Moradores do Jurumirim vão buscar ‘cidadania’ tatuiana





Donizete Aparecido da Cunha Brito mora no Jurumirim há cinco anos. Representante do bairro, ele está tentando articular a formação de uma associação de amigos de moradores e pretende, com o grupo, apresentar abaixo-assinado.

O documento representaria uma espécie de “autodeclaração” e deve ser entregue a vereadores para reforçar a briga dos moradores por melhorias. “Nós estamos nos qualificando como tatuianos, já que ninguém assume nada”, disse.

A localidade está no meio de uma contenda judicial. Em 2011, a Procuradoria do município protocolou recurso de apelação contra sentença da Justiça local que previu a diminuição da área territorial da cidade.

Na época, a Prefeitura perdeu ação movida contra Itapetininga. A Prefeitura vizinha solicitou ao IGC (Instituto Geográfico e Cartográfico) nova demarcação de território.

Essa medição estendeu a divisa de Itapetininga para além da praça de pedágio da CCR SPVias, no quilômetro 113 da rodovia Antonio Romano Schincariol (SP-127), que interliga os dois municípios. O IGC incluiu o bairro Jurumirim, na ocasião com mais de 300 moradores, como território itapetiningano.

Na ação de 2011, os advogados reclamavam de volta a praça de pedágio da concessionária e o próprio bairro. Para isso, pediam a retificação da demarcação de divisa, por meio de liminar.

Os procuradores requereram, também, ao TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo, a conversão do julgamento do processo em diligência para nova medição. Também incluíram no recurso a inversão dos encargos do processo, que, conforme decisão anterior, teriam de ser pagos por Tatuí.

Até que uma decisão seja tomada, os moradores dizem que nenhuma das prefeituras se sente responsável pelo bairro. Brito afirmou que a indecisão tem gerado problemas à população, que não conta com saneamento básico, tem iluminação pública precária e sofre com má conservação das estradas.

No entanto, o principal problema é o acesso ao município. Para vir a Tatuí, onde usam os serviços de saúde e compram itens de necessidade básica e de alimentação, os moradores têm de pagar pedágio. “Tiraram o nosso direito de entrar e sair, já que não temos mais retorno pela pista”, reclamou o morador.

Quem opta por trafegar pela rodovia tem de desembolsar R$ 8,90 por trecho (ida e volta). Brito declarou que há, ainda, um contorno por estrada auxiliar. “Só que ela está esburacada, é perigosa, escura e sem condições de tráfego”, falou.

A via alternativa liga o Jurumirim ao Enxovia. De lá, os moradores conseguem ter acesso a um retorno para chegar a Tatuí. Contudo, a população do bairro cobra a implantação de dispositivo de acesso junto à SP-127. “São vários bairros prejudicados por causa do pedágio”, argumentou.

Na tentativa de obter solução, Brito participou de reunião em São Paulo há dois meses. Convidado pelo prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, ele compareceu ao encontro com representantes da Artesp (Agência Reguladora dos Transportes do Estado de São Paulo). Na ocasião, pleiteou a melhoria.

Conforme ele, além dos habitantes do Jurumirim, são prejudicados pela falta de um retorno as pessoas que vivem no Santa Adelaide. “É muito complicado, não conseguimos nem recorrer a Itapetininga, nem a Tatuí”, comentou.

Na tentativa de mudar o panorama, os moradores, por iniciativa própria, devem realizar o abaixo-assinado para ser entregue aos vereadores. Eles querem mostrar às autoridades que reconhecem o bairro como sendo de Tatuí.

“A cidade precisa reconhecer que somos tatuianos. Nossa vida é em Tatuí. Estamos a 12 quilômetros daqui e a 30 de Itapetininga. Para nós, pertencer à cidade vizinha é inviável, sem condições. Então, pretendemos sensibilizar os vereadores para que lutem por nós e para somarmos forças”, explicou o morador.