Manu pretende retomar conversas com empresários a partir desta segunda





A Prefeitura deve buscar nova solução para viabilizar o projeto de implantação de um shopping center na região do Residencial Europark. O investimento, que dependia de aprovação de projeto rejeitado pela Câmara Municipal, incluía a abertura de uma avenida de acesso ao empreendimento. Ela ligaria a rodovia Antônio Romano Schincariol (SP-127) ao Jardim Paulista.

Nesta segunda-feira, 28, o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, deve voltar a entrar em contato com os investidores. Ele programou para a terça-feira, 29, encontro com os ex-proprietários do grupo Schincariol.

De acordo com Manu, eles adquiriram uma área próxima à rodovia, no valor de R$ 100 milhões, e pretendiam investir R$ 200 milhões na construção do centro comercial.

Os empresários condicionaram o negócio à abertura de uma avenida que melhorasse o fluxo de veículos do centro da cidade até o futuro empreendimento.

Em entendimento com proprietários de terras no entorno daquela região – que desejam abrir novos loteamentos –, o Executivo conseguiu que eles se comprometessem a bancar os custos da nova via, ao valor de R$ 20 milhões.

Para isso, teve de preparar um projeto que previa a mudança de zoneamento da área. Atendendo às exigências dos loteadores, a administração incluiu, no documento, a redução de 360 metros quadrados para 200 metros quadrados os terrenos que poderiam ser comercializados.

A alteração gerou controvérsia entre os vereadores e resultou em entrave – concluído com votação na noite de terça-feira, 22. Rejeitado, o projeto implicaria na desistência dos investimentos por parte dos empresários, uma vez que o Executivo ficou impedido – pelo menos, por enquanto – de atender às condições impostas pelos grupos.

Um dia depois da votação na Câmara, Manu tentou contato com os ex-proprietários do grupo Schincariol, mas não conseguiu conversar em função de compromissos pré-agendados. Segundo o prefeito, ainda não há perspectivas sobre o resultado de uma possível conversa.

“Infelizmente, não tenho boas notícias para dar, porque o nosso prazo com eles (os investidores) já estava vencido. Eles estavam nos dando uma carência. Mas, eu sou uma pessoa muito otimista, sou um guerreiro, um batalhador. Vou abrir um canal de conversação novamente”, declarou Manu.

Conforme a decisão, ele deverá, também, voltar a se reunir com os donos das áreas no entorno do futuro centro comercial. “São duas frentes que eu terei de renegociar. Não estou falando só de um projeto, mas de um grande investimento”, disse a O Progresso.

O prefeito esteve falando com a imprensa junto aos vereadores André Marques (PT), Dione Batista (PDT), José Eduardo de Morais Perbelini (PRB) e ao vice-prefeito e secretário municipal da Infraestrutura, Meio Ambiente e Agricultura, Vicente Aparecido Menezes, Vicentão. Todos criticaram o posicionamento dos parlamentares que não concordaram com as alterações no zoneamento.

Manu disse que convidou os edis para que eles pudessem esclarecer o posicionamento adotado na votação. Para a reportagem, ele “lamentou a rejeição” da proposta e declarou que “espera uma reavaliação por parte deles”. Acrescentou, ainda, que os edis contrários “confundiram a população”.

“Eles estão dizendo que são favoráveis, mas não eram favoráveis ao projeto do prefeito. Mas a proposta, eu digo e repito, não é do prefeito, é da cidade”, falou.

Para Manu, o projeto vai além da abertura de um shopping center e de novos loteamentos. Enfatizou que ele foi desenhado como uma renovação do município e que, como tal, precisaria incluir a revisão de “alguns pontos”.

Entre eles, a mudança do tamanho dos terrenos que abrangeria quatro bairros. Na avaliação dele, a redução não geraria nenhuma implicação para os munícipes.

Manu afirmou que a alteração teria sido usada pelos edis da oposição “apenas como argumento para a rejeição”. Conforme ele, os parlamentares entenderam não ser interessante, politicamente, aprovar o projeto. “Eles foram incisivos, votaram sem pudor, mesmo com a população reivindicando”, disse.

O prefeito criticou a falta de explicação por parte dos vereadores contrários à mudança de zoneamento, na sessão de votação do projeto.

Alegou que os edis “não tinham justificativa e que espera uma reflexão por parte deles, até por conta da reação do povo”. “Tenho andado na rua e sido abordado pelas pessoas, chateadas e solidárias conosco, por causa da perda do shopping”.

Além de não aceitar a exposição das razões apresentadas por nove parlamentares em coletiva no dia 15 deste mês (quando divulgaram projeto substitutivo), o prefeito disse que eles tiveram motivação “puramente política”.

“Infelizmente, eu falo a verdade. Já estão antecipando as eleições de 2016. Eu acredito que eles entendam não ser interessante trazer um empreendimento dessa envergadura, desse porte, um ano antes das votações”, afirmou.

Por outro lado, o prefeito não negou que o mesmo argumento possa ser aplicado ao empenho da administração para a vinda dos empreendimentos particulares. Entretanto, ressaltou que essa não teria sido a motivação principal.

“É justo que, se conseguíssemos trazer um empreendimento desse porte, iríamos ter um ganho de capital político natural. Até porque, o prefeito Manu teria viabilizado a vinda de um shop-ping e de uma avenida nova. Isso é o que todos os prefeitos sonharam fazer, prometeram e não fizeram”, afirmou.

Por esse motivo, ele acredita que o posicionamento da maioria da Câmara, na votação do projeto de zoneamento, esteja ligado diretamente a uma “estratégia política”.

De acordo com ele, o município conta, atualmente, com dois grupos políticos: o “estabelecido” e o que “quer entrar”. “E o que quer entrar, o que puder fazer para prejudicar empreendimentos, vai fazer”, declarou.

Como efeito dessa postura de alguns edis, Manu citou o PDE (Plano Diretor Estratégico). Segundo ele, os parlamentares de oposição estariam atrasando a votação do projeto e atravancando a vinda de novas empresas para o município. Atualmente, a lei, entregue ao Legislativo no final do ano passado, está sob avaliação dos vereadores que integram as comissões permanentes do Legislativo.

“Pelo andar da carruagem, eles querem encerrar o mandato e não aprovar. Até para que, se concorrerem futuramente, querem dar as diretrizes de interesse deles. Está claro isso: o embate político de 2016 já começou”, declarou.

O prefeito rebateu as argumentações apresentadas pelos vereadores contrários à proposta, dizendo que elas não se justificam. Voltou a frisar que a mudança de zoneamento não iria causar efeitos negativos, mas, “só positivos”.

Afirmou que, com a alteração, o Executivo teria um “impacto financeiro melhor”, uma vez que o valor dos lotes teria redução.

Também refutou a alegação de que a alteração no tamanho dos terrenos implicaria em aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Segundo ele, o valor do tributo só pode ser alterado com a Planta Genérica de Valores.

Apesar de não ter acompanhado pessoalmente a votação, no dia 15, o prefeito fez questão de tecer comentários sobre ela. Manu acredita que houve “excesso de zelo” por parte da presidência em solicitar a vinda de um pelotão da Força Tática da Polícia Militar, para acompanhar a sessão. Por outro lado, não avaliou como exacerbadas as manobras adotadas pelos vereadores.

“Um projeto que foi tão debatido não seria discutido numa sessão tranquila. Naturalmente, a população vinha acompanhando havia quatro semanas a tramitação. Ela estava cobrando isso havia um bom tempo. E era claro que ia ser uma sessão calorosa, mas não vi motivo do pelotão da PM”, afirmou.

No entendimento do prefeito, a medida preventiva teria sido adotada pelos vereadores contrários por “medo da reação da população”.

Ele acrescentou que os parlamentares que não queriam a mudança do zoneamento preferiram não se pronunciar por “falta de argumentos”. Disse, ainda, que eles “não tinham capacidade técnica para propor um projeto substitutivo” – não votado.

Mesmo considerando a presença da PM um “excesso de zelo”, Manu reconheceu que houve manifestações articuladas na sessão de votação do projeto.

O público chegou a ameaçar invadir o plenário durante o debate. Contudo, o prefeito afirmou que os protestos ficaram a cargo de líderes políticos e comunitários, que “se propuseram a realizá-los espontaneamente”.

O prefeito negou participação da administração na articulação das manifestações. Disse que os participantes decidiram protestar “de livre e espontânea vontade”.

“Muitos que estavam lá participaram das audiências públicas e tinham conhecimento pleno da importância de o projeto ser aprovado”, concluiu.