provedora alegou que a medida se deve “à matemática”.

“Imagine que nós recebemos do SUS (Sistema Único de Saúde) R$ 593 mil e que nós gastamos R$ 583 mil somente com a folha de pagamento e para a cesta básica. Então, é um valor muito menor do que precisamos”, argumentou.

Por conta do descompasso nas finanças (conforme já notificado por O Progresso), a provedoria optou por deixar de cumprir com “algumas obrigações”. Entre elas, o repasse do FGTS e a compensação do empréstimo consignado.

Na tentativa de evitar que a situação piore ainda mais nos próximos dias, Nanete afirmou que a diretoria está “brigando” para melhorar a receita do hospital.

A “luta” inclui negociação com a Prefeitura, para o reajuste dos valores repassados pelo município dentro da contratualização, subvenção e pagamento de médicos que prestam serviços para o Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”.

“Estamos colocando todo mundo para ver se conseguimos trazer convênios”, afirmou. A intenção da provedoria é permitir o credenciamento de novas empresas para compensar a perda de arrecadação com a saída da Unimed.

Com o caixa “menos fragilizado”, Nanete declarou que o hospital poderá honrar todos os compromissos. A preocupação justifica-se pelo fato de que a Santa Casa não deve somente para os trabalhadores.

“Nós também temos débitos para com os fornecedores. Então, precisamos honrar nossas dívidas não só com os funcionários. Fala-se que descontou do salário, mas, se aquele valor tivesse de ser usado, o dinheiro não daria para nada”, alegou.

Até o momento, o hospital informou que consegue manter o pagamento dos funcionários do modo que vem fazendo. Entretanto, Nanete afirmou que a data do pagamento pode atrasar, uma vez que depende de envio do governo federal.

“Nós procuramos não gastar o dinheiro do SUS (na manutenção do hospital). Daí, conseguimos garantir o salário dos funcionários, mas não posso garantir que saia todo mês num dia específico”, concluiu a provedora.