Maria José assume candidatura do PSDB





Em reunião extraordinária, o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) apresentou Maria José Vieira de Camargo como candidata a prefeita de Tatuí. Ela passa a ocupar o lugar do marido, o ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo, concorrendo pela coligação “Tatuí Tem Jeito”.

A formalização da candidatura aconteceu na noite de segunda-feira, 12, no auditório do Sindicato Rural Patronal. O evento contou com a presença de correligionários e decorre de “decisão estratégica”.

A escolha dela para o pleito deve-se a um consenso entre os membros do partido e os presidentes e representantes das legendas que apoiam a campanha majoritária.

Para as eleições, a empresária ressalta o sobrenome do marido. Lançada como Maria José Gonzaga, ela informou à reportagem que mantém os compromissos assumidos por Gonzaga no período em que ele esteve como candidato.

O partido protocolou o nome de Maria José no início da noite de segunda-feira, 12, por volta das 18h50. A data marcava o último dia para pedido de registro de candidatura às eleições majoritárias e proporcionais, na hipótese de substituição, de acordo com calendário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Conforme informou Maria José, pesaram na decisão dos correligionários diversos pontos, sendo o principal a demora da análise de recursos judiciais. O ex-prefeito aguarda julgamento de pedidos apresentados junto ao Tribunal de Justiça, em São Paulo, e ao Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.

Ele pede a suspensão do processo movido a partir de sindicância aberta pela Prefeitura por conta da contratação do médico Paulo Sérgio de Medeiros Borges como secretário da Agricultura e Meio Ambiente. O geriatra ocupava a função de titular da então Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente.

Devido à mesma ação, a Justiça Eleitoral de 1ª instância negou o pedido de registro da candidatura ao ex-prefeito. No dia 6 deste mês, a juíza Mariana Salviano Teixeira da Rocha indeferiu o protocolo apresentado por Gonzaga para o pleito.

No entendimento da magistrada, o ex-prefeito “não se encontra em pleno exercício de seus direitos políticos por força de sentença judicial”. Gonzaga teve condenação proferida pela 1ª Vara Cível e mantida pelo TJ de São Paulo.

No domingo, 11, o ex-prefeito protocolou recurso no Tribunal Regional Eleitoral, de São Paulo, pleiteando o registro da candidatura e a continuidade na disputa pela Prefeitura. “Para mim, é uma injustiça enorme o que fizeram com o Paulo Borges e comigo, por tabela”, afirmou Gonzaga.

O ex-prefeito tinha a expectativa de que um dos dois recursos em instância superior fosse analisado ainda nesta segunda. Com isso, o partido teria “maior segurança” com relação à continuidade dele na corrida para a Prefeitura.

Gonzaga sustentou que “Paulo Borges desempenhou a função corretamente e não teve enriquecimento ilícito”. Disse, ainda, que o caso do geriatra tatuiano “menos emblemático” que o do candidato à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno.

O político paulistano foi condenado em 2015 a dois anos e dois meses de prisão por ter nomeado, como funcionária de seu gabinete, a gerente de uma produtora de vídeo pertencente ao político. “A questão do Paulo Borges foi o contrário”, argumentou.

De acordo com o ex-prefeito, o geriatra “trabalhou para Tatuí e não em benefício próprio”. “Por uma dessas coisas interessantes do nosso país, que importou mais de 5.000 médicos cubanos porque faltam médicos no Brasil, há um impedimento a profissional de trabalhar nos finais de semana”, apontou.

Para Gonzaga, as decisões da Justiça – em 1ª e 2ª instância – têm sido equivocadas. O político disse que o médico não acumulou funções, apenas exerceu a medicina aos finais de semana. Desta forma, não teria contrariado lei municipal que prevê a dedicação do funcionário em tempo integral.

“A lei não fala que o Paulo Borges teria que trabalhar exclusivamente para a Prefeitura. E tempo integral não é tempo exclusivo. Então, para nós, ele poderia trabalhar. Além disso, não se enriqueceu ilicitamente”, sustentou.

Em defesa ao geriatra, Gonzaga disse que o médico poderia trabalhar muito menos e ter o mesmo salário em termos de equivalência. Isso porque, quando aceitou o cargo de secretário, Borges havia vencido pleito para vereador.

“Os valores salariais (de secretário e vereador) são praticamente iguais. Então, ele não teve vantagem econômica nenhuma. Pelo contrário, trabalhava durante a semana toda. Se fosse vereador, trabalharia praticamente só às terças-feiras”, disse.

Como a decisão do recurso de suspensão não saiu em tempo hábil (dentro do prazo determinado pela Justiça Eleitoral), a coligação deliberou pela renúncia do ex-prefeito. O PSDB e os partidos aliados tinham expectativa de que a decisão sobre o recurso no TJ fosse anunciada ainda na segunda, 12.

Entretanto, o TJ não despachou o pedido. Para evitar uma “insegurança jurídica”, a coligação realizou reunião extra, resultando no nome de Maria José.

Conforme o ex-prefeito, que é presidente do PSDB, além de garantir a permanência na disputa pela Prefeitura, o partido quis evitar “um problema mais sério para a gestão da cidade”.

Gonzaga afirmou que haveria um risco de que a eleição (em caso de vitória) fosse declarada nula. “Nós teríamos que ter uma nova eleição, de acordo com a nova lei. E isso causaria danos à cidade”.

Em função das circunstâncias, o ex-prefeito submeteu a possibilidade da troca de nome ao crivo da base. Gonzaga reforçou que a indicação de Maria José não se deu de forma “de cima para baixo”. “Não foi uma decisão isolada minha, mas de todos os vereadores e presidentes de partido”, ressaltou.

A coligação levou em conta a experiência política e empresarial da ex-primeira-dama. O nome dela foi considerado o “mais forte e o mais indicado para as eleições”.

“Temos que lembrar que a Maria José conduziu os nossos negócios (empresas que pertencem à família dela) de uma maneira até melhor que eu, quando me afastei para exercer as funções de deputado e, depois, de prefeito”, disse Gonzaga.

Por entender que seria “um ganho administrativo e não meramente político”, a coligação ratificou Maria José como candidata. Gonzaga renunciou ao pleito na mesma data.

No dia 2 de outubro, Maria José vai enfrentar, nas urnas, José Guilherme Negrão Peixoto, Guiga, do PSC (Partido Social Cristão), o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), e Rogério de Jesus Paes, Milagre, do PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro).

 

Nova gestão

“Tatuí precisa de uma nova gestão”, disse Maria José em primeira entrevista após a oficialização da candidatura. A empresária antecipou que prossegue normalmente com a campanha iniciada pelo marido em agosto.

Ela prossegue, nesta semana, com os compromissos assumidos anteriormente. O plano de governo apresentado por Gonzaga também será mantido em sua “plenitude”, conforme acentuou a candidata.

“Vamos continuar trabalhando da mesma maneira que antes. Todos os compromissos que foram assumidos durante a campanha estão em pé”, declarou.

Eles incluem entrevistas a veículos de imprensa e comícios, com presença dos candidatos a vereador. Os postulantes também manifestaram apoio à candidatura na extraordinária.

“Eles ficaram muito entusiasmados ontem. E eu até brinquei, no meu discurso, que fiquei enciumado, porque ela recebeu uma demonstração de carinho muito grande, que me surpreendeu particularmente”, disse Gonzaga, na manhã de terça, 13.

Para o ex-prefeito, a indicação da esposa representou uma “injeção de ânimo” nos candidatos a vereador. Gonzaga argumentou que, com a mulher à frente das eleições, o grupo político tem “todas as condições de vencer o pleito”.

Caso tenha sucesso na candidatura, Maria José será a segunda prefeita da história do município. A primeira foi Francisca Pereira Rodrigues (Chiquinha Rodrigues), que comandou a cidade entre os anos de 1945 e 1947.

“Estou mais que preparada. Com muita determinação, assumi esse compromisso que não é comigo, ou o grupo, mas com o povo de Tatuí”, declarou.

Maria José disse, ainda, que podem esperar dela, na Prefeitura, “a mesma dedicação” que teve quando comandou o Fundo Social de Solidariedade. “Naquela época, ainda dividia meus afazeres com a administração de empresas. Mas, agora, meu tempo integral será para a cidade”, declarou.

A 18 dias das eleições (a contar a partir desta quarta-feira, 14), Maria José anunciou que intensificará as ações da campanha. Uma carreata para anunciar a candidatura dela está pré-agendada para esta quarta.

O material de divulgação deverá ser atualizado pela coligação ainda nesta semana. O PSDB também distribuirá uma carta com explicações do motivo do afastamento da candidatura do ex-prefeito e a indicação de Maria José.