‘Mamãe Noel’ de Tatuí programa entrega de brinquedos a crianças





Arquivo O Progresso

Circe M. Bastos mostra brinquedos arrecadados que serão doados

 

Voluntária conhecida no bairro Santa Cruz, onde reside, Circe Machado Bastos está atuando em uma segunda ação. Ela trabalha na arrecadação de brinquedos e na preparação de kits a serem doados a 120 crianças carentes.

A iniciativa faz parte da campanha anual promovida pela tatuiana. Todo ano – e há vários deles – Circe se veste de “Mamãe Noel” para fazer mais feliz o Natal de crianças de diversos bairros. O trabalho acontece com apoio de outros voluntários, empresas locais e profissionais liberais.

“Estou arrecadando tudo: brinquedos, doces, embalagens e saquinho plástico”, disse a voluntária. Circe está recebendo as doações desde que encerrou a campanha do Dia das Crianças. No dia 12, ela também distribuiu doces para crianças carentes que residem no Jardim Santa Rita de Cássia.

Segundo ela, os brinquedos são separados conforme o estado (novos ou usados). Os novos seguem para embalo e os usados, para limpeza e higienização.

Uma vez concluído esse trabalho, os voluntários dividem os brinquedos e os doces em kits, sendo carrinho e bola, para meninos, e bonecas, para as meninas.

Apesar de receber ajuda considerável, Circe disse que existem dificuldades na preparação dos kits para meninos. Isso porque a maioria das doações é de bonecas.

A “Mamãe Noel” de Tatuí também aceita doações de roupas, que são, posteriormente, repassadas a crianças dos bairros atendidos pela iniciativa.

Em paralelo, Circe contribuiu com ações de outros voluntários “solitários”. Caso de uma dona de casa que recebeu brinquedos para doar a crianças do CDHU “Orlando Lisboa de Almeida”. “Ela queria fazer um Natal para os vizinhos, que são muito pobres. A gente sempre costuma ajudar, não custa nada”.

Os kits deste ano serão distribuídos a crianças do Santa Rita, San Raphael, Inocoop e vila Juca Menezes. Caso as doações aumentem, Circe pretende contemplar meninos e meninas que residem no bairro Thomas Guedes e Vale da Lua.

“Eu começo ‘varrendo’ toda uma parte da cidade. Vou de carro e, quando acaba a carga, volto para casa para buscar mais”, disse ela, ao explicar como faz a distribuição. O veículo da “Mamãe Noel” tatuiana é cedido por voluntários.

Na maioria das vezes, Circe é acompanhada por uma carreata. Os veículos anunciam, por meio das buzinas, a passagem da mulher vestida de azul e não de vermelho e branco.

“Quanto mais carros, mais ajuda, porque, sozinha, a gente não faz nada”, disse. “Eu falo que os voluntários são as minhas formiguinhas. Temos bastante, mas está aumentando”.

Além do “boca a boca”, Circe disse que a divulgação na mídia ajuda a aumentar as arrecadações. Na campanha do Dia das Crianças, por exemplo, ela contou que recebeu doações após reportagem veiculada em O Progresso.

Circe afirmou, também, que se emocionou com a reação das crianças atendidas no dia 12 de outubro. De acordo com ela, existe uma diferença entre o Dia das Crianças e o Natal. “No primeiro, as meninas e meninos carentes não esperam receber presentes. No Natal, elas já imaginam”, comentou.

Para criar um “clima de mistério”, Circe afirmou que não conversa com as crianças e se veste apenas de azul. “Você sabe que não é vermelho. A cor foi mudada por causa das publicidades de uma marca de refrigerante”, justificou.

As campanhas de Natal são especiais para a voluntária. Ela disse que faz questão de promover as doações porque, como as crianças a quem ajuda, já passou por dificuldades. “É muito emocionante. Depois que termina, eu abro a boca e choro, porque sei que tem muita criança que não tem muita coisa”.

A iniciativa começou há mais de 20 anos e deve se perpetuar por outros tantos a mais, no que depender de Circe. “Não penso em parar. Meus filhos pedem, mas eu digo não. Eu tenho varizes, desgaste no joelho, mas um médico me deu um remédio bom, e eu já estou melhor. Deus está me dando saúde, e vou continuar nem que seja para usar bengala ou andador”, disse a voluntária.

A expectativa dela é de que as doações aumentem ainda mais até o final do ano. Circe entende que a população está “mais solidária” e que, apesar da situação financeira das famílias, o número de crianças sem brinquedos caiu.

“A vida melhorou um pouco. Hoje em dia, a pessoa é pobre, mas pode comprar brinquedo para o filho. Antigamente, era bem mais difícil”, analisou.

A distribuição da campanha de Natal está prevista para o dia 25 de dezembro.