Maestro do CDMCC preside a Wasbe

Dario Sotelo é primeiro representante da América Latina à frente da entidade (foto: AI Conservatório)

Regente e professor do Conservatório de Tatuí, o maestro Dario Sotelo é o primeiro latino-americano a presidir a Wasbe (World Association for Symphonic Bands and Ensembles – Associação Mundial de Conjuntos de Sopros e Bandas Sinfônicas). A posse dele estava programada para ontem, terça-feira, 18, em Utrecht, na Holanda, durante a realização da conferência da entidade.

Sotelo será empossado presidente para o mandato de 2017 até 2019. O músico é regente da Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí. Ele ingressou na Wasbe em 2003 e integrou o conselho da entidade durante seis anos.

Desde 2015, o maestro atua na condição de presidente eleito, já participando da gestão da entidade ao lado do norte-americano William Johnson. Este último músico ficará encarregado de transmitir o cargo, na Holanda.

O novo presidente da Wasbe é também maestro da Orquestra de Cordas Juvenil do Conservatório de Tatuí e atua como professor de regência na instituição.

“Eu não estaria assumindo uma posição como essa sem o Conservatório de Tatuí, onde estou há 34 anos. Não fossem as documentações e encomendas de músicas, a ação da Banda Sinfônica, o trabalho artístico, eu não estaria lá”, comentou.

Por meio da assessoria de Conservatório, o maestro disse estar ciente da dimensão do trabalho que assumirá. “Eu tenho muitos desafios para vencer. O desafio de vencer uma maneira antiga de pensar. Mas me sinto respaldado para isso”.

Na avaliação de Sotelo, a gestão de um de seus representantes trará pelo menos duas consequências benéficas ao Conservatório de Tatuí. A primeira é a visibilidade.

“A partir dessa posição, o mundo inteiro passa a olhar para a instituição de onde você vem. Por isso eu digo que não assumo a presidência sozinho. Assumo com tudo o que trago do Conservatório de Tatuí”, argumentou.

A segunda via positiva diz respeito às novas possibilidades. Sotelo entende que a instituição poderá ser uma das “Casas da Wasbe”, já adiantando um de seus principais projetos.

“São os seminários mundiais da Wasbe. O conselho da entidade é formado por pessoas muito capacitadas artisticamente, de vários lugares do mundo. Então, fazendo conexões com instituições fortes, temos a ideia de que os conselheiros ou pessoas indicadas realizem seminários em várias partes do mundo. A Wasbe teria várias casas”, afirmou.

Pensando na realidade local, o maestro pretende unir uma das edições dos seminários mundiais ao 6º Seminário de Regência do Conservatório de Tatuí, previsto para acontecer no segundo semestre de 2018. Um evento aconteceria logo após o outro, totalizando sete ou oito dias. A quinta edição do seminário em Tatuí, de 15 a 18 de agosto de 2017, já tem mais de 200 inscritos.

Inspiração

Considerado um dos principais do gênero no Brasil, o seminário de regência do Conservatório de Tatuí é inspirado nos objetivos da Wasbe. Criada há 35 anos, na Inglaterra, a associação é o resultado de uma reunião de músicos, maestros, professores e administradores.

Na época, o grupo estabeleceu objetivos que permanecem até o momento. Em síntese, a entidade objetiva a promoção do repertório de sopros sinfônicos e de câmara; divulgação de novos compositores e o resgate de trabalhos passados; e a criação de canais para conectar os agentes envolvidos com a música.

“Já tivemos no Conservatório de Tatuí algumas conferências e encontros internacionais relacionados a bandas e, nelas, eu tomei como base esses grandes objetivos mundiais trazidos pela Wasbe. Especialmente, na Conferência de Cincinnati (Estados Unidos), em 2009, eu norteei várias atividades, inclusive o seminário de regência”, relatou o maestro em nota à imprensa.

O objetivo de promover o trabalho de composição para bandas sinfônicas está no centro das prioridades do novo presidente da Wasbe. Já na condição de eleito, em 2015, Sotelo apresentou a proposta que resultou em um concurso mundial de composição de músicas para sopros. Seis compositores disputarão a grande final, que acontecerá durante a conferência de Utrecht.

Em breve, Sotelo quer iniciar um projeto ligado a compositores já estabelecidos, conectando os trabalhos deles à execução e à indústria. “Haverá uma eleição mundial entre os associados para chegar aos nomes que queremos comemorar a cada ano. Eu penso que seriam dez nomes, para ter uma boa diversidade. Do Brasil, eu apontaria Edmundo Villani-Côrtes”, exemplificou.

Entre as ações desse projeto estão os concertos mundiais da Wasbe, com várias estreias de músicas. “Ao mesmo tempo, trabalharemos com todas as possibilidades de análise do repertório, entrevistas com os compositores e os regentes envolvidos. E a indústria ajudando com promoções, facilitando a colocação desses trabalhos no mercado”, acrescentou o presidente.

Também no intuito de valorizar o compositor, Sotelo buscará dar sequência ao trabalho de encomendas mundiais. Por meio dele, no dia 8 de abril deste ano, a Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí fez apresentação de estreia latino-americana da obra “Korn Symphony”, do compositor inglês Peter Meechan.

“Essa é uma atribuição do presidente eleito (depois de Sotelo, em 2019, assumirá James Ripley, dos Estados Unidos) e que eu pretendo incentivar bastante”, disse.

Brasileiros na Wasbe

A presidência de um brasileiro na Wasbe é vista por Sotelo, também, como uma forma de aproximar a entidade dos profissionais do país. Segundo o maestro, a Suíça possui 114 associados, enquanto que existem apenas cinco brasileiros.

Ele entende que a entidade sempre foi muito acadêmica e que, a partir do momento que as ações da Wasbe ficarem mais próximas e os profissionais começarem a ser alçados a ações de nível mundial, mais brasileiros se envolverão.

“Hoje, a pessoa paga US$ 80 por ano e recebe uma revista. Isso é um formato que era pertinente há 35 anos. A formatação de mundo, hoje, é totalmente diferente. Na minha visão, quem paga anuidade deve ter participação em todos os níveis da Wasbe”, afirmou.