Municí­pio terá espaço para o estí­mulo a deficientes graves





Um espaço para estimular pessoas com deficiência intelectual grave e autistas. Esta é a proposta do “Jardim Sensorial”, a ser implantado pela Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Tatuí. A entidade deve construir, em área interna, um espaço que será aberto também ao público externo.

O dinheiro para a obra virá de uma premiação obtida pela entidade tatuiana em outubro. A Apae do município está entre as dez contempladas pelo 9º Concurso Volkswagen na Comunidade. Trata-se de uma iniciativa de âmbito nacional realizada pela Fundação Volkswagen e que, neste ano, recebeu 790 inscrições.

O certame contempla, com R$ 40 mil, projetos apresentados por entidades sociais. As propostas precisam contar com participação voluntária de “colaboradores engajados na transformação social da comunidade”. A Apae de Tatuí recebeu apoio de diversos profissionais para a apresentação do Jardim Sensorial.

A entidade tatuiana se inscreveu por meio da unidade Vinhedo da rede de concessionárias da fabricante de automóveis. Ela teve a proposta considerada “de alta relevância pela equipe que analisou os projetos”, conforme contou a gerente de projetos da associação, Rita de Cássia Leme Ramos.

O projeto tem como premissa a “liberdade dos sentidos” e prevê um jardim sensorial. “A ideia é decorrente da resposta positiva e imediata provocada por estímulos em ambiente abertos em pessoas com deficiência intelectual grave e autistas”, contou Rita.

Conforme ela, as profissionais da instituição perceberam que o público específico (com deficiência severa ou autismo) responde bem aos estímulos sensoriais.

Ao serem levadas a experiências naturais que envolvem visão, audição, tato e degustação, as pessoas com esses quadros apresentam reações de “profundo envolvimento com o meio ambiente, agregado ao relaxamento”.

Para ampliar essas experiências, a Apae formatou o projeto de construção de um espaço próprio. No momento, as experiências são realizadas por professores nos vários ambientes da instituição. Em breve, acontecerão no jardim.

No futuro espaço terapêutico, a equipe profissional da associação poderá trabalhar os vários sentido. A proposta é instigar a visão, tato, olfato, gustação e audição.

Os estímulos visuais se darão pela apresentação de diferentes qualidades de plantas, com ou sem flores, de variados tamanhos, formas e cores; o tato, por contato direto com as plantas e as pistas sensoriais no corrimão e na troca de piso.

De forma a instigar o olfato, o jardim contará com diferentes ervas aromáticas. A gustação será proposta através da associação do gosto de algumas ervas aromáticas e frutas (morango).

Por fim, a audição ganhará estímulo por meio de “materiais sonoros”. Em especial, a fonte de água que deverá ser instalada no espaço. Também por meio do “ruído natural do próprio jardim”.

As dinâmicas ficarão a cargo de educadores com auxílio de terapeutas ocupacionais. Conforme a Apae, eles contribuirão para a reabilitação e melhora na qualidade da vida dos assistidos, uma vez que ativarão o processo perceptivo e darão a eles uma nova forma de aprender e compreender.

Considerado uma ferramenta pedagógica, o espaço deve ser inaugurado em março de 2017. Além de atender ao público interno, a Apae pretende abri-lo a alunos das escolas da rede regular de ensino pelo menos uma vez por semana.

A instituição recebeu a premiação no dia 21 de outubro, em São Paulo. Na data, houve a apresentação dos projetos contemplados com premiação.

Também em outubro, a associação implantou aplicativo denominado “Altcomt”. Desenvolvido por alunos da Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”, o software é voltado à comunicação de alunos com deficiência grave e entrou em fase de testes para aprimoramento no dia 24.