Mudança em Emef gera queixa de mães





Na manhã desta segunda-feira, 2, mães de alunos da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) “José Menezes Bueno”, no distrito de Americana, procuraram a reportagem de O Progresso para registrar reclamação. A queixa diz respeito a uma mudança de grupo de alunos na formação das classes.

As responsáveis afirmaram que a Secretaria Municipal da Educação, Cultura e Turismo teria alterado a formação sem comunicação prévia. Segundo elas, a pasta teria juntado, em uma mesma sala, alunos do 3º ano do ensino fundamental (1º ciclo) com crianças do 1º ano.

As mães alegam que a pasta teria feito a alteração por conta da falta de um terceiro professor. Elas teriam sido informadas sobre a razão da mudança em reunião com membros da secretaria e a diretoria da escola, ainda na tarde de segunda.

Conforme elas, isso teria provocado alteração (também sem comunicação anterior) do horário de frequência das crianças. Ainda segundo as mães, a secretaria teria alegado problemas com o quadro de professores – alguns teriam sido desligados.

Durante a reunião, as mães afirmaram ter sido avisadas, pelos representantes da pasta, de que “alguns professores alegaram estafa e não teriam retornado às aulas”. Isso teria obrigado a secretaria a remanejar a formação de turmas.

As mães disseram não concordar com a mudança porque “ela vai prejudicar o ensino”, uma vez que coloca os “pequenos” num mesmo ambiente que crianças mais velhas. Também sustentam que a junção prejudicaria alunos do 3º ano, com média de nove anos, forçando-os a revisar conteúdo.

Desta forma, elas acreditam que os estudantes podem ficar desestimulados. “O meu filho já é bem alfabetizado e vai ter de estudar com crianças que têm dificuldades. Vai ficar monótono. Ele já acha chato ir para a escola, porque já sabe o que estão ensinando. Aí, vai ter que esperar uma criança do 1o ano aprender a ler?”, indagou Débora Cristina Dias, mãe de um menino de nove anos.

Por conta disso, parte das mães disse querer a abertura de uma sala somente para o 3º ano. Outra parte até aceita a junção do 3º com o 4º e 5º ano do ensino fundamental.

Nazaré Zacarias não aceitou as explicações da secretaria. A avó de um estudante do 3o ano disse que o neto será afetado com a “mistura de classes”. “Antes, era tudo dividido. Faz 22 anos que eu moro aqui, minha filha chegou a estudar na escola anterior, e era tudo dividido”, afirmou.

Conforme ela, até o ano passado, os alunos cursavam o 1º e o 2º ano em turmas separadas, e frequentavam o 3º, o 4º e o 5º ano em uma mesma classe.

A avó declarou que não concorda com a alteração “porque ela pode prejudicar o aprendizado de todos os alunos”. “Não dá para aprender junto. Um aluno vai prestar atenção na aula do outro e, aí, vai virar bagunça”, argumentou.

Nazaré também reclamou por não ter sido avisada previamente pela secretaria. A dona de casa disse que soube da mudança por meio de outras moradoras do bairro e decidiu juntar-se às mães para cobrar explicações da Educação.

“Nós resolvemos chamar a imprensa e a secretaria para ver se resolvemos. Até o ano passado, era tudo separado, tudo bonitinho. Agora, querem juntar?”, questionou Márcia Aparecida de Oliveira, mãe de uma aluna de sete anos.

A dona de casa considera que esse tipo de mudança implicará em piora na qualidade do ensino. “Não tem como concordar com isso. Eles querem colocar uma criança que acabou de sair do pré, que é inocente, com as mais velhas”, disse.

Aline Felix declarou que também não está de acordo com a alteração, em função de uma experiência vivida por ela no ano passado. Em 2014, a dona de casa teve de se mudar do bairro para o centro da cidade e transferir a filha.

“Quando morava no bairro, a professora tinha falado que minha filha ia bem, mas, na cidade, fui chamada por outra, que me disse que ela só sabia o alfabeto. Fiquei indignada, porque eu mesma tive de ensinar a minha filha”, afirmou.

Aline defende que o ensino deve ser diferenciado para as crianças do 1o ano, com seis anos de idade. Segundo ela, os alunos nessa faixa etária precisam de atenção maior. “Se nada for resolvido, vamos procurar a Justiça”, disse.

Antes de uma “medida mais drástica”, as mães querem um posicionamento da secretaria. Elas relataram que, ao final do encontro, a pasta teria solicitado prazo de quatro dias para comunicar se o pedido delas seria aceito.

Mesmo sabendo do número reduzido de alunos, as mães pedem a separação das turmas. Pelo menos a não junção dos estudantes do 3o ano com os do 1o e 2o.

“Tudo bem que a alfabetização tem de acontecer na idade certa e que o mínimo de alunos para abrir classe é de 15, mas as crianças que estão entrando têm seis anos. Elas vão atrapalhar as de nove e serem atrapalhadas”, disse Débora.

A dona de casa afirmou que a junção dos alunos do 3º, 4º e 5º (se houver) não deve resultar em problemas para o professor. “Vai dar um trabalho, mas não é tanto assim. Na cidade, existem classes com número maior”, argumentou.

Débora declarou, ainda, que os alunos do distrito já sofrem com a transição quando têm de se dirigir à cidade para completar os estudos. Segundo ela, com essa mudança proposta, eles teriam “muito mais dificuldades para passar de ano”.

“A secretaria generaliza quando fala que o ensino do bairro é igual ao da cidade. Além disso, a partir do 3o ano, o aluno pode reprovar. E, aí, as nossas crianças serão afetadas porque ficarão misturadas com alunos menores”, argumentou.

Também conforme ela, a junção teria sido realizada pela secretaria “de última hora”. A dona de casa afirmou que, até a sexta-feira da semana passada, dia 30 de janeiro, havia designação de um professor para a turma do 3º ano.

De acordo com ela, a mudança teria sido feita na segunda-feira, 2, causando outros transtornos. “Eu matriculei meu filho no projeto Arte pela Vida. Agora, ele não vai poder frequentar porque mudaram o horário da escola”, citou.

As mães aguardam posicionamento da secretaria para esta sexta-feira, 6. Caso não sejam atendidas, elas podem organizar manifesto e acionar a Justiça.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura. Na tarde de ontem, o setor divulgou nota na qual afirma que a decisão de tentar reduzir o número de professores da unidade deve-se a uma decisão judicial.

Conforme a secretaria, alguns professores deixaram de assumir suas salas de aula. “Porém, a situação já está sendo resolvida, com a contratação emergencial de novos professores por intermédio de processo seletivo”, cita-se.

A secretaria também informou que não há prejuízo para o alunado, uma vez que a situação “será solucionada no início do ano letivo”.

Também afirmou que não houve aviso prévio por ter sido noticiada da decisão judicial no período de férias escolares. A pasta alegou que “não teve tempo hábil”.

Por fim, informou que todos os alunos do bairro serão alocados em suas respectivas salas e acompanhados por seus professores.