Lar “SVP” suspende a Festa da Caridade

Procissão atrai grande número de fiéis; celebração religiosa dá início a Festa da Caridade a terceira maior fonte de renda da entidade Foto: Arquivo O Progresso)
Da reportagem

O Lar São Vicente de Paulo confirmou na manhã desta quinta-feira, 9, que a Festa da Caridade – que aconteceria no dia 11 de junho, feriado de Corpus Christi – está temporariamente suspensa por conta das determinações do Ministério da Saúde para o enfrentamento à pandemia de coronavírus.

A festa, que acontece todos os anos, reúne cerca de 20 mil visitantes e é a terceira maior fonte de renda da entidade, que atende, atualmente, cerca de 70 internos, entre homens e mulheres.

De acordo com o presidente da entidade, Miguel Nunes Júnior, a festa poderá ser remarcada posteriormente, caso a pandemia se encerre e o Ministério da Saúde autorize a realização de grandes eventos. Contudo, ponderou ainda não ser possível projetar uma nova data.

“Não adianta nos planejarmos para fazer uma festa para ajudar o Lar e acabar ajudando também a proliferar um vírus que ainda não se sabe quando estará controlado. Até termos uma data, a qual não apresente riscos à população e nem aos internos, o evento está temporariamente suspenso”, afirmou.

Nunes ressaltou que a suspensão do evento preocupa a direção da entidade, já que a festa é a terceira maior fonte de renda da instituição, sendo responsável por suprir déficit mensal de, aproximadamente, R$ 25 mil.

“Com a arrecadação do evento, nós fazemos um caixa pelo qual sustentamos o Lar durante o ano todo. Além disso, também recebemos muitas doações, como produtos alimentícios, até prenda do leilão. Às vezes, uma pessoa arremata um boi e doa para a casa, para depois ser vendido. A festa é uma grande geradora de recursos”, destacou Nunes.

Outras fontes são a participação dos assistidos; casas de aluguel e arrendamentos; bazar permanente; Fundo Municipal do Idoso e eventos que garantem a manutenção da instituição. Contudo, todos foram cancelados, até mesmo as atividades do bazar.

“O bazar é uma fonte que nos ajudava muito, mas está suspenso para proteger os voluntários que trabalham nele e o público que frequenta. Todos os comércios estão tomando medidas de precaução, e claro que o Lar também se enquadra nisso. Isso provoca um prejuízo grande, pois o bazar ajuda bastante a nos sustentar”, apontou o presidente.

Para manter as despesas da entidade neste período de crise, Nunes salientou que as comissões internas estão reforçando os pedidos de doação espontânea. A entidade lançou uma campanha para a arrecadação por meio da Nota Fiscal Paulista (reportagem nesta edição) e ainda qualquer tipo de doação, como mantimentos e produtos de higiene.

“Anualmente, é doado o pernil para fazer os lanches para a festa, mas se alguém, mesmo sem o evento, quiser nos doar, ele será consumido pelos internos”.

“Nós continuamos aceitando doações, ainda mais neste momento em que parte do nosso recurso está sendo destinada à prevenção do coronavírus aqui dentro”, acrescentou.

O presidente informou que, desde a primeira notificação de suspeita de Covid-19 em Tatuí, na manhã de segunda-feira, 16 de março, a instituição está tomando uma série de medidas para proteger os internos.

Portadores de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, asma e indivíduos acima de 60 anos são os mais propensos a ter complicações e morrer de Covid-19. Conforme o Ministério da Saúde, eles estão no “grupo de risco” da doença.

Com isso, todas as visitas foram suspensas, assim como as celebrações eucarísticas que eram abertas ao público. Além disso, os funcionários estão tomando todas as medidas de prevenção, com uso de EPIs (equipamentos de proteção individual).

“Estamos nos precavendo da forma mais rigorosa que podemos. Não entra ninguém. Fornecedor chega até a porta, deixa o produto; depois, nós esterilizamos e trazemos para dentro. Estamos seguindo todas as orientações para que não haja contágio dos internos”, disse o presidente.

Segundo Nunes, a maior preocupação da entidade, nos últimos dias, tem sido com a prevenção e bloqueio do vírus. Com isso, foram intensificados todos os cuidados de higienização.

“Estamos investindo mais dinheiro em produtos, como álcool em gel e máscaras aos funcionários, e em mais pontos de higienização, ainda mais cuidadosos. Hoje, os funcionários têm uma roupa própria para ser utilizada aqui dentro”, contou o presidente.

Ele ainda enfatizou que parte do recurso que poderia estar sendo usado na manutenção do asilo ou mesmo em cuidado direto com os assistidos e a alimentação está sendo destinado à prevenção.

“Assim como o país e o mundo, estamos em uma situação de calamidade. Graças a Deus, a casa e os internos estão bem de saúde, mas com um gasto financeiro muito grande”, finalizou.