Impeachment tem apoio de mais votados





Os políticos mais votados em Tatuí nas eleições de 2014 avaliam que a troca de comando do governo federal é a solução para os problemas administrativos e econômicos pelos quais passa o Brasil.

Nesta semana, O Progresso ouviu cinco deles – entre eleitos e não eleitos – que concorreram ao cargo de deputados estaduais e receberam mais votos de eleitores no município.

Os políticos responderam a um total de seis questões elaboradas com base nos últimos acontecimentos e por conta da participação de tatuianos em eventos de âmbito nacional.

No domingo passado, 13, um grupo de tatuianos participou de protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, contra o governo da presidente da República, Dilma Rousseff. O ato mirou o PT (Partido dos Trabalhadores) e a corrupção.

Os manifestantes também expressaram apoio ao juiz Sérgio Fernando Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância. Entre os participantes, esteve o ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo, atual presidente do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) de Tatuí.

Mais votado em 2014 pelo município para cargo na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) – com 56,86% dos votos válidos –, Gonzaga disse achar importante a população ir às movimentações. Ele defendeu que “a presença do povo nas ruas ajuda bastante no processo democrático”.

Também disse que, na política, “há pessoas de bem preocupadas com o coletivo”. “Mas, infelizmente, quando os bons se omitem, os ruins ocupam os espaços”, declarou.

Gonzaga citou que quem foi para as ruas no dia 13 “mostrou indignação com a situação atual, com os malfeitos dos políticos e a corrupção”. “Foi um número expressivo. Vale lembrar que, nos anos 80, também fui às ruas pela redemocratização do país. E o país avançou”, destacou.

Para ele, as manifestações colaboraram para despertar na população “um olhar mais crítico”.

Favorável à abertura do processo de impeachment contra a presidente da República, Gonzaga fez duras críticas ao governo federal e ao PT (Partido dos Trabalhadores).

Referindo-se a Dilma e ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ele disse que ambos “estão mergulhados na corrupção, algo nunca visto antes no Brasil com tanta intensidade e ramificações”.

“A presidente Dilma já não reúne as condições políticas e morais necessárias para continuar no cargo. Não tem apoio no Congresso. O Brasil está parado e sem perspectivas de crescimento. Ninguém investe neste momento. O impeachment é a única solução para o país voltar a andar”, defendeu.

De acordo com o ex-prefeito, os tatuianos sentem os efeitos da crise nacional por conta da estagnação da economia. Gonzaga citou a falta de investimentos, a retração do PIB (produto interno bruto) e a alta da inflação.

Mencionou, também, que as grandes reformas que precisam ser realizadas no país não acontecem porque não há clima político.

Além de participar de manifestações, o ex-prefeito afirmou que procura trabalhar junto ao governador do Estado, Geraldo Alckmin, que é do PSDB, para o envio de recursos necessários a Tatuí. Gonzaga citou que continua atuante por conta da votação que obteve em 2014, de ……………. votos.

Na avaliação do político, a permanência de Dilma no poder será “muito difícil”. Para ele, a situação atual da presidente da República ficou insustentável.

“Chegou a hora de virar a página. Depois disso, é necessário criar novos mecanismos de transparência, que é o grande desafio das administrações, em qualquer esfera, no meu ponto de vista”, afirmou.

“Quando fui prefeito, acabei com o pagamento por cheques na Prefeitura, que, na época, era um canal de corrupção. Novas soluções precisam ser encontradas. Facilitar para que a população e os setores organizados da sociedade tenham acesso aos gastos e custos das contas públicas em tempo real, é um desafio para todos”, concluiu.

Segundo mais votado na cidade para o cargo de deputado estadual, o médico pediatra João de Oliveira disse que os protestos ocorridos em todo o país são positivos e importantes.

“Na verdade, espero que eles se concretizem, porque não vejo outra saída para o país a não ser a mudança no governo”, declarou.

Em 2014, o médico disputou pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), recebendo 2.172 votos (4,1% dos votos válidos). O político classificou a situação atual do país como “caótica” e afirmou que algo precisa ser feito.

Para ele, é necessário haver mudança para que o país não regrida ainda mais. “O Brasil estagnou nesses últimos dois anos, daquilo que estava crescendo em ritmo não acelerado, mas era um crescimento. Se nada mudar, vamos voltar para trás e, depois, para retomar tudo, é muito mais difícil”, comentou o pediatra.

A exemplo dos tatuianos que estiveram na Avenida Paulista, o político disse ser a favor do impeachment da presidente da República. Ele afirmou que a troca de comando do país é necessária para a retomada do crescimento.

“A corrupção está muito grande, o controle do governo já não existe mais. É um salve-se quem puder. E, na verdade, a gangue que se encontra lá em cima é muito grande”, criticou.

“Por muito menos, houve impeachment do Collor (Fernando Collor de Mello, em 29 de dezembro de 1992). Aquele processo foi muito mais rápido, porque não havia muita gente envolvida”, adicionou.

Oliveira disse considerar importante a troca de comando e a criação de mecanismos de combate à corrupção. “Precisamos retirar quem está lá e impedir deturpações”, concluiu.

Eleito com 105.969 votos, o deputado estadual Edson Giriboni (PV) avalia a participação popular em protestos como importante. Conforme ele, esse tipo de iniciativa “desperta um sentimento cívico na população”. Também serve para mostrar o descontentamento do povo com o atual momento político e econômico do país.

Em Tatuí, Giriboni recebeu 2.158 votos, sendo o terceiro mais votado. Ele ressaltou que as manifestações servem para mostrar aos governos (federal, estadual e municipal) “que a população está atenta ao posicionamento dos representantes eleitos” – em especial, aos assuntos relacionados “ao comportamento ético”.

Para ele, a situação do governo federal exige mudanças. “Tendo em vista aos últimos acontecimentos, não vejo outra opção para o país sair dessa estagnação”, declarou, ao responder se era a favor ou contra o impeachment.

O parlamentar afirmou que o aumento do desemprego e da inflação são sentidos no comércio de todo o país. Em âmbito local, eles afetam, também, a produção industrial e ocasionam menor repasse de arrecadação de impostos.

“O mais importante é a criação de mecanismos que combatam a corrupção”, disse ele, ao analisar qual seria a medida mais importante para o país (troca de governo ou ações de prevenções a fraudes). Para Giriboni, o impeachment deve ser uma “consequência das ações de combate à corrupção”.

Auro de Jesus Soares Coelho, que obteve 1.073 votos em Tatuí em 2014, pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), analisou a ida do povo para as ruas como uma resposta da sociedade aos governantes.

“A população está exausta de ver tanta corrupção que assola o país e saiu às ruas. Estamos num país democrático, onde todos têm a liberdade de expressão”, iniciou.

Para ele, a participação popular tem se refletido não só na mudança de comportamento por parte dos políticos, mas do Judiciário. Auro de Jesus citou, como exemplo, a divulgação de conversas telefônicas entre Dilma e Lula.

“Ninguém aguenta mais tamanha corrupção. O povo tem a voz maior, os brasileiros têm sede de Justiça. Isso mostra a força da população contra um governo totalmente sem controle, onde uma crise econômica invade o país”, declarou.

O político avaliou que a insatisfação do povo deve-se ao “abalo na economia”, à paralisação dos investimentos e aos cortes que atingiram as áreas sociais. “Gera insegurança, gera instabilidade, um clima desconfortável em todos os aspectos. Resumindo há uma revolta geral”, disse.

Por conta d esses fatores, Auro de Jesus afirmou ser a favor da saída de Dilma da presidência. Conforme ele, apesar de ela ter sido eleita democraticamente, “as ações não coerentes deixaram a população indignada e perplexa”. “Ela abusou do maior cargo que um cidadão comum pode atingir”, apontou.

Eleito para mandato de quatro anos, com apoio dos tatuianos, o deputado Carlos Cezar, do PSB (Partido Socialista Brasileiro), avaliou que os brasileiros estão vivendo “um momento histórico”.

O parlamentar recebeu 986 votos em Tatuí e avaliou a manifestação do dia 13 como “a maior em número de participantes da história do país”. “Um fato de tamanha comoção, proporcional ao sentimento de indignação com o momento que atravessamos na nossa política e economia”, observou.

O deputado afirmou que, apesar da menção de que existem “dois lados”, há somente um: “o do povo”. Ele citou que, “nessa guerra, não existem vencedores e perdedores”. “Todos nós queremos um país justo e com oportunidades iguais para todos. Isso é consenso geral, ou, pelo menos, deveria ser”.

O parlamentar sustentou que, como deputado estadual, zela pelos assuntos específicos ao Estado de São Paulo. Por esse motivo, não tem competência para discutir assunto federal, cujo âmbito tem “como atores a Polícia Federal (investigando os possíveis crimes), a Promotoria (denunciando) e a Justiça Federal (julgando)”.

Ele explicou que, no caso do Legislativo, a Câmara Federal e o Senado são os órgãos que possuem a responsabilidade de avaliar o processo de impeachment.

“Se fosse deputado federal ou senador, com certeza, estaria ao lado do povo, junto aos parlamentares que votarão a favor do impeachment, por entender que, independentemente do que as investigações ainda possam mostrar, o que já foi provado até o momento é suficiente pra mostrar a falta de credibilidade e competência do atual governo”, afirmou.

Carlos Cezar adicionou, ainda, que se considera “mais um dos mais de 90% da população que avaliam com insatisfação o mandato da presidente Dilma Rousseff”.

“Não queremos apenas o fim deste governo incompetente em suas decisões administrativas, mas também dar um basta na corrupção. É claro que ela não é exclusividade de um partido, mas é preciso uma ação rígida, até para que fique como exemplo para todos que almejam um futuro na política”, emendou.

Além de manifestações contrárias, os tatuianos também apoiaram a presidente e o ex-presidente da República, na sexta-feira, 18. Um grupo esteve em São Paulo em apoio ao movimento articulado pelo Partido dos Trabalhadores. Na caravana, estavam militantes com roupas vermelhas.