Mesmo com a crise, Femague mantém contratação de 80%





Gleicy Ellen de A. D. da Silva

Membros e presidente da fundação

 

Na contramão do atual cenário econômico do país, que está levando milhões de brasileiros a perderem os empregos, a Fundação Educacional “Manoel Guedes” mantém alto índice de contratações dos estudantes dos cursos técnicos nas áreas de saúde e segurança.

Enfermagem, farmácia, saúde bucal, urgência e emergência e enfermagem do trabalho são os carros-chefe da fundação, que também oferece formação em segurança do trabalho.

Segundo o diretor administrativo da Etec (Escola Técnica) “Dr. Gualter Nunes”, Simeão José Peixoto Sobral de Oliveira, 80% dos alunos da instituição conseguem colocação no mercado, durante ou em poucos meses após o término do curso.

O atual presidente da fundação, José Norbal de Moraes Marques, acredita que isso só é possível quando o ambiente de ensino adéqua o número de alunos ao espaço disponível no campo de trabalho, “evitando a produção em massa de profissionais”.

“A filosofia é essa: atender à demanda do mercado. Não é produzir mais do que o mercado possa absorver. Com isso, naturalmente, você mantém a qualidade do ensino”, apontou o presidente.

Oliveira esclarece que o mapeamento do número de alunos em detrimento às ofertas disponíveis no mercado de trabalho é observado pela procura.

“Nós recebemos da comunidade e da região diversos pedidos de alunados. Mapeamos (a necessidade) pela procura, pois essa procura chega muito perto da oferta. É ela que vem atrás da oferta, e não a oferta atrás da procura”, disse Oliveira.

Durante o período do curso, os estudantes devem cumprir carga horária de estágio não remunerado, pré-definida pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP).

Para alunos de enfermagem, a fundação realizou convênio com a Santa Casa de Misericórdia nas cidades de Sorocaba, Tatuí e Cerquilho, Hospital São Luiz (Boituva), Hospital Psiquiátrico Vera Cruz (Sorocaba), Hospital Psiquiátrico (Salto de Pirapora), Hospital Regional de Itapetininga, Lar São Vicente de Paulo de Tatuí e unidades básicas de saúde do município.

Os alunos de saúde bucal podem exercitar a profissão no Centro de Especialidades Odontológicas, em Tatuí. Os futuros técnicos farmacêuticos têm mais de dez opções de farmácias para cumprir o estágio obrigatório, que, também pode ser realizado nas UBSs da cidade.

Já para os discentes de segurança do trabalho, há convênios para atuação na Santa Casa, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Cerâmica CITY (Cesário Lange); Indústria de Subprodutos de Origem Animal Lopesco e Prefeitura Municipal.

Ainda de acordo com o diretor, o campo de trabalho para os alunos de enfermagem é extenso, pois atende também às cidades vizinhas. Boituva, Cerquilho, Capela do Alto, Cesário Lange, Pereiras, Iperó e Conchas integram essa lista.

Para os alunos de farmácia, Oliveira acredita que o estágio obrigatório não remunerado é a chave para abrir as oportunidades, uma vez que, segundo ele, metade dos alunos são efetivados nos estabelecimentos em que cumprem a carga horária de trabalho.

“Tanto para enfermagem quanto para farmácia, a escola entra em contato com as farmácias, com a Santa Casa, por exemplo. Então, nós fazemos um convênio. O aluno não precisa correr atrás do convênio”.

“Já para o curso de segurança do trabalho, nos abrimos espaço para que o aluno, que é funcionário de determinada firma, possa fazer o estágio supervisionado dentro dessa empresa”, esclarece.

O diretor conta, ainda, que a oferta para a área de segurança do trabalho é grande e tende a ampliar, graças à “fiscalização” do Ministério do Trabalho nas empresas, que exige o uso de EPIs (equipamentos de segurança individuais) e ambiente seguro aos funcionários.

Mesmo com taxas de contratações em alta, o diretor afirma que não pretende ampliar esse número. “Nós mantemos essa média há muitos anos e não queremos ampliar porque o mercado não vai absorver”, esclarece.

Para Norbal, essa prática também evita a “mercantilização” da educação. “Acho um problema sério, pois nossa responsabilidade é com a educação, com a formação, e não com o rendimento que o aluno possa trazer para a escola”, ressaltou.

Apesar das demissões em massa, para o presidente da Femague, ainda não foi possível notar mudanças nos quadros de oportunidades. No entanto, José Roberto Rodrigues, secretário da Femague, acredita que essa estabilidade pode sofrer alterações.

“Já sentimos a crise com os atrasos dos pagamentos dos alunos. Nesse quesito, nos já sentimos problemas, localizados ainda, mas sentimos. Agora, no global, na questão de oferta de emprego, ainda não. Mas, está por vir, infelizmente”, lamentou.

Estrutura

Com mais de 40 anos de atuação, a Fundação Manoel Guedes possui seis salas de aula, laboratórios específicos para os cursos de enfermagem, saúde bucal e farmácia. Já os materiais didáticos disponibilizados aos alunos são desenvolvidos pela própria entidade.

Porém, os serviços da instituição vão além da sala de aula. No mesmo prédio da Femague, está instalada a Unidade Básica de Saúde do bairro Valinho.

O consultório dentário, para a aula prática do curso de saúde bucal no período noturno, foi construído em parceria com a Prefeitura. Nesse local, durante o dia, o governo municipal oferece atendimento à comunidade.

Igualmente sediado na Femague, o consultório, além de ser local para a realização das aulas práticas dos estudantes de auxiliar em saúde bucal, também é aberto para atendimento à comunidade.

“A Prefeitura mantém dois dentistas lá durante o dia, e a noite, nós, que fomos parceiros da montagem do consultório, utilizamos esse espaço para a parte prática. Então, os alunos praticam dentro do consultório”, complementou Oliveira.

Há quase três meses na presidência da Femague, no lugar de Rodolfo Hessel Fanganiello, para Norbal, o mandato dele não trará grandes mudanças.

“Os trabalhos continuaram os mesmos desde que entrei, fiz questão. Eu não vim para fazer profundas alterações. Muito pelo contrário: vim para dar sequência naquilo que é muito bom”, finaliza.