Maestro húngaro rege a Banda Sinfônica

O maestro Laszlo Marosi

O Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” recebe na sexta-feira, 28, às 20h, concerto da Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí regida pelo maestro húngaro Laszlo Marosi, no teatro “Procópio Ferreira”. A apresentação faz parte das atividades do VI Seminário de Regência, que ocorre entre os dias 24 e 29.

O consagrado maestro veio para a cidade como professor convidado e está ministrando aulas, fazendo palestras e participando de ensaios diários, durante o evento específico para alunos e profissionais de regência.

Está não é a primeira vez de Marosi na cidade. Ele contou que, quando veio ao Brasil em 1998, para realizar trabalho com a Banda Sinfônica do Estado, recebeu convite para conhecer Tatuí.

Vindo da Hungria, Marosi reconhece que, naquela época, desconhecia o Conservatório de Tatuí. Depois da visita, porém, afirma ter se dado conta de que é “uma instituição de um alto nível de ensino musical”.

De lá para cá, o maestro veio ao município diversas vezes, a última em 2008. Após esse período em que ficou longe do Conservatório, Marosi afirma ter encontrado bom desenvolvimento na escola.

O maestro ressalta que, desta vez, veio para Tatuí sabendo da real importância do Conservatório e, ainda, que espera dar o melhor de si para contribuir com a entidade.

“Estou muito feliz de estar aqui, porque os alunos são muito bem treinados e selecionados para ter a oportunidade de participar do evento”, declarou Marosi, em coletiva de imprensa, na segunda-feira, 24.

Por ter trabalhado em diversos continentes, o maestro foi questionado sobre possíveis diferenças em ensinar alunos brasileiros e de outros países. Marosi afirmou que, aqui, há um nível excelente de ensino.

“Os estudantes brasileiros são ensinados a desenvolver o lado artístico tão bem quanto o lado técnico. Desta forma, conseguem o equilíbrio muito grande nestes dois aspectos”, observou o maestro.

Conforme Marosi, o Brasil é famoso por ter reputado muito talento musical. Ele citou o samba e o compositor Villa-Lobos como grandes responsáveis pela música brasileira ter reconhecimento mundial.

De acordo com o maestro, no país, existe uma necessidade de comunicação por meio da música, “e o Conservatório de Tatuí contribui com a propagação desta necessidade de forma bem ampla”.

Marosi afirmou que “o que se ensina na educação musical é uma didática estética, de como se tocar bonito um instrumento”. “Quanto mais bonito você toca, mais as pessoas vão gostar e as coisas irão se desenvolver. Felizmente, o Conservatório tem o foco na beleza do som”, destacou.

Marosi revelou que, quando ainda trabalhava na Hungria, perguntava aos alunos quais eram as músicas originais do país e eles respondiam que não existiam.

Diante desse cenário, o maestro realizou pesquisa e produziu um livro com 200 anos de repertório musical do país natal. Atualmente, essa edição é utilizada para ensinar os alunos de universidades na Hungria.

O maestro informou procurar um estudo semelhante no Brasil, mas que, até o momento, ainda não encontrou nada parecido.

“Toda nação sobrevive dentro da própria cultura. Se você não sustenta, neste caso, a própria música, você perde as características do país”, apontou.

“O que é ser brasileiro? Só futebol e café não são suficientes para a cultura que dá as verdadeiras e profundas características de um país. A gente sobrevive da nossa cultura”, completou.

A dificuldade para os regentes na atualidade, de acordo com o maestro, é lidar com a internet. Segundo ele, tudo é muito massificado “e as pessoas se resumem a objetos e atividades relacionadas ao mundo tecnológico”.

“O desafio para nós, profissionais, é atrair o público de volta para o teatro”, declarou. Conforme Marosi, as pessoas que gostam de música frequentam teatro e assistem a atividades culturais. “Elas são intelectuais, e isso não seria bom para o governo, que reage não estimulando a população a buscar a cultura”, comentou.

O maestro tem carreira marcada por importantes orquestras e bandas em todo o mundo. Apresentou-se em grandes salas de concerto, como a Nibelungen Halle (Alemanha), a Ópera Estatal Húngara, o Teatro Libertador (Argentina), a Palau de la Musica (Espanha) e a Sala São Paulo (Brasil).

Conduziu orquestras renomadas, incluindo as Sinfônicas de Matav e Dohnanyi (Hungria), Opereta Symphony do Estado Húngaro, Orquestras Sinfônicas de Guanajuato e Oaxaca (México) e as Sinfônicas Nacionais do Cazaquistão, Honduras e Costa Rica.

Esteve à frente, também, da Banda do Exército Central Húngara, Banda Militar Real da Holanda, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, Orquestra de Sopros do Teatro Libertador de Córdoba (Argentina), Banda da Marinha dos Estados Unidos e Banda da Força Aérea da Europa.

Atualmente, é diretor artístico do Festival Internacional de Bandas de Villa Carlos Paz (Argentina), assessor artístico e regente da Stormworks Europe Publishing e professor em cursos de graduação e pós-graduação da Universidade da Flórida Central.

Proponente da música contemporânea, estreou muitos trabalhos para orquestra e conjuntos de sopro, incluindo numerosas peças de Frigyes Hidas, Kamillo Lendvay, Laszlo Dubrovay, Karel Husa, Guy Woolfenden, obras recentes de Ellen Taaffe Zwilich, Shulamit Ran, Juan Trigos, Christopher Marshall, Nunzio Ortolano, Vincente Moncho e Edson Zampronha, entre outras.