Hospital usará sol como fonte de energia





Cristiano Mota

Recepção de hospital será reestruturada com recurso de R$ 300 mil liberado a partir de parlamentares

 

Painéis formados por células fotovoltaicas que transformam a energia solar em elétrica ou mecânica. É esta a tecnologia que a Santa Casa utilizará para alimentação de cem pontos de consumo.

O projeto é fruto de renegociação de débito do hospital com a Elektro, concessionária com 2,4 milhões de clientes em 223 cidades do Estado de São Paulo e cinco do Mato Grosso do Sul. Ele está previsto em programa de economia de energia viabilizado pela empresa e que abrange prédios públicos e filantrópicos.

O hospital receberá, da concessionária, equipamentos para captação de energia solar. Eles alimentarão 80 chuveiros (que resultam em 280 banhos por mês) e 20 torneiras aquecidas, visando à redução do consumo.

Com isso, a Santa Casa deve ganhar “mais fôlego” para quitar as prestações de renegociações com a empresa e fornecedores de água, serviços e medicamentos.

Conforme a provedora Nanete Walti de Lima, a instalação dos equipamentos ficará por conta da concessionária. A empresa também cederá os painéis e todo o aparato necessário para a captação e transformação da energia solar.

Em balanço divulgado a um mês do fim do ano, Nanete disse que a provedoria está com ações engatilhadas e em andamento. Elencadas em documento pelo tesoureiro do hospital, João Prior, elas contemplam investimentos a partir de colaboração de pessoas físicas, empresas e políticos.

No decorrer do ano, Nanete divulgou que a Santa Casa recebeu cinco caixas com instrumental cirúrgico completo. “Na última reunião que tive com os médicos, eles me disseram que elas já tinham uns 40 anos de uso”, comentou.

Doados pela Casa Publicadora Brasileira, os equipamentos servirão a “vários tipos de cirurgias”.

Também por meio de doação, o hospital recebeu cinco condicionadores de ar.

Os aparelhos já estão funcionando em salas do centro cirúrgico, sendo entregues pelo Sítio do Carroção. “Foi uma renovação. Um médico chegou a passar mal durante cirurgia porque o ar estava ruim e muito fraco”, disse Nanete.

Em setembro, a Santa Casa teve a frota de veículos aumentada, com a vinda de uma ambulância Renault, modelo Cargo. Entregue no dia 18 daquele mês, o veículo é proveniente de emenda parlamentar apresentada pelo deputado estadual Salim Curiati (PP-SP), ao Orçamento geral do Estado.

A viatura é fruto de pedido do diretor administrativo do hospital e vereador Antonio Marcos de Abreu, também do Partido Progressista.

Como investimento feito a partir de doação, a provedoria equipou a maternidade “Maria Odete Campos Azevedo” com cinco novas isolettes (espécies de incubadoras móveis), destinadas ao atendimento de recém-nascidos prematuros.

“São carrinhos que mantêm o bebê aquecido e nos quais os prematuros precisam ficar até que tenham ganho de peso”, descreveu a provedora. Conforme ela, o hospital adquiriu os equipamentos também por meio de emenda parlamentar.

Até então, a contabilidade da Santa Casa tinha gastos excessivos com os equipamentos antigos porque eles exigiam manutenção constante. “Era uma tristeza: a gente consertava e já estragava. Hoje, estamos contentes”, comentou.

Como novos investimentos, o hospital anuncia a chegada de outra máquina de hemodiálise. O equipamento está sendo instalado no isolamento da UTI (unidade de terapia intensiva) e, como o que já está funcionando, será destinado a pacientes que estejam internados e que venham a ser acometidos por problemas renais durante o tratamento por conta da medicação.

“Estamos instalando mais uma máquina completa, que vem com a osmose reversa (parte integrante do equipamento que faz a filtragem do sangue e substitui o rim). Agora, teremos uma na UTI e outra no isolamento da UTI”, informou.

A novidade é considerada necessária e um avanço pela direção do hospital. O equipamento é cedido pela Nefrolins, empresa de Lins que estuda a criação de um centro de hemodiálise no município, a partir de apoio da Prefeitura.

Já na semana que vem, o hospital deve colocar em funcionamento um novo aparelho de raios X. A remoção do atual estava prevista para a sexta-feira, 14, com a chegada do equipamento adquirido recentemente.

Antes de instalar a nova máquina, a Santa Casa fará adequações estruturais. Em especial, ajustará o nivelamento do chão. Também promoverá a pintura do ambiente.

O equipamento antigo será acomodado em outra sala e poderá continuar a ser utilizado. Com a aquisição, a Santa Casa passa a ter quatro aparelhos de raios X.

São dois fixos (sendo um novo e outro a ser utilizado em outra sala) e dois móveis. Desses, um atende exclusivamente à UTI e o outro, a todo o hospital.

A provedora afirmou que a diretoria optou por deixar um equipamento móvel funcionando de maneira “fixa” (permanente) na UTI, para evitar desgaste.

“Tirar ele de lá para levar a outro local que esteja precisando, quando um paciente está acamado, por exemplo, pode acabar estragando o equipamento. Por isso, vamos deixá-lo fixo”, disse Nanete.

Outra novidade anunciada pela provedora é a compra de um novo carrinho de anestesia. A equipe do hospital precisou “aposentar” o antigo – utilizado no centro cirúrgico – pelo “tempo de uso”. O espaço também será renovado, a exemplo da clínica médica, que passou por ampliação.

A diretoria optou por retirar uma das partes para deixar a clínica médica maior. Também procedeu a pintura das paredes, das portas, das camas e dos armários.

“Tudo teve de ser feito com tinta automotiva, porque nós utilizamos produtos muito fortes de limpeza e isso acaba estragando a pintura”, explicou a provedora. Segundo ela, a reforma aconteceu a partir de ajuda de políticos e da comunidade. “O povo de Tatuí continua nos ajudando muito”, disse.

A Santa Casa também providenciou a reforma do berçário, com alargamento da porta de entrada. A mudança era necessária uma vez que as novas isolettes eram grandes demais para o padrão atual e não poderiam passar pelo local.

Por meio de mais recurso parlamentar, a direção do hospital adquiriu três monitores pulmonares para a UTI – que devem chegar dentro dos próximos dias – e, com apoio de indústrias, clubes de serviços e entidades religiosas, iniciou trabalho de troca do enxoval, dos campos cirúrgicos e a uniformização de equipes.

Já trabalham uniformizados funcionários da cozinha, limpeza e lavanderia. A equipe que atua na portaria também ganhará uniformes, que estão sendo bordados.

Os profissionais da internação e as enfermeiras serão os próximos a serem atendidos pelo projeto. A intenção é facilitar a identificação dos profissionais e determinar o acesso de cada um deles aos respectivos setores.

Funcionárias da cozinha devem ganhar novos refrigeradores como complemento à ação de renovação dos equipamentos de trabalho. O projeto começou a “vigorar” a partir da aquisição de um fogão industrial de dez bocas, de inox.

A compra foi efetivada com recursos obtidos pelo hospital por meio da NFP (Nota Fiscal Paulista). A Santa Casa recebe percentuais de impostos devolvidos pelo governo do Estado a partir de compras efetivadas por colaboradores.

“Duas vezes no ano, em abril e outubro, nós conseguimos resgatar a nota e investimos tudo no hospital. Nós não pagamos dívidas”, disse Nanete.

O resgate em outubro permitiu a compra do equipamento, de cinco novos computadores e impressoras e de um vacuômetro. Este último, utilizado na verificação do vácuo das bombas de sucção.

“O fogão era um sonho da nossa nutricionista e mais fácil de limpar”, afirmou a provedora. Conforme ela, o equipamento teve de ser fabricado “sob medida”. “Não achávamos. Tivemos de mandar fabricar, e levou meses para que ele chegasse, mas chegou”, comemorou Nanete.

Por melhorar as condições de trabalho, a provedora disse que o equipamento contribuiu, também, como estímulo para a equipe da cozinha do hospital. “Quando o patrão dá condições, o funcionário trabalha mais contente”.

Seguindo essa linha, a direção investiu na aquisição de novos equipamentos para a lavanderia. Nos próximos dias, o setor receberá uma máquina de lavar, uma centrífuga, uma secadora e uma calandra (usada para passar e pré-esterilizar roupas). “Vamos ficar com uma lavanderia praticamente nova”, comentou Nanete.

De acordo com ela, os equipamentos garantirão “tranquilidade” para os funcionários e para a provedoria. “Constantemente, nós tínhamos de ficar chamando técnicos para consertá-los. Isso, quando não precisávamos recorrer a hospitais de outras cidades para que nossas roupas fossem lavadas”, relatou.

O hospital já quitou 40% dos equipamentos. Os 60% restantes devem ser pagos para a empresa que vendeu as máquinas quando elas forem recebidas pela direção.

Para manter os equipamentos em uso – e cumprir com os demais compromissos –, a diretoria também reformulou o contrato de prestação de serviços com a Unimed. Nanete disse, ainda, que não definiu quais atendimentos serão mantidos a partir da inauguração do hospital da cooperativa.

“Não vão sair todos. Pelo que eu saiba, eles (a Unimed) não têm UTI e nem maternidade. No mais, também é preciso verificar se o centro cirúrgico deles terá capacidade para atender a todas as cirurgias, que são muitas”, comentou.

Novas ações

Para os próximos meses, estão previstas a reforma da recepção do hospital, da sala de raios X, do lactário, da farmácia e a implantação de dois leitos de UTI neonatal.

Os espaços serão readequados a partir de duas verbas, sendo uma no valor de R$ 300 mil (recepção) e outra de R$ 250 mil (a ser aplicada nos demais locais).

Na recepção, a ideia é reconstruir o telhado e retirar pelo menos duas colunas de sustentação que dificultam a passagem dos funcionários, dos pacientes e a divisão dos atendimentos. A diretoria também prevê, para o local, banheiro à equipe da internação e uma sala para acomodação de assistente social.

O setor do raios X terá nova entrada, de forma a permitir que quem sai do Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto” possa ser atendido no mesmo local.

Até o momento, os pacientes que precisam do exame têm de fazer um retorno para entrar no hospital e se dirigirem até o espaço no qual fica o aparelho.

Já a farmácia será “unificada”. Nanete explicou que ela funciona em “diferentes espaços” do hospital. No mesmo “embalo”, a provedoria deve reformar o refeitório e criar uma “sala de conforto”, com televisão e sofá para os funcionários.

A intenção é que, após as refeições, eles tenham um local para lazer até o retorno ao serviço. A sala deve contar com bebedouro e pias.

Conforme a provedora, as duas verbas para a realização dos projetos já “estão empenhadas”. “São dois deputados que destinaram o dinheiro”, contou ela. A Santa Casa aguarda somente a liberação para poder iniciar os projetos.

O hospital também mantém dois planos, sendo o primeiro a reforma de equipamentos do centro cirúrgico e o segundo, a implantação de dois leitos de UTI neonatal.

Esta última proposta está a cargo da Secretaria Municipal da Saúde, que deve concluí-la e encaminhá-la ao governo federal, para aprovação.

Dentro do projeto de economia de luz, o hospital pretende reduzir os custos com ajuda da Elektro também no que diz respeito ao uso de lâmpadas. A Santa Casa deve rever a situação das atuais e realizar a troca por mais econômicas.

Com isso, a provedoria espera redução significativa na conta. “Além de tudo, vamos ajudar a evitar problemas que possam originar desabastecimento. Todo mundo tem medo de apagão, e nós, dentro do projeto que está sendo desenvolvido pela empresa, vamos colaborar”, ressaltou.

Mesmo com dificuldades financeiras, Nanete disse que a atual administração vem obtendo “muitos ganhos”. A provedora destacou que a Santa Casa continua a receber subvenções e recursos porque está em dia com todas as obrigações.

O reparcelamento e o pagamento garantem ao hospital as CNDs (certidões negativas de débito), que permitem obtenção de repasses.

“Fazendo um balanço geral, temos muita coisa que soma e não que subtrai. Agradeço ao povo de Tatuí e, em geral, a todas as pessoas que, de alguma forma, colaboraram para a manutenção desse trabalho que serve a todos”, concluiu.

Arrecadações no Finados

Além das ações internas, a Santa Casa está intensificando as “externas” de modo a aumentar a arrecadação e dar continuidade ao processo de modernização do complexo de prédios que formam o hospital. Entre elas, está a campanha de arrecadação no dia 1º e 2 de novembro, por conta do dia de Finados.

Realizada na frente do cemitério Cristo Rei, na avenida Cônego João Clímaco de Camargo (Mangueiras), a iniciativa resultou na arrecadação de R$ 2.100. O valor foi obtido por voluntários que permaneceram na frente do campo santo com urnas nas quais a população pôde depositar suas doações.

Conforme informou a diretoria, o recurso será empregado na compra de 20 conjuntos de nebulizadores hospitalares, dois esfigmomanômetro (aparelho de pressão completo) e um estetoscópio. Eles serão aplicados no atendimento de todos os usuários, dentre os quais, pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).

De acordo com a enfermeira responsável técnica do hospital, Sueli Aparecida Nunes, ações como essas “fortalecem a entidade”. Também encorajam a equipe a “continuar oferecendo atendimento digno à população”.

“Devido à rotatividade de materiais, medicamentos, entre outros, dentro de um ambiente hospitalar, faz-se necessário contar com o apoio da população”, afirmou.

Ao todo, 26 funcionários do hospital atuaram como colaboradores da iniciativa.