Menina encontrada na rua vai morar com a tia, diz Conselho





Após passar três dias no Lar Donato Flores, a menina de dois anos encontrada em uma rua da vila Esperança foi entregue aos cuidados de uma tia materna, informou o Conselho Tutelar.

A menina fora achada por policiais militares, por volta das 22h de sexta-feira, 19, próxima a um supermercado do bairro. O local fica a 200 metros da casa onde ela morava. Ela estava chorando e com frio.

A guarda provisória da menina era dos avós paternos. Eles tinham ficado com a garota e com dois outros irmãos dela, depois que os pais das crianças foram presos por tráfico de drogas.

Após o incidente com a menina de dois anos, a irmã dela, de quatro anos, e o irmão mais velho, de seis anos, foram retirados da casa dos avós e encaminhados a abrigos.

As crianças foram entregues a uma tia, após ela manifestar, ao Conselho Tutelar, a intenção de cuidar das crianças, segundo a conselheira Líliam Antunes Quevedo.

“Não tínhamos informações sobre a família das crianças. A tia ficou sabendo do ocorrido pela televisão e procurou o Conselho Tutelar, para ficar com as crianças”, afirmou.

A tia das crianças cuidará delas até que o juiz da Vara da Infância e da Juventude decida com quem os garotos ficarão provisoriamente. Segundo Líliam, a probabilidade de as crianças voltarem a morar com os avós paternos é baixa.

“Fizemos um termo de entrega e responsabilidade. O Ministério Público vai abrir um processo e o juiz decidirá com quem as crianças ficarão. Como eles serão processados por abandono de incapaz, é difícil as crianças voltarem para os avós.”, explicou.

De acordo com a conselheira, a menina tinha sido deixada sozinha na casa dos avós, na vila Esperança. Eles haviam ido à igreja e deixaram a menina dormindo. Após algum tempo, a criança acordou e saiu sozinha pela rua, quando foi encontrada por policiais militares.

Os agentes foram acionados por vizinhos, que estranharam o fato de uma criança de apenas dois anos estar sozinha na rua e chorando. A garota acabou encaminhada ao plantão policial, onde foi registrado boletim de ocorrência.

Cerca de meia hora depois, os avós chegaram ao local e prestaram esclarecimentos. O casal responderá, na Justiça, por colocar em risco a vida de incapaz.

“Eles, por ignorância, colocaram em risco a vida dessa criança e foram indiciados por crime. Algo pior poderia ter ocorrido com essa criança, pois a casa dos avós é próxima ao ribeirão Manduca”, observou.

A conselheira afirmou que a residência dos avós paternos oferecia riscos de segurança às crianças. Além do trio de irmãos, o casal cuida de um neto de 11 anos e de uma adolescente de 14 anos, filha deles.

A guarda dos dois adolescentes foi mantida com o casal. O ribeirão Manduca passa nos fundos da residência, o que ofereceria riscos às crianças.

Após inspeção, os conselheiros indicaram a necessidade de construir um muro nos fundos do local e a instalação de um portão, para evitar que as crianças saiam da casa. Os pedidos foram atendidos pelo avô das crianças.

“A casa não tinha condições de abrigar crianças, daí pedimos essas adequações e fomos atendidos no dia seguinte, pois mantivemos a guarda de outro neto e da filha do casal”, afirmou.

Segundo Líliam, casos de abandono de incapaz são corriqueiros na cidade. “As famílias não têm conhecimento de que deixar uma criança sozinha pode gerar risco para a segurança dela. A maioria dos nossos atendimentos é de abandono”, afirmou.

Os bairros com maior incidência de abandono são os mais periféricos e de baixa renda, de acordo com a conselheira: Jardim Rosa Garcia, Santa Rita, San Raphael, Jardim Gonzaga e Jardim Perdizes.

“Nós tentamos conscientizar as famílias da importância do cuidado com as crianças, fazendo reuniões com pais nas escolas, para passar o máximo de informações para eles”, declarou.

A conselheira disse esperar que caia o número de crianças deixadas sozinhas nos próximos meses, devido às ações de conscientização nos bairros.